POR JULIANA NAKAMURA
Edição 258 - Setembro/2015
Que o marketing pessoal é estratégico para o profissional obter sucesso, ainda mais em tempos de competitividade acirrada, não é novidade. Mas como trabalhar a autopromoção com equilíbrio, de modo a valorizar o trabalho e aumentar a visibilidade perante formadores de opinião e contratantes em potencial? Nessa hora, um conjunto de estratégias e ações benfeitas funciona como um diferencial competitivo que contribui para o desenvolvimento e a sustentabilidade da carreira do arquiteto.
EU PRECISO DISSO?
"Sobretudo para os profissionais liberais que precisam conquistar clientes com base no relacionamento, como é o caso dos arquitetos, essa é uma disciplina importante. Tem a ver com a forma como a gente se mostra para o mercado e serve tanto para a captação quanto para a manutenção da carteira", afirma o arquiteto Ricardo Caminada, sócio do escritório Díptico. "As empresas de arquitetura normalmente conquistam novos contratos por conta da indicação boca a boca realizada por outros clientes. Embora seja importante, essa ajuda é bastante restrita. É necessário ampliar o leque de opções e, para isso, o marketing pessoal pode ajudar muito", acrescenta a arquiteta Ana Cristina Tavares, sócia do KTA - Krakowiak & Tavares Arquitetura.
IMAGEM CONSISTENTE
Para alguns, propagar habilidades e conquistas aos quatro ventos pode ser algo natural. Para outros, expor- se sem parecer convencido ou prepotente representa um grande desafio. Em qualquer caso, a primeira recomendação é dar atenção para a imagem, mas sem abrir mão do conteúdo. "O profissional ou a empresa devem se preocupar em ter um portfólio mínimo a oferecer, pois apresentar-se ao mercado sem nada a contribuir pode prejudicar uma imagem que ainda nem foi consolidada", alerta o arquiteto Keiro Yamawaki, sócio do Proa Arquitetura e presidente da AsBEA-PR. Segundo ele, a chave está em agregar valor àquilo que faz diariamente buscando ser referência na tipologia de projeto de sua especialidade.
Um erro muito comum, de acordo com a consultora em desenvolvimento de pessoas Eni Santos, é acreditar que o marketing pessoal possa ser usado como ferramenta de propaganda enganosa, capaz de disfarçar ou encobrir fragilidades técnicas e/ou comportamentais. Em outras palavras, não adianta ser um mestre da comunicação, ter boas relações interpessoais e estar bem informado sem dominar tecnicamente o seu ofício. O marketing sozinho não cria uma carreira consistente. O sucesso depende também de competência.
AUTOCONHECIMENTO
Para ajudar na missão de ser visto e reconhecido, os profissionais podem dispor de uma série de ferramentas. Quase todas têm em comum a simplicidade e o baixo custo, mas nenhuma pode prescindir de planejamento. "Para saber se vender o profissional deve conhecer suas habilidades, saber como quer ser visto pelo mercado e ter com clareza seus objetivos definidos", destaca Ricardo, lembrando que o autoconhecimento ajuda a evitar o discurso vazio.
EM BUSCA DE VISIBILIDADE
Em especial o networking (rede de relacionamentos), seja ele virtual (via redes sociais) ou real (via participação presencial em eventos), é uma estratégia recorrente e eficaz para aumentar a visibilidade. Uma dica é não deixar de participar de eventos promovidos por entidades de classe, universidades, veículos de comunicação e empresas. "Também é importante divulgar a participação em eventos para que o contratante e os formadores de opinião percebam que somos arquitetos preocupados em nos manter atualizados e bem informados", acredita Ana Cristina.
O arquiteto pode, sempre que possível, explorar sua capacidade de informar, esclarecer e influenciar os outros. Para isso, uma opção é escrever artigos em blogs e gravar vídeos para comentar fatos e notícias, compartilhando seu conhecimento.
REDES SOCIAIS
Nos últimos anos, as redes sociais surgiram como um instrumento valioso para a divulgação das competências e até mesmo para obtenção de avaliações sobre um determinado trabalho. Por outro lado, também se tornaram um desafio a gerenciar. "Um dos aspectos mais complicados é conseguir separar a vida pessoal e profissional para não ter sua privacidade exposta", conta Ana Cristina, que junto com sua sócia resistiu por muito tempo a entrar nas redes. "Apesar de termos uma personalidade mais reservada, as ferramentas vieram com tanta força que não nos restou alternativas a não ser aproveitá-las. Mas definimos uma estratégia que julgamos crucial: queremos visibilidade sim, mas nunca de modo banal. Por isso, pensamos muitas vezes antes de publicar ou divulgar algo", conta a arquiteta, lembrando que o conteúdo compartilhado pode revelar muito sobre a personalidade e preferências do seu remetente.
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