Edição 262 - Janeiro/2016
Com mais frequência do que é evidente, o crescimento das cidades passa a ser regido pelo chamado sistema econômico global do capitalismo neoliberal. Por um lado, tal tendência torna as fronteiras nacionais mais fluidas e abre o mercado para um mundo de oportunidades financeiras. Por outro, tem sido a fonte de certas angústias. O fato de pequenas propriedades privadas darem lugar a modelos corporativos de propriedade, por exemplo, tem profundas implicações em conceitos de igualdade, democracia e justiça. Quando grandes empreendimentos substituem ruelas e praças, os espaços públicos, onde as pessoas podem ter as suas vozes na construção cultural da cidade, deixam de existir. A cidade então torna-se uma espécie de banco de investimentos. Os interesses daqueles sem poder não são mais refletidos na governança. Preocupações deste gênero têm sido o foco de pesquisa da socióloga Saskia Sassen, que acredita na colaboração do arquiteto com outras disciplinas para criar formas de resistência. Nascida na Holanda e radicada nos Estados Unidos, onde é professora da Universidade de Columbia, Saskia possui uma forte conexão com a América Latina - foi criada na Argentina. Seus livros, referências em assuntos relacionados à globalização, à imigração e a tecnologias de rede, incluem Sociologia da Globalização (editora Artmed) e Expulsões (que deve sair no Brasil pela editora Paz e Terra em 2016). Saskia também passa grande parte de seu tempo em congressos e debates pelo mundo. Foi em um destes eventos, desta vez em Londres, que a socióloga conversou com a redação de AU.
A entrevista tomou um rumo inesperado. Saskia fez dessa a '[sua] grande chance de retificar desentendimentos a respeito de [seu] trabalho sobre a globalização das cidades'. Muitas vezes citada para descrever certas inclinações da arquitetura global, a socióloga clarifica que sua pesquisa 'não é urbanística, mas sim político-econômica'. Ao mesmo tempo, exalta que 'as cidades têm mais poder do que parecem compreender'.
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