Treinamento REVIT ARCHITECTURE 2012.
Sérgio Magalhães: “Precisamos de cidades compactas”
O arquiteto diz que o projeto olímpico do Rio de Janeiro tem uma concepção errada de crescimento urbano
ÉPOCA – O senhor faz críticas às intervenções urbanísticas feitas no Rio de Janeiro para preparar a cidade para a Olimpíada de 2016. Quais são os problemas do projeto olímpico?
Sérgio Magalhães – O projeto estimula a baixa densidade urbana. O que aconteceu no Rio? Depois de deixar de ser capital federal, a cidade cresceu três vezes em área ocupada, enquanto a população nem chegou a dobrar. Isso aconteceu em todas as cidades brasileiras, em benefício do automóvel e do ônibus. Com o fim do sistema de transporte coletivo urbano por trilhos, por trens e bondes, as cidades se expandiram porque deixaram de se organizar ao redor das linhas. Os pneus entram em qualquer lugar. Com trens e bondes, isso é mais difícil. Agora a população das cidades brasileiras tende a estabilizar. Quanto mais nos expandirmos, mais difícil será manter a qualidade de vida. As pessoas, porém, ainda estão no oba-oba do crescimento infinito. As cidades não podem se esticar infinitamente. Não temos recursos infinitos.
ÉPOCA – O que poderia ter sido planejado de forma diferente?
Magalhães – Defendi a concentração da maior parte possível dos equipamentos olímpicos no Porto do Rio. Lá, caberia tudo. Quando a candidatura do Rio foi apresentada, não havia um entendimento entre as esferas municipal, estadual e federal que possibilitaria usar aquele espaço. Nas circunstâncias, não havia essa opção. Depois que virou uma possibilidade, o certo seria levar as coisas para lá. (A maior parte das instalações olímpicas no Rio ficará longe do centro da cidade – na Zona Norte ou na Barra da Tijuca.) Para a
Olimpíada, uma grande intervenção necessária é despoluir a Baía de Guanabara. Essa medida pode mudar um destino que parece inexorável para o Rio: a expansão em direção ao subúrbio e à Zona Oeste. A baía articula a região metropolitana.
ÉPOCA – A alta densidade costuma ser associada à má qualidade de vida, poluição, engarrafamentos e outros problemas urbanos. Por que o senhor a defende como algo bom para a cidade?
Magalhães – Densidade não quer dizer edifício alto, espigão. Quer dizer mais gente num território onde os serviços públicos são viáveis. Paris é uma cidade muito densa, mas não tem prédios altos. No Rio, os quarteirões entre Ipanema e Lagoa, com prédios de cinco andares, têm alta densidade, mas alta qualidade de vida. Precisamos de cidades compactas. Assim, você cria espaços de convívio, com serviços de mais qualidade. Serviço público custa muito. Com as pessoas espalhadas, é mais difícil atendê-las. Na prática, só se atende quem tem mais poder, as áreas mais ricas. Tome o exemplo da Barra da Tijuca, no Rio, que tem baixíssima densidade.
ÉPOCA – Para a Olimpíada, o Rio está construindo os Bus Rapid Tranportation (BRTs), corredores de ônibus, com estações, apelidados de “metrô sobre rodas”. O que o senhor acha desse projeto?
Magalhães – Os BRTs são um dos modos possíveis de transporte coletivo. A Colômbia tem usado. Em Curitiba, caso mais notório no Brasil, é uma experiência bem-sucedida. Lá, os trechos mais importantes agora virarão metrô. O importante para os BRTs, como transporte de massa, é passar onde as pessoas estão – por mais óbvio que isso pareça. A Transcarioca (que ligará a Barra da Tijuca ao Aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador) é boa. A Transoeste (que ligará os bairros de Campo Grande e Santa Cruz, na Zona Oeste, à Barra da Tijuca) nem tanto, porque passa por áreas vazias e desertas e pode estimular a ocupação de baixa densidade.
ÉPOCA – A zona portuária do Rio é uma região vazia e deteriorada no centro da cidade, um problema que ocorre em outras grandes cidades brasileiras. Como enfrentá-lo?
Magalhães – Na zona portuária há inúmeros prédios gigantescos desocupados. São áreas públicas ou de irmandades religiosas, de quando o Rio era capital federal. Há também uma infinidade de pequenos imóveis abandonados. Um imóvel abandonado deteriora a vizinhança. É uma contaminação, uma doença. Ele acaba com seu entorno. Se forem vários, pior ainda. É preciso reocupar os centros das cidades. Para que um lugar tenha vida, é preciso que algo funcione quando o comércio e os serviços são interrompidos. É a habitação que faz isso.
Magalhães – É a necessidade de tornar a cidade disponível para toda a população. O Brasil cresceu nas últimas décadas fazendo a cidade subsidiar seu desenvolvimento, mas nunca a tratou de forma central. Os capitais investidos em moradia foram canalizados para a indústria. Houve crescimento demográfico sem políticas de habitação. Em nome da indústria automobilística, o sistema de transporte sobre trilhos, com bondes e trens urbanos, foi desconstruído. Também veio o estímulo, nos anos 1960, ao agronegócio – mas com uma legislação trabalhista que acabou expulsando as pessoas do campo. Elas foram recebidas na cidade sem políticas de habitação, transporte e saneamento. Essas pessoas tiveram de ocupar a cidade da forma mais predatória, a ocupação de baixa densidade, em locais sem infraestrutura, criando enormes periferias. Mesmo assim, a cidade é vista como o lugar do futuro pelas pessoas. No século XXI, o desenvolvimento é pautado pelo conhecimento, pela educação, pelas invenções e pela criatividade. Tudo isso pressupõe uma vida urbana. É a cidade que dá condições para o conhecimento florescer. Para isso, precisamos democratizar nossas cidades, conquistando transporte adequado, superando nosso enorme passivo ambiental.
ÉPOCA – Que intervenção o senhor faria nas cidades brasileiras?
Magalhães – Como medida urgente, melhoraria o transporte, claro. É desumano o que as pessoas passam. Aqui no Rio, os trens poderiam ser transformados em metrô sem que seja necessário criar novas linhas. Por um preço mais barato, sem novos corredores. Os trens atendem 70% da zona metropolitana. Outro ponto seria conter a expansão da cidade. A cidade sem densidade é inviável.
ÉPOCA – Como o senhor avalia o programa do governo federal Minha Casa Minha Vida?
Magalhães – É arcaico. Em vez das famílias, o governo e as empreiteiras decidem o que fazer, onde e em que condições. As famílias deveriam ter autonomia para escolher onde e como morar – contando com financiamento. Hoje, o morador tem de aceitar o que é oferecido. Do ponto de vista urbanístico, o que é oferecido é muito antigo. São grandes conjuntos residenciais em lugares muito distantes, sem infraestrutura, o que faz a cidade perder qualidade. É importante existir financiamento e participação do governo. Mas hoje é considerado que os recursos são um favor do governo para a família. Está errado. As pessoas vivem e vendem sua força de trabalho na cidade, gastando muito dinheiro com moradia. No mundo desenvolvido, o cidadão não precisa de um novo programa de financiamento para comprar uma casa. Quando quiser, sabe que o dinheiro estará disponível: para comprar, construir, fazer o que quiser.
ÉPOCA – Como o senhor vê os novos edifícios construídos no Brasil?
Magalhães – Não gosto quando a construção tem muita autonomia. Ela só faz sentido se você olhar sua relação com o espaço público, como cada edifício se encadeia na proposta de melhorar a cidade. Essa onda de condomínios fechados é um atraso de vida. Admito que haja formas de ocupação diferentes – mas acho ruim. Eles degradam o espaço público, diminuem as áreas de encontro entre as pessoas. Muitos edifícios não estão atentos para isso. A legislação impõe parâmetros ruins, em desacordo com a qualidade de vida. Quando um prédio é obrigado a colocar nos primeiros andares a garagem, a moradia é afastada da rua. E isso cria uma vizinhança ruim. O olhar das pessoas sobre a rua – e da rua sobre elas – desaparece. O papel do edifício é ajudar o coletivo.
Fonte: ÉPOCA
http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/08/sergio-magalhaes-precisamos-de-cidades-compactas.html
6º Fórum Urbano Mundial discute “O Futuro Urbano”
Os tópicos estão distribuídos em quatro pontos principais de discussão: Planejamento Urbano, Melhorando a Qualidade de Vida, Equidade e Prosperidade e Cidades Produtivas. Além dos diversos eventos oferecidos, o UN-HABITAT premiará trabalhos na área de habitação e fornecimento de assentamento humano – a comemoração ocorrerá na cerimônia de encerramento do evento, dia 6 de setembro.
Ocorrerão mais de 160 eventos, com participantes de mais de 150 países, reunindo autoridades, acadêmicos e representantes da sociedade civil.
Fonte: http://www.caubr.org.br/?p=2454
JL Meurer e Suvinil promovem palestra em Palmas
IAB-SP divulga projeto vencedor para a sede da prefeitura de Várzea Paulista
Proposta dos arquitetos Eder Rodrigues de Alencar, Claudio de Sá Ferreira e Nonato Veloso prevê a construção de uma torre para as áreas administrativas do município e, do lado oposto, um teatro e refeitório
Aline Rocha
Os arquitetos Eder Rodrigues de Alencar, Claudio de Sá Ferreira e Nonato Veloso venceram o Concurso Público Nacional Paço Municipal de Várzea Paulista. Realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP) em parceria com a prefeitura da cidade, a competição procurava o melhor projeto de arquitetura para abrigar o edifício do Executivo, Câmara Municipal, Auditório e Biblioteca em um terreno de 20 mil m².
O projeto escolhido prevê a construção de uma torre que abrigará as secretarias do Executivo, Prefeitura e Vice-Prefeitura de Várzea Paulista. Do lado oposto, ficará o teatro e o refeitório, que são unidos ao setor de serviços por uma varanda. O espaço poderá ser usado como ponto de integração entre os visitantes. Acima do setor de serviços, local com menor incidência de ruídos, ficará a biblioteca e o telecentro.
A equipe vencedora receberá R$ 550 mil, enquanto o segundo e terceiro colocados ganharão R$ 20 mil e R$ 10 mil, respectivamente. A premiação acontecerá no próximo dia 24 de agosto.
Fonte e reportagem completa: http://www.piniweb.com.br/construcao/arquitetura/artigo265181-1.asp
Lançamento: Oswaldo Arthur Bratke Arquiteto, no Instituto Tomie Ohtake
Por: Redação Cesar Giobbi
Quando Oswaldo Arthur Bratke (1907–1997) terminou o livro que reunia a sua obra, com textos de Hugo Segawa e edição de Vicente Wissenbach, não teve tempo de assistir ao seu lançamento, pois faleceu, um mês antes, em julho de 1997. Agora após 15 anos, a obra é reeditada com versão em inglês (PW Editores, 404 págs., R$ 100) e será lançada nesta quinta-feira (dia 23), às 20h, no Instituto Tomie Ohtake.
Um dos principais nomes da arquitetura moderna brasileira, Oswaldo Bratke notabilizou-se pela contínua experimentação de técnicas construtivas e, sobretudo, por sua arquitetura residencial. Foi autor de mais de 500 casas, mas antes de tudo - afirma Segawa - era um inventor capaz de criar de uma cidade a uma cadeira. Assim, entre seus projetos estão duas cidades no Amapá – a Vila Amazonas e a Vila Serra do Navio (1955-60) e uma cadeira em madeira (1948), cujo protótipo, entre outros projetos do arquiteto, está no acervo do Centre Pompidou em Paris.
O livro reúne muitas de suas casas reconhecidas pela moldura estrutural, de lógica construtiva racional, mas flexibilizada pelos espaços fechados, abertos, semi-abertos e pelos materiais com diferentes texturas e efeitos de luz e sombra. Um dos exemplos de sua marcante linguagem está na moradia original da família e hoje Fundação Oscar Americano, aberta à visitação.
Muitas de suas residências, consideradas referências da arquitetura moderna paulista e posteriormente demolidas, têm sua memória preservada no livro. É o caso da casa de Ciccillo Matarazzo, em Ubatuba (1959/60), e da própria residência do arquiteto, no Morumbi (1951), destacada com menção especial na 1ª Bienal de São Paulo (1951), e na qual Bratke recebeu figuras ilustres, como Kenzo Tange, Walter Gropius e Alvar Aalto, Siegfried Giedion, além do convívio com muitos colegas brasileiros, entre os quais, José Zanini Caldas.
Entre os projetos de destaque reunidos na publicação estão ainda o Balneário em Águas de Lindóia (1952-59), com jardins desenhados por Burle Marx e murais e pisos criados por Lívio Abramo; Estações da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro (1960); Escola de Minas e Metalurgia da USP (1960/67); e seus três edifícios situados na confluência das ruas Major Sertório e Araújo em São Paulo. Em um deles, no Edifício ABC (1949), Bratke mantinha seu escritório, assim como muitos outros colegas, entre eles, Paulo Mendes da Rocha.
O livro traz também mais uma faceta do arquiteto, seu talento artístico, seu apurado desenho para cada projeto, além de suas obras em grafite, guache e lápis de cor sobre papel, feitas em diferentes cidades do mundo. Desde a publicação da primeira edição, os desenhos, as fotos originais e os demais registros gráficos profissionais de Oswaldo Arthur Bratke pertencem à Biblioteca da FAU-USP.
Serviço:
Lançamento livro Oswaldo Arthur Bratke
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201, Pinheiros, tel. 2245-1900
Dia 23, às 20h
Fonte: http://www.taste.com.br/cesar-giobbi/item/7941-oswaldo-arthur-bratke.html
Abertura da Exposição: Le Corbusier América do Sul 1929, no Centro Universitário Maria Antônia
Até o dia 21 de outubro de 2012. Entrada franca.
LE CORBUSIER
AMÉRICA DO SUL
1929
Abertura 23 de agosto, quinta-feira, às 20h
Rua Maria Antonia 258 - Vila Buarque, São Paulo
Visitação até 21 de outubro de 2012 - entrada franca
Entre setembro e dezembro de 1929 Le Corbusier fez sua primeira visita ao continente sul-americano. Em 74 dias de permanência, proferiu conferências em Buenos Aires, Montevidéu, São Paulo e Rio de Janeiro e delineou planos para estas cidades. A caminho da França ele organizou suas palestras, esboços e lembranças, que se transformaram no livro Precisões sobre um estado presente da arquitetura e do urbanismo, publicado em Paris em 1930. Em Precisões, o arquiteto sumarizou sua doutrina elaborada ao longo dos anos 1910 e 1920 e acrescentou um "Prólogo americano" um "Corolário brasileiro", registrando as fortes impressões que assimilou na América do Sul.
Esta viagem era tida na biografia de Le Corbusier apenas como um episódio de pregação de sua doutrina arquitetônica. Este entendimento é parcial. Tanto o conteúdo das conferências como as propostas para as quatro cidades apontam para uma mudança no seu raciocínio, que se intensificou na medida em que os riscos foram elaborados, em progressiva emancipação frente a sua própria teoria anterior.
Em seus deslocamentos, o arquiteto vivenciou algo inédito que mudou sua percepção do mundo: a primeira oportunidade de voar num avião e olhar a natureza, a paisagem e as cidades sul-americanas a partir das alturas. A impactante apreensão panorâmica do território fertilizou o diálogo entre as escalas da arquitetura e do urbanismo. As quatro proposições para as cidades evidenciam uma reorientação de suas atitudes.
Dos 26 desenhos originais apresentados nesta exposição, pertencentes à Fondation Le Corbusier, vinte foram realizados durante a viagem sul-americana. As duas semanas que Le Corbusier passou em São Paulo, conhecendo uma cidade em plena transformação e convivendo com a intelectualidade modernista, são minuciosamente registradas. Pela primeira vez os desenhos da biblioteca anexa à residência Paulo Prado e um modelo reduzido do projeto não executado vêm à luz. Contribuições inéditas à biografia do arquiteto.
Esta exposição é uma revisita às falas e aos projetos de Le Corbusier na América do Sul: o estado de alma de um arquiteto europeu na América. Com esta experiência nascia uma nova perspectiva para o seu pensamento. Foi outro Le Corbusier que retornou ao Velho Mundo.
Curadoria
Rodrigo Queiroz
141ª Reunião do Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil
Os seguintes estados estavam representados na reunião de ontem.
1. Amazonas (Claudemir Andrade)
2. Tocantins (Patricia Orfila)
3. Rio Grande do Sul (Tiago Holzmann)
4. Rio de Janeiro (Sergio Magalhães)
5. São Paulo (José Armênio)
6. Minas Gerais (Rose Guedes)
7. Rondônia (Wallace Fonseca)
8. Bahia
9. Santa Catarina (Sonia Roese)
10. Paraná (Claudia Taborda)
11. Espírito Santo (André)