O primeiro edifício corporativo totalmente projetado em BIM


O PRIMEIRO EDIFÍCIO CORPORATIVO TOTALMENTE PROJETADO EM BIM

Neste artigo, gostaríamos de contar um pouco de nossa experiência na Contier Arquitetura com o projeto executivo do Edifício B32, da Faria Lima Prime Properties, que é o primeiro empreendimento privado no Brasil, de grande porte e alta complexidade, que teve todos os projetos executivos desenvolvidos em BIM.
O edifício B32, cujas obras já foram iniciadas, terá 125 metros de altura, 22 elevadores, 30 pavimentos, sendo 24 de escritórios e 6 subsolos, em um terreno de 13.400 m² (115.000 m² de área construída e 51.500 m² de área de locação). O projeto, que segue os mais rigorosos requisitos técnicos, também foi desenvolvido para atender a certificação LEED.
As empresas que se instalarem no B32 encontrarão lajes de mais de 2.000 m² com pé direito de 3,00 m, servidos por espaços técnicos privativos, oito elevadores sociais, dois elevadores de serviço/emergência, quatro escadas de emergência pressurizadas e a possibilidade escadas internas exclusivas entre os andares.
A volumetria sofisticada, que combina faces verticais planas, inclinações positivas e inclinações negativas representou um desafio extra para o projeto executivo. Sem um “andar tipo”, cada pavimento tem uma planta diferente, o que exige uma documentação muito mais volumosa – e se não fosse o processo em BIM acarretaria em imprecisões, erros de quantidade, outros problemas. De fato, a quantidade de documentos com qualidade e volume de informações chama a atenção. Com cinco plantas por pavimento e trinta e dois pavimentos, o projeto executivo gerou 160 plantas. O projeto executivo completo totalizou 470 folhas A0, com 841 desenhos diferentes, em diversas escalas, sendo 371 desenhos de detalhes. Quando necessário, perspectivas auxiliam na compreensão de instalação de equipamentos em situação de complexidade espacial.
Segundo Renato Silva, Coordenador da FLPP, a discussão sobre utilização do BIM foi iniciada em setembro de 2011: “– Após longa pesquisa e discussões internas chegamos à conclusão de que precisávamos envolver um escritório com experiência em BIM para auxiliar na capacitação das empresas já contratadas”. Após esta decisão, a FLPP iniciou internamente a montagem de um Caderno de Diretrizes BIM. Ainda segundo o arquiteto Renato Silva:
“Para elaborar este caderno, partimos de traz para frente, ou seja, olhamos primeiro para o ciclo da operação do edifício e para quais informações precisaremos após a entrega da obra. Depois olhamos para o ciclo da construção, planejamento da construção, orçamento e por fim para as questões básicas de projeto e compatibilização. Com os objetivos definidos e o manual elaborado, iniciamos em meados de 2013 o processo de transição do CAD para o BIM. A experiência da Contier Arquitetura na utilização deste processo, aliado ao envolvimento dos demais parceiros foi fundamental e tem trazido grandes benefícios à qualidade do projeto e consequentemente ao sucesso do empreendimento. Além de resolvermos muitos problemas antecipadamente, discutimos e resolvemos o projeto na sua essência, como há muito não se faz. Hoje, após quase 4 anos, temos a certeza de que foi uma das melhores decisões para o nosso processo”.
A ineficiência dos processos de compatibilização tradicionais está relacionada à ideia de que “na obra se resolve”. De fato se resolve, da melhor ou pior forma, mas apenas com improvisação, desperdício de material, tempo e dinheiro.

       
 No B32, o empreendedor buscou atingir vários objetivos com a utilização do BIM no desenvolvimento dos projetos. O primeiro deles foi a antecipação dos problemas de compatibilização dos projetos através de clash detection, a detecção de interferências. O BIM foi usado para solucionar essas interferências, enquanto o mercado tantas vezes tem contratado apenas sua detecção. Com a detecção feita pelos autores dos projetos durante o seu desenvolvimento, as soluções são propostas rapidamente. A detecção de incompatibilidades é substituída por soluções consistentes, multidisciplinares, integradas e em tempo real. Isso é projeto. Um empreendimento em que as disciplinas operam dessa forma obviamente antecipa soluções que, nos projetos compatibilizados da forma tradicional, só aparecem nas obras.
Um segundo objetivo foi a assertividade de todos os documentos de projeto. Com a metodologia adequada da tecnologia BIM, desenhos, tabelas, memoriais, são “fotografias” do edifício construído digitalmente entre todas as disciplinas. Desse modo, os documentos de arquitetura contêm informações originadas nos modelos autorais de estrutura, hidráulica e elétrica e etc. Qualquer alteração em um objeto desse edifício virtual é automaticamente atualizada em todos os documentos em que conste esse objeto. Desse modo a documentação do projeto é mais confiável para contratos, compras e responsabilização legal.
Os quantitativos constituem o terceiro objetivo. No processo BIM, os quantitativos não são inferidos do projeto, mas extraídos precisamente modelos, o edifício virtual. Não é mais o orçamentista que, interpretando desenhos e intenções, calcula as quantidades, são os próprios autores dos projetos os responsáveis pela informação. Com isso, o grau de assertividade dos quantitativos permite um novo patamar para os processos de orçamento, compras e transparência. O memorial de especificação técnica, por exemplo, traz mais de 380 folhas A3 com os itens listados por ambientes ou por pavimentos – o que dificilmente se pode manter preciso a atualizado sem o processo em BIM.



Esse projeto, por seu porte, ajudou a aprimorar os procedimentos da Contier Arquitetura. Para que várias equipes de diferentes disciplinas pudessem trabalhar simultaneamente no modelo digital, inserindo objetos, alterando suas propriedades, especificando características e parâmetros, o Plano de Execução BIM do projeto, criado pela Contier Arquitetura, recebeu vários aperfeiçoamentos, como a criação de estilos de vistas com controle por filtros visando uniformidade visual de documentos e a automação da extração de quantitativos. O Plano de Execução BIM previu ainda um procedimento automatizado para extração de documentos em CAD, visando atender àquelas disciplinas que por suas características, ainda não trabalham em BIM, mantendo-as atualizadas com os modelos.
O fluxo de trabalho foi redesenhado para acomodar o uso simultâneo do modelo virtual pelos diversos agentes bem como para otimizar as revisões decorrentes desse processo. Se no workflow tradicional o projeto era dividido em fases (anteprojeto, básico e executivo, por exemplo) e uma disciplina precisava terminar para outra começar, num processo seriado, a possibilidade de trabalho simultâneo interdisciplinar gera um fluxo helicoidal, por assim dizer. A principal diferença é que, com o BIM, as alterações de projeto fazem parte de um amadurecimento das ideias entre os projetistas. No fluxo BIM, a revisão se dá no andamento do trabalho, antes da consolidação da fase, o que evita uma enorme quantidade de retrabalho.

Contier Arquitetura

Além do histórico e currículo de uma empresa no mercado há mais de 30 anos, Contier Arquitetura, entre outros pioneirismos, foi a primeira empresa no Brasil a adotar a plataforma de projeto Revit (2002) e a primeira empresa a ser contratada em licitação de projeto de edifício de grande porte e alta complexidade com a exigência de BIM: a sede Petrobras em Santos (2011). Nesse contrato pela primeira vez se exigiu compatibilização em BIM dos projetos de arquitetura com mais de 20 projetos de outras disciplinas.
Para atender aos critérios de qualidade, Contier Arquitetura implantou a plataforma de colaboração ProjectWise, da Bentley, consolidando-se como referência em projeto em BIM no Brasil.
A Contier Arquitetura tem utilizado tecnologia de ponta para desenvolver o que faz de melhor: projetos de alta qualidade e confiabilidade.
Contier Arquitetura defende que obras mais baratas, sem aditivos ou erros só são possíveis com contratação de projetos de qualidade, completos, compatibilizados e contratados a preços justos.

FLPP

A FLPP – Faria Lima Prime Properties SA é uma empresa de propósito específico responsável por todo o processo do complexo B32: formação do terreno, aprovações legais, seleção de projetistas, gestão do projeto, gestão da construção e gestão da operação futura. À Frente da FLPP, o empresário Rafael Birmann (62) que discute e desenvolve todas as questões relacionadas ao B32.
Rafael Birmann iniciou seu primeiro empreendimento ao final da década de 70 na região da chácara Santo Antônio em São Paulo onde criou o conjunto de prédios conhecido como São Paulo Office Park, iniciava-se ali a história dos edifícios batizados como Birmann 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 11 e 12. É o responsável pela construção de edifícios emblemáticos pela arquitetura ou pelas suas características técnicas como o Birmann 21 – Sede da Editora Abril e o Birmann 29 – Sede do Banco JP Morgan. Empreendeu no Chile onde construiu o edifício corporativo Birmann 24, ainda hoje referência no mercado imobiliário de lá. Além de atuar no mercado de edifícios corporativos, atuou no mercado imobiliário residencial, hoteleiro e de shopping centers.




Luiz Augusto Contier

Luiz Augusto Contier

Titular de Contier Arquitetura
Fonte:https://www.linkedin.com/pulse/o-primeiro-edif%C3%ADcio-corporativo-totalmente-projetado-em-contier

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