Raquel Almeida
Desde que a internet começou a ser parte indispensável do nosso dia a dia, cada vez mais os arquivos pessoais e profissionais vêm sendo salvos nas chamadas “nuvens”: uma maneira de subir documentos digitais sem correr o risco de perdê-los caso o computador sofra algum tipo de dano.
Por isso, trabalhar direto do conforto do lar vem sendo uma opção muito viável, já que o funcionário pode acessar os arquivos necessários só com a internet.
Mas vários mitos e preconceitos sobre home office ainda existem - por isso, pesquisamos essa prática para esclarecer quais são as vantagens e as desvantagens de fazer da sua casa o seu local de trabalho.
Chefes de empresas costumam questionar o home office por dois principais motivos - primeiro porque imaginam que compromete a produtividade do funcionário e segundo porque o subordinado está longe do alcance dos olhos do patrão, livre para ter o ritmo de trabalho que bem entender. Assim, gerentes ou donos de empresa não conseguem ver vantagem em permitir que os funcionários trabalhem de casa.
No entanto, algumas pesquisas apontam que, ao contrário do que pensa a maioria, o home office é capaz de aumentar a produtividade, além de contruibuir para a qualidade de vida do funcionário.
Nos Estados Unidos, cerca de 10% da população economicamente ativa tem pelo menos um dia de home office por semana. Partindo desses dados, a Universidade de Stanford resolveu investigar - uma empresa de telemarketing submeteu 250 funcionários a um teste: uma parte dos participantes trabalharia de casa por 4 dias da semana, enquanto o outro grupo ficaria 9 meses no escritório, seguindo a rotina normal.
Como conclusão, o grupo de pessoas que trabalhou de casa teve uma performance 13% superior do que de costume. De acordo com a análise dos resultados da pesquisa, isso se deu porque os funcionários ficaram menos doentes, faziam menos pausas e aproveitavam o ambiente mais calmo para fazer um maior número de ligações por dia.
No Brasil, 36% das empresas adotam o modelo de trabalho em casa e, segundo uma pesquisa feita pela SAP Consultoria em Recursos Humanos, os funcionários que fazem home office apresentam em média 30% mais produtividade do que aqueles que se deslocam até a empresa.
Esse modelo também permitiu que mulheres ficassem mais próximas de seus filhos após a maternidade e virou um fator de atração para as mães que desejam continuar trabalhando enquanto cuidam de perto dos filhos. Flávia Horta Sad, formada em design de interiores e mãe de 3 filhos, escolheu adotar essa prática principalmente por causa das crianças.
“A princípio, o que me levou a trabalhar dentro de casa foi a correria que tinha que manter para conciliar as crianças, as obras e o escritório. Trabalhar em casa, economizava um pouco meu tempo, além de me manter mais próxima dos filhos, tarefas de casa, etc.”. Flávia largou o design de interiores e trabalha com papelaria personalizada há 6 anos.
Além disso, Flávia ainda lista alguns benefícios e as dificuldades do trabalho de casa: “(...) um deles é a economia de tempo, já que as horas de trânsito não existem. Isso inclusive torna o dia a dia menos estressante. Outro é a economia financeira, já que aluguel, gasolina, alimentação, impostos - tudo isso deixa de existir. O mais difícil é saber dosar o tempo de trabalho diário, pois muitas vezes acabo trabalhando até bem tarde ou nos finais de semana.”.
Então, devemos entender que a palavra de ordem para que o home office funcione é disciplina. Estar dentro de casa e conseguir ter força de vontade para resistir às distrações ou para administrar bem o tempo de trabalho não é tarefa fácil.
Evite trabalhar no quarto em que você dorme ou na sala de televisão - é fundamental que ambiente de trabalho e ambiente para relaxar não se misturem. Isso porque a seriedade com a qual encaramos nossas tarefas profissionais pode tensionar a energia do seu quarto. Além disso, se você precisar fazer uma videoconferência com um cliente, é importante que você, mesmo que em casa, esteja em um ambiente minimamente sério.
Murilo Terra, representante comercial, trabalha em casa há 2 anos e dá dicas do que você deve evitar para manter o profissionalismo no home office.
“Se você tem como tarefa falar com o cliente, seja via Skype ou por telefone, o local de trabalho não pode ter interferência de terceiros, como cães, interfones, música ou TV. Aparecer alguém atrás de você na cozinha fazendo tarefas durante o atendimento via videoconferência é inconcebível”.
Murilo ainda aponta pontos importantes para que o seu home office funcione: “Duas coisas são importantíssimas: internet e computador rápidos, pois se não for assim o trabalho não rende e você acabará ficando nervoso. Energia elétrica, iluminação, comunicação e conforto são fundamentais para um bom desempenho da função - nunca deixe de lado essas coisas. Um telefone mais ou menos não resolve.”
Mesmo que sua casa não tenha muito espaço, é fundamental que você reserve um cantinho para guardar tudo o que você usa e precisa para trabalhar - computador, documentos, materiais, entre outros. Organização é, sem dúvida, um dos pontos mais importantes para que o home office funcione perfeitamente bem.
Para a consultora em gestão humana Andrea Piscitelli, trabalhar em um lugar desorganizado, poluído e que cruza informações profissionais com pessoais pode atrasar o processo de produção e aumenta a chance de distração.
Com organização, disciplina e disposição, trabalhar do conforto do seu lar pode, portanto, te proporcionar um aumento considerável na qualidade de vida, diminuir o nível de estresse e contribuir para o seu rendimento profissional. O entrevistado Murilo Terra ainda afirma que “coisas materiais se adquire - mas educação, compromisso e vontade de fazer bem feito é inerente ao ambiente em que se trabalha”.
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Raquel Almeida | Redatora
Raquel é mineira e apaixonada por cinema. Divide sua atenção entre filmes, livros e cultura inútil da internet e acredita que um dia sem dar risada é um dia desperdiçado.
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