Por Luiz Eduardo Peixoto
Vista da Avenida Teotônio Segurado em Palmas. Foto: Wikipedia
Em julho de 2015, tive a oportunidade fascinante de conhecer uma cidade com menos de 30 anos de existência, inteiramente planejada, incrustada no centro geográfico do Brasil. Surgida da demanda de uma capital para o recém-criado estado do Tocantins, Palmas tem quase todo seu perímetro urbano planejado (a exceção de suas bordas). Tem avenidas gigantes e espaçadas (em boa parte sem calçadas), rotatórias até onde não há cruzamento, marginais em vias onde não há muito trânsito, quadras em desenhos excêntricos e com muitos espaços vazios entre elas como, por exemplo, “a maior praça da América Latina”, exagerado para uma cidade com pouco mais de 250 mil habitantes. Estranhamente, para uma capital, a cidade tem poucas pessoas à vista. O eixo central é composto da principal atividade econômica da cidade, a administração pública (55% dos empregos), que dá a tônica do comércio e serviços, e também é pouco ocupado.
Subproduto da visão modernista, onde o mote era planejar, segregar e fatiar para a cidade “funcionar” em perfeita “ordem”, a capital do Tocantins exemplifica teorias que julgavam possível dominar toda a dinâmica humana (social, econômica, cultural e política) por “mentes brilhantes” com planos infalíveis. No papel, poderia parecer uma grande ideia (claro, porque não corrigir todos os problemas que as cidades brasileiras expunham nos anos 70 e 80, em meio a suas explosões demográficas?), mas na prática não me senti em uma cidade – nem em um povoado, na verdade. Os benefícios de se morar no urbano – a proximidade, a criação espontânea, a conveniência, a economia de escala, a diversificação – me pareceram ausentes. Mesmo considerando pequenas cidades ou povoados, as grandes distâncias e a segregação extrema não parecem configurar o urbano.
Fonte e artigo completo: http://caosplanejado.com/palmas-planejada-para-negar-a-cidade/
Palmas: planejada para negar a cidade
Autor: iabtocantins
| Publicado em: sábado, novembro 07, 2015 |
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