Cidades dispersas dificultam a ascensão social de moradores das zonas periféricas

 

Com o crescimento das cidades, zonas desconectadas dos centros urbanos se tornaram comuns – consequência da expansão desordenada e da falta de planejamento. A perspectiva de aumento exponencial da população urbana no mundo inteiro enfatiza a importância de voltar o planejamento urbano à conexão, com redes de transporte sustentável que permitam aos habitantes o acesso à própria cidade. Afinal, nos últimos anos, a experiência prática e científica tem ressaltado os impactos positivos e negativos, bem como diretos e indiretos, da dispersão urbana e da forma como se acessa as áreas metropolitanas.
Favela em Pachuca, México - (GoVeganGo - WikiCommons - CC)
Favela em Pachuca, México – (GoVeganGo – WikiCommons – CC)
No Brasil, o ritmo do crescimento populacional foi um fator determinante para que a dispersão ocorresse. O que, segundo este estudo sobre a urbanização dispersa e a mobilidade no contexto metropolitano da cidade de Natal, impediu a melhoria da qualidade de vida de parte da população ao mesmo tempo em que criou injustiça social. Causando, dessa forma, “a superexploração da força de trabalho, aumentando, assim, a segregação socioespacial da população citadina, impedindo o acesso aos bens de consumo produzidos na cidade e dificultando o acesso à própria cidade e ao uso de bens, serviços e espaços público”, afirma a pesquisa do sociólogo Ricardo Ojima, do arquiteto Felipe Ferreira Monteiro e do geógrafo Tiago Carlos Lima do Nascimento.
A dispersão de uma cidade não é caracterizada apenas pelo uso do solo, mas pelas características e o contexto social de seus cidadãos. A conclusão do estudo citado anteriormente enfatiza que as políticas urbanas deveriam seguir princípios que favoreçam uma visão integrada e sistêmica da cidade para o indivíduo, para que se recupere a função social dela. Dessa maneira, o descompasso entre o espaço de vida urbano e o espaço de vida social seria atenuado.

Dicotomia centro-periferia/rico-pobre

A valorização imobiliária das áreas centrais em detrimento das periféricas resulta no direcionamento da população de renda mais baixa em direção aos bairros afastados, onde a moradia tem custo menor. No entanto, conforme ressalta a publicação do WRI Brasil Cidades Sustentáveis,Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável – DOTS, essa dinâmica resulta em uma precária atenção às necessidades básicas da vida urbana para essas áreas. Em linhas gerais, o DOTS destaca como a promoção de um crescimento mais compacto, conectado e coordenado das cidades é fundamental para o acesso a serviços, trabalho, educação e lazer, e estabelece um conjunto de “recomendações concretas de desenho urbano e gestão de fácil compreensão e implementação baseadas nos elementos da mobilidade sustentável, aplicáveis em projetos novos ou de renovação urbana”.

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