Iluminação com led

Apontados como a grande revolução no campo da iluminação, os leds (light emitting diode) são associados a características como durabilidade, eficiência e flexibilidade de instalação

Por Juliana Nakamura

Edição 221 - Agosto/2012

divulgação Philips

O escritório de design Reggs fica em um galpão industrial de 750 m² e pé-direito de 8 m. Para criar uma atmosfera acolhedora e manter o caráter industrial, foram especificadas lâmpadas led com desenho semelhante ao de uma lâmpada incandescente: 216 lâmpadas de 7 W emitem luz branca e ficam suspensas, todas na mesma altura

Apontados como a grande revolução no campo da iluminação, frequentemente associados a características como elevada durabilidade, eficiência energética e flexibilidade de instalação, os leds (light emitting diode) ainda são uma tecnologia em evolução

É verdade que o desenvolvimento dos diodos emissores de luz não é uma novidade. Leds de baixa potência são utilizados em botões de acionamento de aparelhos eletrônicos pelo menos desde os anos de 1970. Mas foi com o desenvolvimento dos leds brancos de alta potência (o primeiro de uso comercial surgiu em 1998) que as aplicações em sistemas de iluminação se concretizaram.

Por ser uma tecnologia vinculada a conceitos de sustentabilidade, principalmente pelo menor consumo de energia e por não utilizar mercúrio na composição, a opção pelo led muitas vezes parte do cliente. "Muitos utilizam como argumento de marketing", explica a lighting designer Neide Senzi. "Apesar disso, na maioria dos casos a especificação final recai sobre equipamentos tradicionais, como lâmpadas fluorescentes compactas e dicroicas. Apenas 10% dos projetos que realizamos atualmente levam leds", revela Neide.

Dois motivos ajudam a explicar o fato: o primeiro é o preço elevado. "Uma boa luminária com led custa cerca de sete vezes mais que uma equivalente fluorescente compacta. Para valer a pena, a durabilidade deveria ser pelo menos sete vezes maior, o que nem sempre ocorre", explica. E os custos da iluminação led não incluem apenas o preço dos diodos, mas de luminárias e de conversores eletrônicos (drivers). Nos projetos com sistemas variáveis, como leds coloridos ou brancos dinâmicos, o sistema de iluminação pode incluir equipamentos de controle. Outro fator é a durabilidade. Quando começou a ser comercializado, divulgou-se que os leds poderiam durar até 100 mil horas. Com o passar do tempo, a vida útil anunciada pelos fabricantes diminuiu, chegando a 50 mil e até 20 mil horas.

A alta emissão de calor do led exige luminárias projetadas especialmente para o uso dessa fonte de luz. "Mas inicialmente o led foi encaixado nas luminárias existentes, como se fosse uma fonte comum. Consequentemente a vida útil do sistema não atendeu às expectativas", revela. A indústria trabalha para solucionar essa questão, com luminárias específicas para uso com led. A lighting designer Luciana Constantin conta que, em 2010, viam-se nas feiras internacionais luminárias comuns adaptadas para o uso dos diodos. "Já em 2012, nas mesmas feiras, encontramos linhas desenvolvidas exclusivamente para o led", comemora.

A reprodução de cor é outra limitação apontada por projetistas mas que, gradativamente, vem melhorando. "Nos primeiros equipamentos, as cores ficavam malreproduzidas. O IRC (índice de reprodução de cor) era de 60. Hoje já temos leds de IRC de 90", compara Neide Senzi.

Luciana Constantin explica que, justamente por causa de diferenças de qualidade da luz, evita utilizar luminárias leds em ambientes onde também há iluminação convencional. Isso porque a proximidade da luz dos diodos com a de lâmpadas halógenas ou de vapor cria comparações. "O led tende a apresentar uma luz mais chapada e até esverdeada. Para não evidenciar diferenças de tonalidade, quando a escolha recai sobre o led é melhor que essa fonte de luz seja utilizada no ambiente todo", recomenda.

Por suas características técnicas e mercadológicas, os leds vêm sendo mais utilizados no Brasil como apoio à comunicação visual ou em locais que demandem iluminação constante, como corredores e saguões de hotéis e hospitais. Os diodos também são especificados em áreas comerciais, como luz de destaque, em aplicações externas, como fachadas ou até na iluminação pública. Neste caso, o que justifica a escolha é a potencial economia de energia, a ausência de raios UV no facho de luz e de vapores tóxicos na lâmpada, além da vida útil prolongada, que implica menos gastos com manutenção. "Uma situação em que a tecnologia led é imbatível é no provimento de luz colorida e dinâmica, principalmente pela possibilidade de uma mesma luminária emitir várias tonalidades de cor", afirma Neide.

COMO ESPECIFICAR E SELECIONAR
"A tecnologia led é complexa e depende de compreensão técnica da ferramenta para ter bons resultados", afirma Esther Stiller. Segundo a lighting designer é fundamental que os profissionais estudem e se aprofundem no assunto "sob o risco de ouvirmos, em alguns anos, que o led não é uma boa fonte de luz porque não está sendo bem aplicado".

O especificador deve comparar ao menos os seguintes dados técnicos: fluxo luminoso do led (medido em lumens), intensidade luminosa (mensurada em cadelas), vida útil real do led e do driver, e iluminância em comparação ao sistema tradicional.

A iluminância, aliás, deve ser cuidadosamente avaliada, principalmente em projetos de substituição de iluminação, quando o objetivo é elevar a eficiência energética. Isso porque, no desejo de reduzir o consumo, pode-se reduzir a quantidade de luz. Para suportar uma instalação com leds, a infraestrutura elétrica não precisa de características especiais. Henrique Braga, coordenador do Núcleo de Iluminação Moderna da Universidade Federal de Juiz de Fora (Nimo-UFJF), explica que a carga instalada normalmente é a mesma do que em uma instalação convencional, ou ainda menor, pela maior eficiência.

Segundo Henrique, o mais importante é certificar-se da procedência dos produtos. "É preciso conhecer a qualidade, a experiência do fabricante da luminária, a origem dos componentes individuais (leds e componentes eletrônicos auxiliares) e determinar os itens de proteção do conjunto, principalmente contra surtos de tensão elétrica e aquecimento indevido dos elementos emissores de luz", diz. "A garantia declarada pelo fabricante ou firmada em contrato precisa ser a mais ampla possível. Leds possuem elevada vida útil, mas se os circuitos e demais componentes eletrônicos associados não forem bem projetados, o produto pode falhar muito antes do previsto", complementam Pedro Almeida e Cristiano Casagrande, também pesquisadores do Nimo-UFJF.

"A escolha criteriosa do fabricante passa a ser mais determinante em um mercado no qual novos fornecedores surgem a todo o momento", comenta Esther Stiller, que revela ter estabelecido dois critérios de avaliação: credibilidade no mercado e oferta de estudos técnicos consistentes sobre os produtos ofertados.

FICHA TÉCNICA

OBRA Agência Reggs
LOCAL Amsterdã, Holanda
LEDS E LUMINÁRIAS Philips
ARQUITETO RESPONSÁVEL Taco Schmidt

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Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/221/como-especificar-iluminacao-com-led-264526-1.aspx

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