O Fórum de Arquitetura e Urbanismo do Rio Academy não para de despertar interesse e de receber apoio de profissionais e instituições. Não é para menos. A estruturação do evento, norteada pela legenda Observe, Aprenda, Produza, configura o Fórum como importante parceiro na busca da sustentabilidade da vida cotidiana nas grandes cidades. Estimula arquitetos, urbanistas e designers a participarem ativamente do redesenho de sua cidade, integrando sua experiência de cidadãos à sua expertise do exercício profissional. Esses profissionais são, hoje, universalmente apontados como destacado segmento capaz de contribuir significativamente com a reconcepção de nossas cidades, uma tarefa urgente.
E o Rio Academy, acima de tudo, coloca a disposição deste projeto profissionais como os Pritzker Paulo Mendes da Rocha e Christian de Portzamparc, e do peso de Alejandro Aravena, Giancarlo Mazzanti, Elizabeth de Portzamparc, os escritórios Triptyque, BIG e OMA. Agora foi a vez de Jaime Lerner confirmar sua presença no Rio Academy, dia 21 de julho.
Nada mais adequado para a proposta do Fórum do Rio Academy. "Minha experiência profissional me ensinou que cidade não é problema, cidade é solução”, diz Jaime Lerner, convocando-nos a trocar nossas lentes pessimistas e focar no incrível potencial transformador das cidades - e também dos arquitetos, urbanistas e designers.
A cidade de Curitiba transformou-se de tal modo nos três mandatos de prefeito e de governador deste arquiteto e urbanista, que se tornou referência nacional e internacional em planejamento urbano. Como se não bastasse, Lerner promoveu também importantes transformações no espírito da população, promovendo a auto-estima e a solidariedade dos encontros humanos.
Sob a liderança de Lerner, sua competente equipe projetou novo plano piloto para a cidade, integrando o uso do solo e o transporte, explorando a visão de uma cidade sustentável e conectada. Para implementar essa visão, criou aquilo que veio a ser chamado de BRT (Bus Rapid Transit), ampliou espaços verdes e conduziu, de maneira pioneira, esforços de reciclagem e de educação para o meio ambiente. A ideia de Lerner defende que o transporte deveria ser, simultaneamente, eficiente, acessível e sustentável, contribuindo para cidades orientadas pela saúde e pela coletividade.
Fórum Internacional de Arquitetura e Urbanismo: 20 a 26 de Julho
MAM: Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo / 20021-140 Rio de Janeiro, RJ
Organização: Rio Academy / Tatac
Web: www.rio.academy
Facebook: https://www.facebook.com/rioacademy2015
Inscrições através do site - 2º lote prorrogado até dia 10/06/15
Fonte:
"Rio Academy traz Jaime Lerner, o responsável pela transformação de Curitiba" 31 May 2015. ArchDaily Brasil. Acessado .
Dos 18,4 milhões de percursos diários realizados na região Metropolitana de Santiago, Chile, mais de um terço corresponde a caminhadas, segundo a última pesquisa origem-destino feita pelo Ministério dos Transportes e Telecomunicações do país.
Apesar da cifra ser alta, isso não garante que as ruas apresentem as qualidades necessárias para que sejam transitáveis, um atributo que a geógrafa e especialista em desenvolvimento urbano do The City Fix, Lara Caccia, define como "a forma segura, conveniente e eficiente que é caminhar em um ambiente urbano."
Para saber como tornar as ruas das cidades latino-americanas mais transitáveis, podemos tomar como inspiração o que está sendo feito em cinco cidades europeias que estão levando adiante a prioridade dos pedestres no ambiente urbano.
Amsterdã, Países Baixos
O reconhecimento de Amsterdã como uma das principais capitais mundiais do ciclismo não é gratuito.
Por um lado, as autoridades incentivaram diversas medidas que facilitam o uso da bicicleta, como a construção de infraestrutura cicloviária, a redução dos limites de velocidade para automóveis e a inserção da educação viária nas escolas. Por outro lado,desde os anos 1970, os cidadãos optam pela bicicleta como principal meio de transporte urbano, fazendo com que o número de veículos de duas rodas atinja a cifra de 880 mil unidades, segundo a página oficial da cidade, I amsterdam
As medidas com foco nos ciclistas também beneficiam diretamente os pedestres. Com efeito, os novos espaços públicos que estão sendo construídos na cidade cumprem os requisitos de limite de velocidade e ciclovias segregadas das calçadas.
Copenhague, Dinamarca
Já nos anos 1960, Copenhague era pioneira em oferecer aos pedestres mais espaços públicos através da criação das primeiras zonas peatonais exclusivas. Posteriormente, essa estratégia possibilitou a conexão dessas áreas através de redes de ciclovias e transporte coletivo.
A transformação da capital através de iniciativas para melhorar a mobilidade e os espaços públicos é atribuída por Caccia ao urbanista Jan Gehl, que defendeu o aumento da infraestrutura peatonal e o protagonismo do transporte público.
Hamburgo, Alemanha
Em 2011 a segunda maior cidade alemã foi nomeada Capital Verde Europeia e desde então tem desenvolvido várias iniciativas inclusivas para ser mais sustentável. Até o momento, seu plano mais ambicioso é o Green Network, que pretende conectar todas as áreas verdes da cidade através de caminhos peatonais e ciclovias até 2020.
Implementar um sistema de transporte público intermodal que inclua modos on demand e formas mais seguras e fáceis de pagamento é uma das estratégias de Helsinki para queaté 2025 os habitantes não tenham mais razões para possuir um automóvel. Paralelamente, algumas regiões da cidade estão sendo adensadas para que as pessoas não tenham mais que percorres grandes distâncias em seus deslocamentos diários.
Zurique, Suíça
Em 1996 a cidade aprovou um compromisso histórico, um documento que estabelecia que todos os novos estacionamentos deveriam ser subterrâneos. Desse modo, os espaços na superfície seriam destinados a novas áreas peatonais e parques. Além disso, a cidade incentivou a intermodalidade entre seus meios de transporte; o resultado é que, hoje, 34% de todos os deslocamentos na cidade acontecem a pé e de bicicleta.
Fonte: Gaete, Constanza Martínez. "Os planos de cinco cidades para criar espaços urbanos mais seguros e eficientes" [Los planes de cinco ciudades para fomentar las caminatas eficientes y seguras] 31 May 2015.ArchDaily Brasil. (Trad. Romullo Baratto) Acessado 31 Mai 2015.
Até recentemente, os renders eram a principal ferramenta do arquiteto para a compreensão da luz em seus desenhos, juntamente, claro, de uma boa dose de intuição. Mas uma nova geração de ferramentas de análise da iluminação natural, que está surgindo juntamente com uma nova geração de indicadores de iluminação natural, está permitindo que os arquitetos analisem a luz solar de novas formas - com implicações importantes para o projeto.
Como de costume, quando se trata da luz solar, utilizam-se certas regras para projetar e, em seguida, são feitos os renders para verificar o projeto e comunicar a intenção. Renderizar tornou-se rapidamente uma forma de arte: a criação de uma aparência requintada, evocativa, muitas vezes de atmosfera etérea que comunica o estado de espírito, a experiência e a sensação visceral do projeto. Isto não é por acaso: a iluminação natural é um ingrediente mágico na arquitetura, trazendo dinamismo à estrutura estática, dota os edifícios de um sentido de tempo e é uma maneira poderosa para capturar e comunicar estas ideias - um complemento necessário aos planos e cortes rígidos. Com as renderizações, expandimos a nossa capacidade em apresentar os projetos. Também expandimos a nossa capacidade em conceituar a luz natural em nossos projetos.
Mas falta algo: há importantes questões relacionadas à luz solar que as imagens simplesmente não conseguem responder. Mesmo sendo feitas com razoável precisão, elas ainda estão incompletas: descrevem um momento no tempo, mas que não fornecem uma indicação de que esse momento é único ou típico.
Isso é um problema, porque a luz solar não é apenas poética - é também prática. A maioria dos espaços têm necessidades de iluminação vinculadas às funções que realizamos dentro deles. Há luz suficiente na minha sala de aula para ler e escrever? Há luz suficiente no meu escritório para trabalhar, porém, o suficiente para que a minha tela do computador não fique ofuscada? E quantos desses requisitos de iluminação podem ser atendidos apenas através da iluminação natural?
Estas questões são cada vez mais importante por várias razões. Novos benefícios da luz solar estão constantemente sendo descobertos: a luz do dia melhora a aprendizagem na escola, melhora as taxas de recuperação em hospitais, melhora a produtividade nos locais de trabalho, e melhora o bem-estar psicológico em quase toda parte. E há benefícios energéticos também: quando a luz do dia pode substituir a iluminação elétrica, podemos economizar a energia consumida pelas lâmpadas elétricas; mas também eliminar o calor emitido por estas lâmpadas e, por conseguinte, reduzir a necessidade de calefação. Não é suficiente para a luz solar ser apenas poética - ela também precisa trabalhar. E é aqui que a análise da luz entra.
A análise da luz solar costumava ser um processo moroso, exigindo novos modelos 3D e conhecimentos técnicos significativos. Mas as novas ferramentas são muito mais rápidas, mais intuitivas e integradas no ambiente 3D - tornando esta análise acessível para todos os arquitetos e disponível para qualquer tipo de decisão. Isso está acontecendo ao mesmo tempo em que novos indicadores estão sendo desenvolvidos para avaliar a luz solar; portanto, nossos modos de análise estão mudando da mesma forma em que estão se tornando dramaticamente mais acessíveis.
Se a prática atual é moldada, em parte, pelas vantagens e limitações das ferramentas de renderização, qual será o efeito dessas novas ferramentas e indicadores? Quais são as novas possibilidades que surgem - Quais são as novas maneiras de conceituar um projeto? Existem diferentes tipos de indicadores da luz solar que permitem aos arquitetos entenderem a iluminação natural de maneiras diferentes, e são, portanto, úteis para responder diferentes tipos de questões de projeto. Vou considerar três tipos aqui: medições anuais, visualizações anuais da luz solar e visualizações diárias.
Medições Anuais e Comparações Objetivas
Medições anuais da luz solar resumem o desempenho de um edifício ao longo de um ano inteiro, tendo em conta o desenho, a localização e o tempo. Estes indicadores ajudam a responder à pergunta: "Meu projeto está preocupado com as melhores práticas, com metas específicas de luz solar?". Termos como Spatial Daylight Autonomy (SDA) e Annual Sunlight Exposure (ASE) são simplesmente resumos da frequência com que o espaço recebe luz adequada (SDA) ou se há risco de excesso de luz (ASE).
Os resultados são mais poderosos do que você poderia esperar. Um exemplo recente é o Ashjar, em Al Barari, um complexo residencial projetado pela 10 DESIGN, em que a equipe de projeto utilizou indicadores anuais para entender o potencial da iluminação natural no edifício, os riscos de reflexão nos vidros e as estratégias de sombreamento. "Cada tipologia residencial apresenta uma estética única e variável", diz Sean Quinn, chefe do Projeto de Sustentabilidade. "O objetivo era uma abordagem de projeto responsivo e não uma solução repetitiva." O sombreamento, em particular, tornou-se um elemento-chave da estética do projeto. Estes indicadores anuais da luz do dia foram usados juntamente com indicadores anuais de energia, a fim de analisar as compensações e as sinergias entre os dois resultados. Desta forma, estes indicadores possibilitam projetar a luz solar - a elaboração de estratégias que incorporam a luz do dia, assim como um arquiteto molda as relações de programa, vistas ou a própria composição formal.
Visualizações Anuais e Tomada de Decisão
O problema dos indicadores anuais é que eles não ajudam os arquitetos a entenderem porquê um projeto está se apresentando de uma determinada maneira. Os números de alto nível são opacos: onde estão as manchas escuras e onde estão os pontos brilhantes? Esta informação é fundamental na formação da luz solar de maneira intencional. Este é o lugar onde as visualizações de iluminação natural anuais são úteis: elas mostram como a luz do dia é espacialmente distribuída ao longo do ano, permitindo uma pesquisa aprofundada sobre os níveis de iluminação de cada espaço. Estas imagens ajudam a responder às perguntas: "Estou confortável com esses níveis e padrões de luz ? Onde estão as áreas problemáticas? Como posso melhorar o projeto?"
Um exemplo é um projeto residencial em Iowa projetado por minha própria empresa,Sterner Design. Uma residência parcialmente subterrânea com uma meta de energia ousada, onde era fundamental utilizar os vidros com cuidado, tanto para aquecimento solar passivo quanto para obter qualidade de luz para o espaço. Logo no início eu usei visualizações de iluminação natural para comparar opções e compreender a profundidade da penetração da luz do dia, dadas as diferentes plantas baixas. Posteriormente, foi realizada a análise focada na qualidade da luz solar nas principais áreas de estar, onde a luz do dia é mais importante, e me permitiu testar rapidamente as estratégias de melhoria, tais como janelas mais altas, claraboias estrategicamente colocadas, ou estratégias para o "empréstimo" de luz através de aberturas no pavimento superior. A análise permitiu-me ajustar a forma da construção, o layout do espaço e o envidraçamento de acordo com o sol, de uma forma que simplesmente não teria sido possível antes.
Visualizações Diárias e Comunicação
Enquanto os indicadores anuais são ferramentas de diagnóstico e de projeto eficazes, eles nem sempre fornecem a compreensão mais intuitiva das condições de iluminação. O que faz com que este espaço seja percebido desta forma? Como é a mudança da sensação ao longo do tempo? Como é a luz no meio do inverno ou no auge do verão?
Estas são perguntas para as quais visualizações diárias são bem adequadas. Considerando que os outros indicadores abordam um macro-nível de comparações - o cumprimento de metas, as médias anuais abordam a experiência do espaço e ainda quantificam essa experiência de uma forma que as renderizações não conseguem.
Isso foi o que levou Allan Joyce Architects a usar uma combinação de renderizações de interiores e análises em uma determinada hora para projetar uma casa de chás em Harrowgate, Reino Unido. O cliente queria entender se o projeto "trabalhou" -e como realmente o espaço seria sentido levando em conta as alterações propostas. Os arquitetos combinaram representações visuais e análises diárias para comunicar a experiência de uma forma que era intuitiva e verificável. "Nosso cliente ficou encantado", disse Toby Evison, arquiteto no Allan Joyce. "Eles puderam facilmente compreender o efeito das propostas de projeto, e isso influenciou diretamente sua tomada de decisão."
Como estas novas possibilidades estão alcançando cada vez mais arquitetos -a capacidade de moldar a luz solar para utilizá-la objetivamente definindo metas e avaliando os resultados faz com que sea possível moldar um edifício de acordo com a luz solar. Isso permite que os arquitetos trabalhem na poética e no pragmático simultaneamente: compreendendo com igual facilidade as implicações de ambas nas decisões de projeto. Ao tornar os dados da iluminação natural visíveis, os arquitetos podem interagir com eles, formá-los, moldá-los e, finalmente, criar melhores desenhos de projetos que funcionam e inspiram.
Carl S. Sterner, Assoc. AIA, LEED AP, é sócio-proprietário da Sterner Design e Senior de Marketing de Produto na Sefaira, a empresa de software especializada em projetos baseados no desempenho. Visite a Sefaira na AIA Convention, em Atlanta, no estande 2874.
Fonte:Sterner, Carl. "Como a análise da luz natural está mudando o modo como projetamos" [Taking Daylight to the Next Level: How Daylighting Analysis is Changing Design] 31 May 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Camilla Sbeghen) Acessado 31 Mai 2015.