Como abrir um escritório de Arquitetura e Urbanismo

Planejamento e visão empreendedora são os quesitos fundamentais para quem pretende ser bem-sucedido. Entretanto, empreendedorismo exige uma boa dose de autoconhecimento. "Empresário de sucesso é aquele que sabe dimensionar corretamente sua receita para o tipo de vida que vai lhe trazer felicidade", afirma José Eduardo Tibiriçá, vice-presidente de relações político-institucionais da AsBEA. Por isso, é necessário estar atento às suas reais capacidades e limites, além de seguir alguns passos básicos para evitar problemas na hora de montar seu próprio escritório.

Contrate um contador
Para decidir se deve abrir empresa ou trabalhar como autônomo, quanto isso custará, quais impostos a pagar e as obrigações fiscais que terá de cumprir, não tenha dúvida: procure um contabilista (contador ou técnico contábil) experiente. Decisões erradas por falta de informação nesses assuntos costumam custar muito mais caro do que consultar um profissional. "O Brasil tem uma legislação tributária muito complexa. Esse profissional poderá auxiliar na coleta de informações do seu plano de negócios, bem como no trâmite de abertura da empresa, se for essa a melhor opção", explica Fernanda Zannoni, contadora, especialista em gestão e marketing e consultora de gestão e planejamento da AsBEA.

Autônomo
Para obter a inscrição e número de registro de autônomo, é preciso levar CPF, RG, comprovante de residência, cópia do IPTU e do documento de registro profissional para obter o CCM (Cadastro de Contribuinte Mobiliário) na prefeitura do seu município. O prazo para obtenção do registro costuma ser de até 15 dias.

Quais impostos se paga como autônomo
De acordo com Sandra Regina Bruno Fiorentini, consultora jurídica do Sebrae-SP, o profissional autônomo passará a ser contribuinte do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) e também do INSS (Imposto Nacional de Seguridade Social). A tributação do imposto de renda será de acordo com a tabela progressiva de pessoa física, que pode chegar a 27,5%, sem computar o ISS e o INSS.

Quando abrir uma empresa
O mercado de trabalho imporá ou não essa condição, mas em geral, acima de um determinado volume de faturamento (normalmente mais de cinco mil reais), pode ser mais barato, em termos de impostos, trabalhar como empresa do que como autônomo. Comparada à atividade de autônomo, há algumas vantagens na contratação dos serviços prestados por uma empresa de arquitetura: os contratantes evitam riscos de vínculo empregatício, há maior segurança jurídica nos contratos celebrados e a contratação costuma custar menos visto que, ao contratar um autônomo, só de encargos sociais a empresa paga 20% adicionais à Previdência Social.

Quando contratar um advogado
Contar com os serviços de um advogado de confiança ou bem recomendado pode ser uma boa alternativa, especialmente se a opção for por abrir uma empresa. Esse profissional pode auxiliar nas várias etapas do processo, desde a elaboração do contrato social, contratos de honorários e relações trabalhistas.

Sociedade Simples
Se optar pela abertura de uma empresa, o ideal é abri-la em sociedade com outros profissionais da mesma área para obter vantagens tributárias. Mas é preciso estar atento antes de estabelecer parcerias. "Os sócios devem ter visões e capacidades complementares", lembra o arquiteto Dante Della Manna. O instrumento para abertura de uma empresa se chama Contrato Social. Nele constam todas as regras de funcionamento da firma entre os sócios e perante terceiros. Segundo Fernanda Zannoni, a empresa de arquitetura nasce com a confecção desse instrumento e seu posterior registro no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas da cidade em que estiver estabelecido. Para formalização do registro, será necessário também encaminhar os documentos pessoais de todos os sócios, como CPF, RG, comprovante de residência, documento de registro profissional, além do comprovante de endereço.

Registros
De posse do contrato de constituição da sociedade, o segundo passo é registrá-lo no CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). De acordo com Martelene Carvalhaes, sócia da MLF Consultoria, a sociedade também deve ser registrada na prefeitura do município onde se situa a sede da empresa. O último passo é registrá-lo no CAU/UF (Conselho de Arquitetura e Urbanismo/UF) e verificar se o alvará de localização e funcionamento está regularizado. Mais detalhes: www.receita.fazenda.gov.br.

Quanto custa abrir uma empresa
Em geral, os custos de abertura de uma empresa dependem da assessoria contábil ou jurídica a ser contratada. O arquiteto pode fazer tudo sozinho – ciente de que opções inadequadas podem implicar altos custos. Em geral, o valor do processo de abertura da empresa oscila entre um e dois salários mínimos nacionais (valor vigente: 724 reais) mais as taxas de inscrição da empresa no CAU/UF.

Impostos
A carga tributária sobre o faturamento de uma empresa de serviços optante pelo lucro presumido, a opção mais comum, é de 11,33% sobre cada nota emitida mais o ISSQN, um imposto municipal que varia de acordo com o município (o valor do ISSQN normalmente está disponível no site das prefeituras). Deve ser considerado também como custo tributário a ser somado nessa carga a CPMF (0,38%).

Infra-estrutura
Como a maioria dos atendimentos é feita na própria empresa, vale a pena investir em um espaço claro e organizado para causar uma boa impressão no cliente. Além de mesas, cadeiras, telefones e acesso à internet, é preciso investir em computadores com sistema operacional e pacote Office básico instalado, o que custará em torno de dois e três mil reais cada. Já um aplicativo de arquitetura legalizado, dependendo da marca (os mais usados são o ArquiCAD, Arcon, Autocad e Vector), varia de 1,2 mil a oito mil reais.

Investimento mínimo
Dependendo das escolhas, o investimento mínimo pode variar entre seis e 15 mil reais, sem considerar o capital de giro necessário para suportar os custos operacionais por pelo menos seis meses, que é, de acordo com Fernanda Zanoni, o período mínimo de segurança recomendado no início das atividades de capital de giro.

Dimensão correta
Na hora de investir na montagem do escritório, é preciso avaliar corretamente as necessidades. Qualquer superdimensionamento será desperdício ou poderá funcionar como "antimarketing". Um arquiteto que pretende prestar serviços para clientes de poder aquisitivo médio, por exemplo, não precisará de instalações luxuosas. "Caso contrário, poderia provocar uma percepção de honorários muito caros, espantando-o em vez de atraí-lo", completa a consultora da AsBEA.

Tempo de retorno
O volume de investimentos inicial depende do tamanho da empresa e do tipo de serviços a serem prestados. "O importante é considerar o prazo de retorno do investimento, que deve ser obtido pelo lucro líquido decorrente das operações realizadas", observa Ricardo Curado, consultor financeiro do Sebrae-SP. O lucro líquido é obtido pela subtração das despesas para manter e prestar o serviço do total da receita. O tempo de retorno do investimento está relacionado ao número de meses necessários para a recuperação total do valor investido. Quanto mais rápido, mais interessante será o negócio.

Capital de giro
Para saber qual será o gasto por mês antes de entrar receita, quanto terá de ter em reservas para começar o negócio, qual o faturamento mínimo para zerar as contas e começar a ter lucro e em quanto tempo isso será possível é necessário levar em conta o tipo de estrutura, o salário do titular (valor do pró-labore estipulado como remuneração fixa e que deve ser calculado independentemente dos lucros) e os gastos com aluguel, telefone, luz, água, salários e encargos. "É impossível dimensionar genericamente, mas o total desses gastos multiplicado por seis meses é o mínimo de capital de giro recomendável", alerta Fernanda.

Funcionários
Caso seja necessária a contratação de uma secretária ou de outros funcionários, os custos operacionais serão maiores. Em todos os casos – como autônomo, sociedade simples ou sociedade empresária – os funcionários devem ser registrados de acordo com a CLT.

Associação a entidades de classe
As entidades de classe e sindicatos relacionados à área de atuação existem para defender os interesses da arquitetura e apoiar os profissionais que representam. "Associar-se a uma entidade é uma maneira eficiente de obter informações privilegiadas sobre o mercado de trabalho", lembra Ronaldo Rezende, presidente da AsBEA.

Profissionalização
Uma dica importante: é necessário evoluir constantemente para sobreviver. No atual contexto de mercado, cada vez mais competitivo, quem não se profissionaliza tem poucas chances. E isso se aplica a qualquer tipo de negócio, inclusive para escritórios de arquitetura. "Seria como uma repetição, no mundo dos negócios, da 'teoria de evolução' de Charles Darwin: os que não se adaptam são eliminados pelos predadores", ressalta Fernanda Zannoni.

Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/163/artigo63520-1.aspx

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