POR: JULIANA NAKAMURA
Edição 259 - Outubro/2015
Conquistar uma posição de liderança é ambição de quase todos os profissionais que buscam ascender na carreira. Ao mesmo tempo, representa um desafio, especialmente aos comandantes de primeira viagem, que costumam passar por um teste de fogo ao serem promovidos. Nos dias atuais, quatro de cada dez novos chefes não sobrevivem aos primeiros 180 dias em sua nova função, calcula Rodrigo Collino, sócio fundador da KI Desenvolvimento Humano e membro da Sociedade Brasileira de Coaching. Ele explica que os principais motivos para tamanho insucesso são a falta de liderança consistente apoiada na cultura e valores da empresa; a ausência de parcerias na equipe; e, finalmente, pouca clareza sobre metas e objetivos da organização. A dificuldade é ainda maior em empresas como os escritórios de arquitetura, onde o profissional raramente recebe algum treinamento de gestão antes de assumir o posto de chefia.
LÍDER CRIATIVONo caso dos arquitetos, uma das primeiras oportunidades de liderar ocorre por meio da coordenação de projetos. "Todos queremos chefiar e isso gera dificuldades porque nem todo mundo vai ter o papel de destaque o tempo todo", comenta arquiteto Emerson Vidigal, sócio do Estúdio 41. Segundo ele, a responsabilidade gerada pela tomada de decisões costuma causar ansiedade. "A habilidade de controlar esse sentimento de modo a não contaminar a equipe talvez seja a maior dificuldade", acredita.
Estar à frente de pessoas que, em função da própria natureza do trabalho, precisam ser criativas, representa outro desafio. "A liderança de uma equipe que exerce funções criativas deve ser feita de forma a permitir aos colaboradores uma boa dose de liberdade para que eles encontrem soluções que possam ir além do óbvio. Ao mesmo tempo, é preciso equilíbrio entre agir com liberalismo e manter a equipe coesa e focada", afirma o arquiteto José Cláudio Falchi, titular do Falchi Arquitetura. Vale lembrar que é papel do líder gerenciar as tarefas e o tempo, determinar a ordem e a prioridade dos trabalhos e pedir mudanças sempre que necessário.
TODOS NO MESMO BARCO Na prática, tudo fica mais simples quando o chefe possui a confiança e o engajamento dos seus subordinados. Para isso, ele pode lançar mão de uma série de estratégias. "Mas não há receita de bolo. Cada um precisa usar suas forças e talentos para criar um estilo próprio de inspirar as pessoas", diz Rodrigo, ressaltando que o autoconhecimento é essencial para que os comandantes possam extrair o melhor de si e de seus times. "Um líder, ao mesmo tempo em que precisa inspirar e mostrar direção, deve estar aberto ao aprendizado. Ele não faz nada sozinho, e deve saber que uma equipe bem selecionada e engajada é mais feliz e apresenta alto rendimento", comenta o coach.
EQUIPE PARCEIRANa opinião do arquiteto Carlos Teixeira, sócio do estúdio Vazio S/A, a melhor maneira de motivar as pessoas é criar um ambiente onde todos se sintam livres para propor alternativas e seguras para desenvolver suas capacidades técnicas e intelectuais. "O coordenador deve ter sensibilidade para detectar o potencial individual dos membros da equipe e procurar lhes prover certa liberdade sempre que possível", avalia Carlos. "Remuneração financeira é importante, mas entre um melhor salário e a possibilidade de participação na tomada de decisões, as pessoas acabam optando pela participação ativa no desenvolvimento dos projetos", acrescenta Emerson.
"No nosso caso, trabalhamos em equipe e pregamos o respeito ao trabalho e à pessoa independente de sua posição. Procuro ouvir as opiniões dos subordinados a mim e sempre ensinar, compartilhar minhas experiências e inspirações", revela a arquiteta Grazzieli Gomes, sócia diretora do escritório Aflalo/ Gasperini. Para ela, o líder deve estimular sua equipe, reforçar o espírito de grupo, escutar e dar o exemplo para poder cobrar.
"No Estúdio 41 revezamos a tarefa de liderar entre os arquitetos. Em algum momento, cada membro da equipe vai coordenar um projeto e isso faz com que todos saibam as dificuldades que são encontradas ao realizar essa tarefa", comenta Emerson.
Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/259/artigo365035-1.aspx
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