Palavras do arquiteto e urbanista Gustavo Restrepo, um dos responsáveis pela transformação da cidade
As escadas rolantes e os teleféricos que levam aos bairros pobres no alto da montanha, os parque-bibliotecas, o sistema de transporte de massa tornaram Medellin, na Colômbia, reconhecida pelas boas práticas de soluções arquitetônicas e urbanísticas. Dai pensar que esses projetos devem ser replicáveis pontualmente em outras cidades – como tem ocorrido – vai uma distância enorme, alerta Gustavo Restrepo, arquiteto e urbanista colombiano. Com a autoridade de quem coordenou a reabilitação de áreas degradadas como a Comuna 13 e a implantação do Metroplus, marcos no processo de transformação da cidade mais violenta do mundo nos anos 70 na mais criativa em 2013 segundo a BBC, ele afirma que “o que se deve copiar é a metodologia”.
São duas as premissas, disse ele em entrevista para o CAU/BR, durante sua permanência em Pernambuco para participar do Urban Thinkers Campus Recife, único evento promovido pela UN-Habitat no Brasil antes da III Habitat a se realizar em Quito em 2016. A organização foi do Centro de Pesquisa e Inovação para as Cidades (Inciti) da Universidade Federal do Pernambuco, com apoio do CAU/PE e do CAU/BR.
A primeira premissa, segundo o Gustavo Restrepo, é que os arquitetos e urbanistas devem se ver como “uma” roda de uma engrenagem, não como “a” engrenagem do planejamento urbano, que se tornou muito mais do que uma tarefa de organização espacial. “É uma tarefa multidisciplinar que envolve assistentes sociais, advogados, médicos, engenheiros e outros profissionais que se unem para construir os sonhos de uma comunidade”.
A segunda é que o cliente do planejador urbano não é o alcaide (prefeito) ou seus secretários, mas os cidadãos. “Nós temos que trabalhar com as pessoas. São elas que têm problemas, que não são iguais para todos, cada bairro é distinto, assim como seus sonhos”
A metodologia tem o social como plataforma e três fases: antes, durante e depois. O impulso inicial foi pela decisão política de um alcaide de lançar o programa “Medellin, la mas educada”, baseada no diálogo e na conciliação, com o objetivo de superar o medo do tráfico de drogas e assassinatos. “Só a educação coletiva, entretanto, não basta. É preciso também a participação do cidadão e isso é uma atitude intrínseca, ele tem que assumir-se como gestor de seu próprio crescimento, não ficar só se queixando do poder público”. Em Medellin, essa nova cultura cidadã foi fundamental para a implementação de um plano de desenvolvimento urbano integrado, alavancador da Medellin pós Pablo Escobar.
Fonte e artigo completo: http://www.caubr.gov.br/?p=49766
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