Arquitetura, Conhecimento e Escritura: como abordar um fato arquitetônico através de palavras?

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© Magritte

Por Igor Fracalossi

No último parágrafo da página trinta e seis de seu livro Presenças Reais, George Steiner põe em jogo uma asseveração: “Só no campo da literatura moderna, se calcula que as universidade soviéticas e ocidentais registram umas trinta mil teses doutorais por ano.”1. Na página seguinte, continua sua proposição com outro dado: “Se estima que, desde fins da década de 1780, se produziram sobre os verdadeiros significados de Hamlet vinte e cinco mil livros, ensaios, artigos, teses doutorais e contribuições a colóquios críticos e especializados.” (o sublinhado é meu). Steiner publicou seu livro no ano de 1989. Passados vinte e quatro anos, se pode supor que a quantidade de teses doutorais publicadas anualmente é consideravelmente maior, ademais se são postas em jogo todas as disciplinas de todas as universidades do mundo. É de supor, consequentemente, que a situação da arquitetura em quanto disciplina não seja substancialmente diferente. Portanto, a primeira pergunta que se faz este ensaio é: o que significa uma tese em meio a este hipertrofiado conjunto?

Apesar da resposta tender à nulidade, a interrogativa não deixa de ser, obviamente, sobre o conhecimento, ou mais bem, sobre o que é um aporte ao conhecimento, ou sobre como aportar ao conhecimento na atualidade, o que se confunde com a pergunta sobre a tese em quanto tal. Sobre isto, Steiner sustenta ao longo do seu livro, a partir da visão de Kant, que seria impossível ter acesso ao conhecimento de fato, em virtude da facticidade e inexplicabilidade da morte. Ou seja, que todo conhecimento tal como se entende, não seria conhecimento em si, senão simulação de conhecimento, visto que seu desenvolvimento tenderia inevitavelmente à pergunta pela morte, o que lhe aprisionaria à indemonstração.

No entanto, tal fato é o que permite, segundo Steiner, à imaginação e ao pensamento serem livres, ou seja, se tudo é simulação, não se faz necessário se ater a nada. Consequentemente, tudo o que é humano –e para Steiner, o essencialmente humano é a arte, a literatura e a música– tende a uma intrínseca contradição entre ficção e realidade. Não obstante, para o autor, ficção não seria o oposto de realidade, senão seu alter-ego. Ou seja, no reino da ficção, no qual estão de modo intrínseco e evidente, a arte, a literatura e a música, o que existe é contra-criação, e consequentemente, contra-realidade. Com os prefixos alter- e contra- se quer dizer o ente que faz possível a existência do outro. Finalmente, segundo o autor, só o fictício é capaz de negar a morte e, por ventura, superá-la, podendo tornar-se assim, mais real que a realidade mesma. Se poderia dizer: só o artifício… e consequentemente: só a arte é capaz de negar a morte, a inércia do conhecimento.

Na primeira frase do segundo capítulo de seu livro, Steiner afirma: “Qualquer coisa pode ser dita e, em consequência, escrita, sobre qualquer coisa.” (sic). Só a linguagem não tem limites, na medida em que deriva, sobretudo, da total liberdade outorgada ao pensamento. E sendo assim, “todas as afirmações, todas as ‘provas’ –dizia Steiner– da existência ou inexistência de Deus estão abertas à negação.” A linguagem só mantem validez em sua lógica interna e fechada, ou seja, na medida em que se definem limites ou parâmetros para ela. Quanto mais claros sejam esses limites, mais evidente será a impressão de algum sentido e mais forte será a tendência a alguma verdade. Por tal motivo, o discurso –escrito ou falado– não pode ser verificado ou refutado rigorosamente, ou seja, não pode ser verificado sem que antes se parta de supostos anteriores; não pode ser verificado sem limites, ou em consciência de todos eles.

Isto pode entender-se de maneira distinta. Em seu conto A Biblioteca de Babel, Jorge Luis Borges afirma que na biblioteca, que é o universo, está tudo: “a historia minuciosa do porvir, as autobiografias dos arcanjos, o catálogo fiel da Biblioteca, milhares e milhares de catálogos falsos, a demostração da falácia desses catálogos, a demonstração da falácia do catálogo verdadeiro, o evangelho gnóstico de Basílides, o comentário desse evangelho, a relação verídica da tua morte, a versão de cada livro a todas as línguas, as interpolações de cada livro em todos os livros”2. Em virtude dessa totalidade e infinitude, todo escrito que à vista de um homem parece não apresentar nenhum sentido, para outro, embora talvez ainda não tenha vindo à existência e porventura não virá, pode encerrar um sentido preciso. No entanto, para Borges, parece ser vã a busca por tal sentido presente em algum livro, pelo improvável de seu encontro. De tal maneira que, em última instância, a escritura parece não significar nada em si mesma. “Falar é incorrer em tautologias”, diria Borges.

Visto o anterior, o problema agora não é o da tese em quanto meio de produção de conhecimento, discutido de forma breve anteriormente, senão o da tese em quanto escritura. O problema, portanto, a nível acadêmico e dentro da arquitetura em quanto disciplina, está na interminabilidade das interpretações secundárias, ou seja, do comentário, do discurso, da opinião, etc. O comentário, para Steiner, sempre vai gerar mais comentários, o discurso, mais discursos, a opinião, mais opiniões. Somente a arte, a música e a literatura são capaz de pôr fim a esta sequência. Não obstante, é necessário aclarar uma lacuna aberta nas sentenças anteriores. Nenhuma interpretação secundária parece propiciar a irrupção da literatura. Como observador por Steiner, os produtos das interpretações secundárias são sempre interpretações secundárias. Ademais, para o autor, assim como para Borges, as origens das interpretações secundárias também são interpretações secundárias. Ou seja, as interpretações secundárias não falam, sob esta concepção, da arte, da música ou da literatura às quais parece se referir, mas de algum escrito anterior ou inclusive posterior, em se tratando da primeira interpretação secundária em sentido cronológico. A primeira interpretação secundária, segundo Steiner, estaria preocupada em responder futuros possíveis questionamentos e não em interpretar, de fato, uma obra.

“As melhores leituras da arte –dizia Steiner– são arte”. Toda arte séria é intrinsecamente uma interpretação sobre o outro, mas também sobre si mesma. É simultaneamente um ato crítico e autocrítico. Porém autocrítico não no sentido biográfico, senão em sua dimensão transcendental: em seu enfrentamento à morte e à existência. Em outras palavras, para Steiner, a interpretação por excelência é uma nova execução e, em consequência, uma nova criação, uma crítica em ação. A diferença crucial, para o autor, entre esta interpretação ativa e os comentários críticos ou acadêmicos está em que a primeira é fiel ao original, ao pôr em perigo seu próprio destino.

Outra vez mais, Borges esclarece tais apreciações através de um conto. Trata-se de seu Pierre Menard: autor do Quixote. Em seu conto, Menard reescreveu o Quixote de Cervantes, como se fosse Cervantes, embora consciente de ser Menard. “Não queria compor outro Quixote –o que é fácil–, senão ‘o’ Quixote”3 (sic), esclareceu Borges. Logrou um bom domínio do espanhol do século XVII, modificou, talvez em todo sua empresa, uma única vírgula, inexistente na versão de Cervantes, y contudo, disse Borges, não logrou ser senão um exercício intelectual a mais, e como todos, inútil. O singular de Menard, no entanto, foi que “Resolveu adiantar-se à vanidade que aguarda todas as fatigas do homem; acometeu uma empresa complexíssima e de antemão fútil. Dedicou seus escrúpulos e vigílias a repetir num idioma alheio um livro preexistente. Multiplicou os borradores; corrigiu tenazmente e desgarrou milhares de páginas manuscritas. Não permitiu que foram examinadas por ninguém e cuidou para que não lhe sobrevivessem.”.

Menard foi, nessa ocasião, um verdadeiro intérprete, no mesmo sentido com o qual lhe defenderia Steiner: um tradutor ativo, fiel ao original. O Quixote de Menard não é, para Borges, mais verdadeiro que o de Cervantes, senão que é O Quixote –não adjetivos para o ser–. Isto porque talvez o Cervantes que foi Menard logrou ser mais impessoal, mais transcendente, logrou ser um puro meio, logrou pôr-se à disposição sem necessitar motivos mais além da sua própria vontade, logrou ser anterior a Cervantes, logrou faltar.

Uma vez mais, o fator cronologia se faz presente e crucial. O Quixote de Cervantes comenta agora o Quixote, o escrito por Menard, embora Menard tenha escrito depois de três séculos, e apenas dois capítulos e parte de um terceiro. Do mesmo modo, a Odisseia de Homero, escrita aproximadamente no século VIII a.C., seria, para Borges –citado por Steiner–, um mero comentário de Ulisses de James Joyce, publicado em 1922. Sendo assim, a anterioridade ou referencialidade ou melhor, a originalidade na literatura, música ou arte parece não ser uma questão cronológica.

Outra circunstancia que reforça a construção proposta por este ensaio parte, uma vez mais, de um conto de Borges: trata-se da impossibilidade de existir duas coisas iguais no mundo. Na Parábola do palácio, Borges escreve que, certa vez, um poeta convocado por um rei logrou conter todo o palácio numa só palavra ou verso recitado. Foi a única vez, segundo o autor, que duas coisas puderam coexistir por um instante. O rei o matou, porque já não podia viver naquilo que já não mais existia.4 Porque ou se tem o palácio ou se tem a palavra. A palavra apresentava a inexistência do palácio. Ou se tem o edifício escrito ou se tem o edifício materializado –mas que já não existe–.

Esta mútua exclusão parece ser outro problema de aquilo que provem do homem. Ou seja, tudo que parte do homem em direção ao mundo parece tender a uma intrínseca separação. As palavras, o pensamento e os sentidos, mais que conectar homem e mundo, parecem excluí-los mutuamente. E, outra vez, isso parece se dever a inexplicabilidade da morte, o prejuízo original da criação. De tal maneira que qualquer tentativa por parte do homem de se relacionar com o mundo partiria de um prejuízo e, portanto, não seria um saber de fato. A cada nova tentativa, a separação pareceria maior. Em consequência, quanto mais se crê que se conhece o mundo, mais apartados dele os seres humanos estariam, ou deveriam estar.

Apesar de tal circunstância, Steiner mantem sua aposta na arte, na música e na literatura. Segundo ele, elas possuem a absoluta liberdade de não haver chegado a ser, ou seja, de não haver ainda se concretizado em ato, e portanto, de se manter em estado latente. Ao ser um fato iminente, a arte, a música e a literatura não proporcionam a separação do homem com o mundo. Sua vinda à existência é ulterior e será permitida por outros –observador, espectador, leitor–. Compõem a esfera do não nascido e que, portanto, não pode morrer, ou que sempre irá ressurgir.

Nas mãos da imaginação, que como observado por Steiner, é sempre um ato semântico, entra em jogo um novo problema, o última dessa discussão teórica: o problema da semelhança. Tal problema está implícito nos contos já citados de Borges, mas é Michel Foucault em seu Ensaio sobre Magritte5 quem esclarece o ponto. A semelhança é intrínseca à imaginação e a imaginação só é permitida pela semelhança. Porém, a semelhança é sempre óbvia e direta: no caso do quadro Decalcomania de Magritte, o recorte na cortina seria igual à silhueta do homem a sua esquerda. No entanto, Magritte vai mais além da mera semelhança. Chega e atua sobre as similitudes possibilitadas pela semelhança. A similitude é sempre incerta, imprecisa, indefinida, infinita: é a crítica uma descrição de algo existente ou uma construção de algo que ainda não veio a existência? Sou eu o arquiteto do edifício ou seria isto uma reconstrução por parte de outro arquiteto? É isto uma interpretação sobre a obra ou uma memória de seus antecedentes projetuais? Foucault, por sua vez, se perguntava: era o homem parte da cortina ou a cortina sempre esteve recortada?; é a paisagem na cortina a projeção daquilo que está vendo o homem?; foi o homem que se deslocou à esquerda ou a paisagem que se deslocou à direita?; se o homem sempre esteve imóvel, é a paisagem um obséquio do pintor para permitir ver aquilo que o homem impedia? E no entanto, são perguntas sem respostas.

Ao ser semelhantes, os edifícios construídos através de materiais e de palavras são fatos paralelos. E ao serem paralelos, podem coincidir –no sentido geométrico do termo–. Ou seja, dependendo do ponto de vista, podem parecer ser a mesma coisa, embora sobre outro ponto, podem chegar a estar tão distanciados que é impossível relacioná-los. Como dito em outras palavras anteriormente, a posição de coincidência embora não seja mais que uma, é a mais fácil de enxergar.

Na fricção das dissociações entre o escrever, próprio do sistema de produção de conhecimento, e o abordar, próprio da investigação em arquitetura, está a crítica. É sua premissa a tentativa por atuar sob condições extremas de cada polo, na busca por uma nova associação entre ambos

Crítica, interpretação e criação são, em última instância, sinônimos.

  1. George Steiner, Presencias Reales: ¿Hay algo en lo que decimos?, Destino, Barcelona, 2007 (1989)
  2. Jorge Luis Borges, La Biblioteca de Babel, en su Ficciones, Emece, Buenos Aires, 1996.
  3. Jorge Luis Borges, Pierre Menard, en su Ficciones, Emece, Buenos Aires, 1996.
  4. Jorge Luis Borges, Parábola del palacio, en su El Hacedor, Alianza, Madrid, 1997.
  5. Michel Foucault, Esto no es una pipa: ensayo sobre Magritte, Anagrama, Barcelona, 1997.

Fonte: Fracalossi , Igor . "Arquitetura, Conhecimento e Escritura: como abordar um fato arquitetônico através de palavras?" 30 May 2013. ArchDaily. Accessed 31 May 2013. http://www.archdaily.com.br/117366/arquitetura-conhecimento-e-escritura-como-abordar-um-fato-arquitetonico-atraves-de-palavras/?utm_source=ArchDaily+Brasil&utm_campaign=50df875c16-Archdaily-Brasil-Newsletter&utm_medium=email&utm_term=0_318e05562a-50df875c16-407774757

Web Seminário - Gerenciamento de Projetos, Programa e Portfólio

Web Seminario

O evento

A disciplina de Gerenciamento de Projetos, Programa e Portfólio vem sendo adotada amplamente nos últimos anos por empresas do mundo inteiro, que têm feito altos investimentos em pesquisa, treinamento e consultoria nesta área. O objetivo desta palestra é apresentar como a efetiva gestão do portfólio pode contribuir para o sucesso do negócio e a criação de vantagem competitiva para as empresas, ilustrando uma metodologia de gerenciamento de portfólio e o papel do PMO na governança de projetos.
O evento, patrocinado pelo Construmanager, é gratuito e será transmitido ao vivo pela Internet no dia 5 de junho, às 16h, por Norberto Almeida, Diretor Executivo da Portfolio Expert, Mestre em Sistemas de Gestão pela UFF, MBA em Sistemas de Gestão pela UFF, MBI pelo NCE da UFRJ, Pós-graduado em Análise, Projeto e Gerência de Sistemas pela PUC-RJ e formado em TI pela Universidade Celso Lisboa.


Público-alvo

Todos os profissionais relacionados direta ou indiretamente à área de Projetos interessados em aprimorar seus conhecimentos e otimizar o desenvolvimento
de seu trabalho.

Conteúdo programático

1 - Introdução ao Gerenciamento de Portfólio

2 - Pilares do Gerenciamento Profissional do Portfólio

3 - O que é sucesso em projetos

4 - Metodologia de Gerenciamento de Portfólio – Visão Geral

5 - Algumas técnicas de seleção e priorização de projetos – Visão Geral

6 - O papel do PMO na governança de projetos

7 - Métricas e Indicadores do Portfólio e do PMO

 

Palestrante: Norberto Almeida

Norberto Almeida

Mestre em Sistemas de Gestão pela Universidade Federal Fluminense (UFF), MBA em Sistemas de Gestão pela UFF, MBI pelo NCE da UFRJ, Pós-graduado em Análise, Projeto e Gerência de Sistemas pela PUC-RJ e formado em TI pela Universidade Celso Lisboa. Atualmente é Diretor Executivo da Portfolio Expert. Professor de cursos de capacitação em Gerenciamento de Projetos, Programa e Portfólio, PMO, Preparatórios para Certificação PMP, Preparatórios para Certificação Microsoft Project, bem como nos MBAs de Gerenciamento de Projetos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade Federal Fluminense. Autor do livro Gerenciamento de Portfólio (2011), coautor do livro PMO - Gerência de Projetos, Programas e Portfólio na prática (2012 – Best Seller), e coautor do livro Metodologia de Gerenciamento de Portfólio – Teoria e Prática (2013) da Editora Brasport.

A inscrição é gratuita e as vagas são limitadas.

Fonte: http://www.construmanager.com.br/home/webseminario/gerenciamento-de-portfolio/?utm_source=virtualtarget&utm_medium=email&utm_term=home_evento&utm_content=webseminario_portfolio&utm_campaign=ws_cm_portfolio

Especialistas estrangeiros falam em São Paulo sobre arquitetura digital - BIM

Arquitetura Digital

Para permitir a seus associados e aos profissionais brasileiros da área o contato com o que há de mais avançado em matéria de arquitetura digital - BIM, a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura vai reunir em São Paulo alguns dos maiores especialistas no assunto, do Brasil e Exterior.

Será um dia inteiro de debates, no dia 20 de junho, no Hotel Caesar Business Paulista, sobre esta nova forma de produzir e apresentar os projetos de arquitetura, utilizando todo o potencial de processamento de dados para viabilizar simulações de desempenho e novas maneiras de vencer os desafios que se põem para a arquitetura atual.

Entre os profissionais estrangeiros que virão a São Paulo, estão o físico e arquiteto Chien Chung Pei, fundador da PeiPartnershipArchitects que colaborou em projetos para o Museu do Louvre em Paris e para o Guggenheim Pavilion.

Está confirmada também a presença de Kevin Klinger, diretor do Instituto de Fabricação Digital na Ball StateUniversity, e professor associado de Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Planejamento.

Estará ainda nas mesas de debate Michael Szivos, designer, formado em arquitetura pela Universidade de Columbia e criador do SOFTlab, um estúdio de design que é uma mistura única de designers, artistas, arquitetos e educadores que se aproximam de cada projeto a partir de uma nova perspectiva para assim criar experiências espaciais, gráficas, interativas e visualmente ricas.

Garanta sua vaga.

Associados às entidades apoiadoras têm desconto

Data: 20 de Junho de 2013

Local: Hotel Caesar Business Paulista

Avenida Paulista, 2181 - São Paulo/SP

Horário: 8h30 às 18h30

FICHA DE INSCRIÇÃO

PROGRAMAÇÃO

NR-18: consulta pública atualizará a Norma Regulamentadora

Encontra-se em Consulta Pública para atualização da NR-18, que trata das Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. As sugestões podem ser encaminhadas ao Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST) até o dia 22 de junho de 2013, para o email normatização.sit@mte.gov.br ou para o Ministério do Trabalho e Emprego – Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST) – Coordenação-Geral de Normatização e Programas – Esplanada dos Ministérios – Bloco F – Anexo B 1º andar – Sala 107 – Brasília-DF – CEP 70059-900.

A hora das cidades

A sociedade brasileira tem avançado nas últimas décadas, lenta e persistentemente, com conquistas que promovem a organização, a dignidade e o desenvolvimento social. Após a ditadura militar, com recorde de desigualdade social nos '70, foi conquistada a democracia e a institucionalização do país nos '80, a estabilidade econômica e o início da luta contra o analfabetismo nos '90, a diminuição da pobreza com equidade na distribuição da renda e justiça social, com o crescimento da classe média, na primeira década do Século XXI. A década presente se vislumbra como a das cidades, pelo crescimento que elas experimentaram e que transformaram o Brasil em uma sociedade urbana - hoje, mais de 85% da população mora em cidades -, assim como pelos problemas que pressionam aos moradores e gestores, fruto de uma tradição de improvisação e ausência de planejamento.

As cidades são hoje centros de decisões, organismos de concentração do conhecimento, da cultura e do desenvolvimento social. Elas expressam o atual dilema brasileiro de crescimento econômico com subdesenvolvimento urbano, a característica de um país que atinge posições de prestígio no contexto global sem ter resolvido elementares questões de organização interna. A cultura do improviso, da desigualdade, da persistência de poderes anacrônicos, da lei do mais forte, da injustiça social e da imutável corrupção se evidencia com nitidez nas configurações das cidades brasileiras. Elas tem se tornado centros de poder e de domínio do território ao mesmo tempo que desafios para a convivência social democrática e organizada. Por isso, elas são hoje o motivo de debates que concentram os esforços e as atenções dos mais diversos estratos sociais, protagonistas desta década que exige a solução de problemas cruciais de estruturação urbana, que se traduzirão no desenvolvimento efetivo do país.

O planejamento urbano e territorial de longo prazo, com a participação democrática e efetiva da sociedade organizada, sustento de um projeto de cidade pactuado entre as diferentes forças sociais que a conformam e que deverá ter sua manifestação física na ocupação do território, constitui a bandeira de luta de diferentes organizações que clamam por um contexto qualificado e digno para desenvolver a vida em comunidade.

Um conjunto de instrumentos, como os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988, referidos a Política Urbana, e muitas outras leis e ações da última década (1), constituem um valioso arcabouço técnico e legal pronto para transferir um sistema de leis e conceitos elaborados e aprimorados, porém ainda não materializados nas cidades. Elas continuam na espera de efetivas políticas de desenvolvimento social e de intervenções que qualifiquem efetivamente o espaço urbano e estimulem a apropriação cidadã.

Uma agenda de temas a serem debatidos torna-se necessária e estratégica para instrumentar as políticas e intervenções que promoverão o ressurgimento das cidades brasileiras como centros efetivos de decisões e de vivência social, com níveis mínimos de urbanidade e civilidade. Dentre eles, a consideração de políticas urbanas para a consolidação de cidades democráticas, integradas e inclusivas; a implementação de gestões urbanas baseadas no planejamento de longo prazo com a participação da sociedade organizada; a elaboração de projetos de cidade como instrumento de construção da paisagem urbana e de organização da estrutura física natural e cultural; a valorização da habitação popular como estratégia de desenvolvimento urbano e do urbanismo como veículo de integração, inclusão e justiça social; a planificação do espaço público, valorização dos pedestres, organização de novas centralidades, promoção do uso misto, favorecimento do transporte público e estímulo de meios alternativos de locomoção facilitadores da mobilidade urbana; a preservação e integração dos elementos que compõem o patrimônio material, imaterial e cultural como instrumentos de valorização da identidade e do significado; a integração com o território e com as redes de cidades que compõem áreas ou regiões metropolitanas; a promoção e preservação das estruturas e recursos que favorecem a sustentabilidade ambiental e econômica; a implementação dos objetivos do planejamento de longo prazo visando o desenvolvimento com preservação do patrimônio cultural e ambiental; a solução das carências crônicas de saneamento e disposição dos resíduos. Tais temas constituem bases estratégias de implementação e construção da cidade brasileira do Século XXI.

O Século XXI é o século das cidades, e a década presente o momento de iniciar as transformações para efetivas reformas urbanas. A consolidação das cidades como centros de controle e estruturação do território, organizadas sob conceitos de democracia e justiça social, materializadas com intervenções que valorizem o espaço urbano e a integração social, são o suporte para a construção de um país desenvolvido e civilizado. O desafio das cidades compromete todas as forças ativas da sociedade, competindo à arquitetura e urbanismo a construção racional e emotiva dos espaços urbanos que configurarão o Brasil sonhado.

Estatuto das Cidades, de 2001, criação do Ministério das Cidades em 2003, realização das Conferências das Cidades em 2003, 2005, 2007, 2010 e 2013, criação do Conselho Nacional das Cidades em 2003, do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social em 2005, exigência de elaboração de Planos Diretores, em 2006, Plataforma Nacional de Prevenção dos despejos, de 2006, Política Nacional de Saneamento, de 2007, Plano Nacional de Habitação, de 2008, Lei de Assistência Técnica para Famílias de Baixa Renda, de 2008, Política Nacional de Mobilidade, de 2012.


Roberto Ghione é arquiteto e Diretor do IAB;PE

O que fazer para melhorar o trânsito nas cidades?

População pode opinar sobre mobilidade urbana

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Qual política pública você considera mais importante para incentivar o uso de transporte coletivo? Como estimular o uso de meios de transporte não motorizados, como a bicicleta e o andar a pé? Qual providência é mais importante para reduzir os problemas da mobilidade urbana em sua cidade e região? Para ouvir a população sobre desafios relacionados à mobilidade urbana, está disponível no Portal da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) uma consulta pública sobre o assunto. A iniciativa é uma das etapas do Fórum Técnico “Mobilidade Urbana – Construindo Cidades Inteligentes”, evento que está em fase final de organização, em parceria com dezenas de entidades, órgãos públicos e representantes da sociedade civil.

A consulta pública ficará aberta no Portal da Assembleia até 30 de junho. Cada item apresentado aos internautas possui um texto informativo e uma pergunta-chave para nortear a participação. É possível também avaliar sugestões já enviadas. Os conteúdos estão relacionados a dez itens: Planejamento urbano integrado; Transporte coletivo; Transporte não motorizado e circulação de pedestres; Fiscalização do trânsito e dos serviços de transporte; Participação e controle social; Financiamento; Ações educativas; Novas tecnologias e cidades inteligentes; Meio ambiente e cidades sustentáveis; e Acessibilidade e cidades inclusivas.

Os temas do fórum foram selecionados por especialistas e parceiros, durante as reuniões preparatórias do evento. São eles: “Mobilidade Urbana e Desenvolvimento das Cidades: governança política, planejamento integrado e articulação das políticas públicas”; “Cidades e Infraestrutura de Mobilidade Urbana: desafios e estratégias”; “Desafios da Efetividade do Planejamento em Mobilidade Urbana: financiamento, fiscalização e controle social”; e “Mobilidade Urbana e Cidades Inteligentes e Sustentáveis: educação, meio ambiente e novas tecnologias”. O fórum terá momentos na Capital e no interior. Nos dias 13 e 14 de junho, por exemplo, será realizado no Plenário da Casa um Ciclo de Debates para discussão dos temas escolhidos e cujas inscrições já estão abertas.

Para parceiros: A consulta pública pode ser divulgada em seus meios de informação.

Veja série de matérias especiais sobre mobilidade urbana, com a opinião de especialistas, dados e análises de casos.

Fonte: http://www.caubr.org.br/?p=10431

Ranking Copenhagenize 2013: As 20 cidades mais bem preparadas para o ciclismo urbano

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Amsterdã, Países Baixos

Por Constanza Martínez Gaete, via Plataforma Urbana. Tradução Archdaily Brasil.

O blog dinamarquês Copenhagenize Design Co. acaba de lançar seu Ranking Copenhagenize 2013 das 20 cidades do mundo mais amigável com as bicicletas. Elaborado feita pela primeira vez em 2011, a lista que incluía 80 cidades não foi lançada, apenas utilizada internamente no site. No entanto, devido às informações coletadas e da metodologia utilizada, o ranking tornou-se uma valiosa ferramenta, pois divulga os esforços de vários países em estabelecer a bicicleta como meio de transporte acessível, limpo e conveniente, entre muitos outros aspectos positivos.

Na versão de 2013, a lista foi ampliada para 150 cidades, graças à contribuição de 400 pessoas, entre as quais estão arquitetos, cidadãos, organizações que promovem o ciclismo, urbanistas e políticos.

As cidades analisadas foram selecionadas com base no seu tamanho e treze indicadores: publicidade, cultura de bicicletas, infraestrutura para bicicletas, instalações para bicicletas, programas públicos de empréstimos de bicicletas, de gênero, de percepção de segurança, política, aceitação social, urbanismo, contenção do tráfego e número de deslocamentos. De acordo com diferentes variantes, a soma dos indicadores dá, no máximo, 100 pontos, atribuindo o primeiro lugar a uma cidade. Vale mencionar que a classificação é composta de 14 posições, que em alguns casos são compartilhadas por três cidades.

A seguir, as cidades que integram o Ranking 2013.

1. Amsterdã, Países-Baixos

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Amsterdã, Países Baixos

Fonte e reportagem completa: Baratto , Romullo . "Ranking Copenhagenize 2013: As 20 cidades mais bem preparadas para o ciclismo urbano" 28 May 2013. ArchDaily. Accessed 29 May 2013. http://www.archdaily.com.br/116484/ranking-copenhagenize2013-as-20-cidades-mais-bem-preparadas-para-o-ciclismo-urbano-2/?utm_source=ArchDaily+Brasil&utm_campaign=8081e48dcf-Archdaily-Brasil-Newsletter&utm_medium=email&utm_term=0_318e05562a-8081e48dcf-407774757

CAU/BR passa a integrar a Associação Brasileira de Normas Técnicas

Contrato com organização que estabelece regras para produtos, materiais e edificações permitirá aos arquitetos e urbanistas participar do processo de criação de normas

CAU_ABNT

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) assinou contrato de cooperação técnica com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Como associado-mantenedor, o CAU/BR pode disputar assentos no Conselho Deliberativo da ABNT (são 10 novos membros eleitos por ano) e também coordenar grupos de trabalho para edição de normas técnicas. O presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, lembrou que, como o conselho é um órgão que tem a missão de estabelecer regras para o exercício da profissão, é fundamental sua participação na edição das normas técnicas que deverão ser observadas por arquitetos e urbanistas.
“A participação de arquitetos e urbanistas no processo de edição valoriza as normas técnicas que se referem ao setor”, disse o presidente do Conselho Deliberativo da ABNT, Pedro Buzatto Costa. As normas técnicas da ABNT não são leis, ou seja, a adesão a elas é voluntária, mas essas normas são as principais referências da Justiça Brasileira em ações que envolvam Direito do Consumidor. Por isso, a participação do CAU/BR na ABNT é um importante instrumento para a valorização e regulação do trabalho profissional de arquitetos e urbanistas. “Antigamente, havia normas apenas para produtos. Hoje, elas existem até para estádios de futebol”, lembrou Pedro Buzzato.
Segundo o presidente do Conselho da ABNT, a principal preocupação da entidade não é exatamente a criação de normas, mas a expansão da cultura de normatização. “Trata-se de uma codição essencial para se disputar qualquer mercado nos dias de hoje”, afirmou. “Precisamos do apoio de vocês, inclusive porque hoje há uma grande preocupação em definir as responsabilidades de cada setor nas diferentes etapas do processo produtivo”. Um exemplo disso é a Norma ABNT 15.575, que estabelece critérios mínimos para o desempenho de edificações e divide as responsabilidades entre projetistas, construtores e moradores. Saiba mais aqui.

O contrato com a ABNT também prevê uma série de vantagens e serviços para arquitetos registrados no CAU/BR, como:
  • Desconto de 50% para compra das normas técnicas da ABNT
  • Desconto 15% em cursos oferecidos pela ABNT (com a possibilidade de realização de cursos nas sedes dos CAU/UF)
  • Instalação de 200 pontos de redes nos CAU/UF para consulta gratuita às normas da ABNT
  • Acesso restrito a todas as normas da ABNT e Mercosul pelo site da ABNT
Fonte: http://www.caubr.org.br/?p=10469

Arquitetura: tempos modernos

Cristina Dantas (especial), Valor Econômico

Nem todas as bombas que aturdiram o mundo durante a Segunda Guerra foram destruidoras. Quando Lina Bo Bardi se referia ao catálogo da exposição "Brazil Builds: Architecture New and Old", que ocorreu no MoMA há 70 anos, costumava dizer que ele "caiu como uma bomba na Europa".

O arquiteto Marcelo Ferraz ouviu mais de uma vez a frase proferida pela arquiteta italiana, com quem estabeleceu longa parceria de trabalho e amizade. Lina era uma jovem arquiteta e ainda vivia na Itália quando o "Brazil Builds" lhe caiu nas mãos. "O catálogo revela o momento em que o país olhava para o futuro, para um horizonte largo. Lançava luz sobre a arquitetura brasileira de origem portuguesa, já mesclada aos nossos elementos, e sobre a arquitetura que nascia - era ao mesmo tempo raiz e antena", diz Ferraz.

Se na ocasião a exposição chamou a atenção dos nova-iorquinos, o livro-catálogo correu o mundo, mostrando que o Brasil engendrava a melhor produção da sua arquitetura. "O moderno, no Brasil, já nasce clássico", afirma Ciro Pirondi, fundador da Escola da Cidade, em São Paulo, que por muitos anos foi amigo de Oscar Niemeyer.

O térreo do MoMA reunia em painéis e algumas maquetes nossas obras mais emblemáticas entre 1652 e 1942: casas e edifícios que resgatavam o passado colonial brasileiro e o devolviam sob traçado novo. Entre as joias que mais chamaram a atenção do público e dos críticos estava o prédio do Ministério da Educação e Cultura, no centro do Rio, assinado por um time de primeira grandeza somado a um convidado ilustre, o arquiteto franco-suíço Le Corbusier.

Passados 70 anos, uma equipe de curadores de arquitetura do MoMA desembarcou no Brasil para começar outra empreitada que também terá vez no museu, em 2015 - em foco, a arquitetura brasileira e latino-americana. Bem antes, na segunda-feira, outro evento traz à tona a produção brasileira recente: uma exposição com mais de 60 nomes da nova geração de arquitetos será aberta em Constança, na Alemanha.

Seguirá para Veneza, depois para Copenhague. Deve ainda visitar outros locais, antes de chegar ao Brasil no ano que vem. Os cariocas terão um gostinho da mostra ainda neste ano. Batizada de "Arquitetura Brasileira 2003-2013", ela será vista no Espaço Tom Jobim, no Rio, em outubro. A ideia partiu dos professores da Escola da Cidade, que espalharam curadores por todos os cantos do país.

"Do ponto de vista formal, continuamos herdeiros do moderno, utilizando o seu vocabulário e a sua sintaxe", afirma Carlos Eduardo Comas

Desta vez, no MoMA ou nas cidades europeias, não há articulação governamental fomentando a arquitetura. Outros tempos. Le Corbusier veio ao Brasil por iniciativa e insistência de Lucio Costa. "Lucio tanto atormentou o ministro Gustavo Capanema que ele ligou para o presidente Getúlio Vargas e o colocou ao telefone para explicar por que, afinal, o governo deveria trazer Le Corbusier para o Brasil", diz Pirondi. Não se sabe o que Costa soprou nos ouvidos de Vargas, mas a conversa não durou mais do que cinco minutos - e o convite foi autorizado.

Assim começou a nascer o Ministério da Educação e Cultura, hoje Edifício Gustavo Capanema. "Lucio Costa sabia o que queria com a vinda de Le Corbusier: repercussão e proximidade com novas técnicas", diz Pirondi.

A equipe formada incluía Carlos Leão, Jorge Moreira, Ernani Vasconcellos e também novatos: Affonso Reidy e Niemeyer. Um dia, durante os trabalhos, Leão chamou Lucio Costa de lado: "Você viu o croqui maravilhoso que o garoto fez?", disse, referindo-se ao desenho que observara de relance na prancheta de Niemeyer. Costa não tinha visto. Passado um tempo, solicitou o desenho a Niemeyer. "Joguei fora", ele respondeu. "Então vá buscar."

Niemeyer resgatou o croqui, que havia amassado e atirado pela janela. Alisou o papel e o entregou a Costa. "Ali estava o desenho do edifício como o conhecemos hoje", conta Pirondi. Naturalmente, a concepção foi coletiva, e pela primeira vez na história todos os princípios da arquitetura moderna, preconizados por Le Corbusier, eram reunidos em uma obra de tal escala, um edifício de 14 andares: os pilotis, o brise-soleil, a planta livre.

Foi de Niemeyer a ideia de subir os pilotis em 11 metros, fazendo do térreo um grande pátio, que seria enriquecido com azulejos de Cândido Portinari e esculturas de Bruno Giorgi. Não à toa, o prédio foi cantado em prosa e verso - literalmente.

Ganhou poema de Vinicius de Moraes e bela exaltação de Carlos Drummond de Andrade, na época à frente do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) e também próximo de Gustavo Capanema - condição que fazia toda a diferença. "Havia intelectuais de vanguarda inseridos nas brechas do aparelho do Estado", relembra o historiador, curador e crítico Lauro Cavalcanti. O prédio do ministério foi concluído em 1947, mas o projeto havia sido entregue em 1936. Niemeyer ainda não havia saído da casa dos 20 anos. Costa não era muito mais velho: tinha 34.

Havia bons motivos para que o MoMA - e os EUA - tentasse se aproximar do Brasil. Em plena Segunda Guerra, Getúlio Vargas era um pêndulo que oscilava entre a Itália de Mussolini e a América do Norte dos aliados. Mas críticos e historiadores acreditam que a arquitetura moderna brasileira era motivo de atração em si.

Além do mais, o Pavilhão Brasileiro da Exposição de Nova York, em 1939, havia aberto o caminho e os olhos dos especialistas para o modelo de arquitetura em curso em terras brasileiras. Costa, que havia vencido o concurso, fez um discurso surpreendente. Não se limitou a agradecer aos jurados. Chamou para compor a equipe o segundo colocado, com seu extenso nome: Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho.

"O segundo colocado é melhor", disse, com simplicidade. "Há três desenhos, que podem ser vistos na Casa de Lucio Costa, no Rio", diz Pirondi. "Lá estão o projeto vencedor, de Lucio, o projeto de Niemeyer e um terceiro desenho, que eles fizeram juntos e é totalmente diferente dos seus projetos originais - e que acabou sendo executado.

Tudo o que se fez depois na arquitetura moderna já está antecipado ali - o mezanino curvo do Pavilhão Brasileiro, os pilotis elevados, o jardim de Burle Marx, a interação entre interior e exterior. O projeto é sublime", elogia Pirondi.

Se o Pavilhão foi o pontapé inicial, outros gols ficaram registrados no livro "Brazil Builds", da Pampulha, em Belo Horizonte, à Associação Brasileira de Imprensa, dos irmãos Milton e Marcelo Roberto, no Rio, projetos de 1939. Constam ainda o Grande Hotel de Ouro Preto, de Costa, e a Caixa D'Água de Olinda, erguida junto ao centro histórico da cidade, com sua fachada de cobogós.

"Eles eram corajosos", diz Ferraz, sócio de Francisco Fanucci no escritório Brasil Arquitetura, referindo-se aos arquitetos da época. E ressalta no livro uma qualidade pouco observada na maioria das vezes: as fotos mostram sempre o entorno, justificando a implantação. "Não fazem sentido livros de arquitetura em que os edifícios estão deslocados do contexto". Ferraz aponta outros ícones, alguns, na época, ainda por concluir, a exemplo do Parque Guinle, de Lucio Costa, e do Conjunto Habitacional Pedregulho, de Affonso Reidy, ambos no Rio.

"Está na hora de o Primeiro Mundo fazer uma revisão desse período", conclui o curador no Brasil, Carlos Eduardo Comas

Esses projetos já davam mostras do cunho social que permeava a postura dessa nova geração. Conta Pirondi que Costa pedia cuidado com o termo modernismo, que podia levar à ideia de um estilo. "O que eles tinham em mente não era um estilo, mas uma causa, a construção de um país moderno, contemporâneo, o que estava muito acima das questões estilísticas e estéticas."

De qualquer forma, o curador do MoMA, Philip Goodwin, e o fotógrafo Kidder Smith tiveram como norte a produção estética. E contaram com um precioso "olheiro" vindo do Brasil: Bernard Rudofsky, arquiteto e designer judeu que, após a guerra, decidiu continuar a vida e a carreira fora da Europa. Na Sociedade das Nações, começou a busca por um novo lar - por ordem alfabética. Escolheu a Argentina, para onde se encaminhou com a mulher, Berta.

Quando o navio atracou no Rio, porém, Rudofsky ficou tão encantado que abandonou seu método abecedário e desembarcou na cidade. Foram seis meses tentando se inserir no círculo dos arquitetos cariocas, em vão. "Eles formavam uma espécie de clube fechado", conta Cavalcanti, a quem a viúva de Rudofsky relatou as andanças do casal.

Acolhido em São Paulo, Rudofsky acrescentou um "o" ao seu nome e, como Bernardo Rudofsky, representou o Brasil em um concurso de design promovido pelo MoMA. Venceu e acabou por se estabelecer com a mulher em Nova York, onde continuou próximo da equipe do museu - gente como Philip Goodwin e Kidder Smith. Mas, é claro, o mentor era Costa, que dispensava holofotes. Tanto que até se divertiu - e nem fez questão de desfazer o equívoco - quando a equipe de americanos envolvidos na mostra o confundiu com um funcionário público, a quem solicitavam tarefas aquém de seu papel de arquiteto maior do país.

A exposição continuou repercutindo anos depois. Em 1947, uma das bússolas da arquitetura, a revista francesa "Architecture d'Aujourd'hui", dedicou uma edição aos modernos brasileiros, que estampava na capa o Ministério da Educação e Cultura. "A principal fonte da revista foi o 'Brazil Builds'", diz Cavalcanti. "Entre 1943 e 1947 se produziu muita coisa boa no Brasil, mas o livro 'Brazil Builds' certamente serviu à revista como principal referência."

O projeto dos modernos, que em sua vertente paulista revelou nomes como Vilanova Artigas, Oswaldo Bratke, Lina Bo Bardi, Paulo Mendes da Rocha, Rino Levi e Gregori Warchavchik, encontra seu ápice na construção de Brasília, em 1950 - e é aí que a história começa a mudar.

Por esse tempo, Max Bill, designer e arquiteto da escola funcionalista de Ulm, na Alemanha, visita o Brasil e não poupa uma certa crueza em sua análise, alinhando-se a alguns críticos estrangeiros e a vários nativos. "Para Max Bill, aquela arquitetura fantástica, com todo o seu frescor, tinha adotado algumas fórmulas que se repetiam. E ela estava mesmo caminhando para um certo formalismo", afirma Ferraz.

Lina Bo Bardi, que articulava pensamentos tão bem quanto criava móveis e edifícios, devolveu-lhe a crítica com um artigo na revista "Habitat", em 1951, intitulado "Bela Criança". Nele, a autora do Masp e do Sesc Pompeia, em São Paulo, avisa:

"A nova arquitetura brasileira tem muitos defeitos: é jovem, não teve muito tempo para se deter e pensar, nasceu subitamente como uma bela criança; concordamos que os brise-soleils e os azulejos são 'fatores intencionais', que certas formas livres de Oscar são complacências plásticas, que a realização não é sempre satisfatória, que certas soluções de detalhes não seguem a linha do conjunto (concordando nisso com os meus amigos europeus), mas não concordamos, entretanto, sobre o fato de que a arquitetura brasileira já marca estrada para uma academia (...)".

A defesa era justa, mas a crítica também era. Brises, colunas em V, azulejos e pilotis se proliferavam e se repetiam das maneiras mais arrevesadas. As "formas livres de Oscar", como ela coloca em seu artigo, eram as formas de um escultor, mais do que de um arquiteto. "Oscar Niemeyer foi importantíssimo, mas o Brasil foi monotemático em arquitetura por muito tempo", analisa Marcelo Ferraz.

Cavalcanti também situa nos anos 1950 o apogeu dessa produção. E seria improvável um apogeu eterno. "Depois de Brasília há declínio da produção moderna, pela exaustão do estilo e pela condição política brasileira, que muda a partir de então." Um fator decisivo para o declínio da produção arquitetônica brasileira foi o golpe de 1964, em seus 21 anos.

"Se há um crime maior cometido pelos militares foi a destruição completa da educação", lamenta Pirondi. "Cortaram educação e cultura pela base, fizeram surgir uma geração meio perdida, meio morta." Entre intelectuais e cientistas presos e exilados havia arquitetos, entre eles um dos nomes mais importantes da produção brasileira: Vilanova Artigas, que projetou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, preso e em seguida exilado no Uruguai. Nas faculdades, os alunos já não tinham com quem aprender. "E, para uma cidade", afirma Pirondi, "é melhor um bom padeiro do que um mau arquiteto".

Em 1997, convidado pela embaixada do Brasil nos EUA para elaborar um guia de arquitetura contemporânea brasileira, Cavalcanti se negou. "Não via nada que fosse interessante." Preferiu oferecer um de arquitetura moderna, que se tornou um livro e é editado até hoje no exterior: "Quando o Brasil era Moderno".

Na entrada do ano 2000, começou-se a vislumbrar um novo cenário, com produção que vale a pena ser vista. Tanto que, em 2005, Ano do Brasil na França, Cavalcanti avançou no assunto e montou a mostra "Ainda Modernos? Arquitetura Contemporânea Brasileira", transformada em livro pela Martins Fontes.

Para o historiador, "a boa arquitetura praticada hoje é quase clandestina, de pequena escala". "E, se você focar a produção recente, sendo São Paulo o principal centro, nota arquitetos que citam o moderno o tempo todo, como Isay Weinfeld, Marcio Kogan, Angelo Bucci. O problema é que hoje tudo é regulado pelo mercado, pelo lucro e por pesquisas de gosto médio", diz Cavalcanti.

Seja como for, é simbólico que a arquitetura brasileira tenha vez novamente no MoMA. "Essa exposição é pragmática", resume Cavalcanti. "Não dá mais para ignorar a América Latina. Noto que há interesse, respeito e sobretudo disposição dos outros países para olhar o Brasil para além dos exotismos, o que é fundamental". No Brasil, o curador da mostra é o crítico e professor Carlos Eduardo Comas, de Porto Alegre.

A exposição deverá abranger a produção latino-americana entre 1955 e 1980. Segundo o curador, "esse foi um período de críticas ferozes à arquitetura brasileira em particular e à arquitetura latino-americana em geral". "Por volta dos anos 1970, Brasília era demonizada como a cidade que encarnava todos os males do modernismo. Com os novos panoramas arquitetônicos surgidos nos anos 1980, na Europa e nos EUA, simplesmente caímos no esquecimento. Está na hora de o Primeiro Mundo fazer uma revisão desse período", conclui Comas.

Para ele, "do ponto de vista formal, continuamos herdeiros do moderno, utilizando o seu vocabulário e a sua sintaxe". E Pirondi exalta sua virtude: "Há elementos na arquitetura moderna que são permanentes, como ventilação, iluminação, mobilidade. Imagine um país com marquises, com prédios elevados por pilotis, transformando as calçadas em pátios sombreados e abertos à população; casas com ventilação cruzada, painéis de vidro junto aos brises e cobogós atenuam o calor. Você não gostaria de viver num país assim? Eu gostaria."

Fonte: http://www.asbea.org.br/escritorios-arquitetura/noticias/arquitetura-tempos-modernos-289963-1.asp

Prefeitura de BH anuncia mais 114 km de ciclovias

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Obras na ciclovia da Av. Otacílio Negrão de Lima

Segundo a Prefeitura da capital mineira, há 114 km de ciclovias em estágio de projeto executivo. A Avenida Olegário Maciel, na Regional Centro-Sul, receberá uma ciclovia com tachões que a separarão da pista dos automóveis. Já na Avenida Otacílio Negrão de Lima, a ciclovia da orla da Pampulha recebeu o recapeamento do asfalto e, até julho deste ano, serão completados mais 7,5 km.

Apesar de caminhar a passos rápidos em alguns pontos, as obras e projetos para outras avenidas da região – como na Atlântica, Tancredo Neves e Heráclito Mourão – continuam estagnados. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) anunciou que, terminadas as obras de recapeamento do asfalto, novas ciclovias serão implantadas pela cidade.

No caso da ciclovia da Pampulha, a rota de ciclistas não pôde ser feita no mesmo nível da calçada, como nos 11,5 km já existentes, portanto, parte da via existente será destinada às bicicletas. A pista de rolamento da Av. Otacílio Negrão de Lima ficará com duas faixas para veículos, com 3,3 metros de largura cada, e a ciclovia com 2,5 metros. Este novo trecho receberá elementos de sinalização vertical e horizontal adequados.

Já na Avenida Fleming, entre a Otacílio Negrão de Lima e a Rua Sena Madureira, o trecho de pouco mais de um quilômetro, orçado R$ 150 mil, foi concluído. A ciclovia conectará o Bairro Ouro Preto e adjacências até o entorno do principal cartão postal de BH, próximo à Igreja de São Francisco de Assis.

Ainda em 2013, prevê-se a instalação de uma faixa para ciclistas na Avenida Barbacena, aproveitando a execução da obra na Olegário Maciel. Com isso, a rota estará ligada ao Bulevar Arrudas. Nas avenidas Santos Dumont e Paraná, no Centro, os projetos dos corredores de ônibus do BRT (da sigla em inglês para Bus Rapid Transit) já contam com ciclovias. No primeiro caso, segundo a BHTrans, o espaço já foi separado e estará posicionado nas calçadas laterais.

Via Mobilize

Fonte: Baratto , Romullo . "Prefeitura de BH anuncia mais 114 km de ciclovias" 26 May 2013. ArchDaily. Accessed 28 May 2013. http://www.archdaily.com.br/116177/prefeitura-de-bh-anuncia-mais-114-km-de-ciclovias/?utm_source=ArchDaily+Brasil&utm_campaign=fc01136e1a-Archdaily-Brasil-Newsletter&utm_medium=email&utm_term=0_318e05562a-fc01136e1a-407774757

Automação para Edificações Eficientes

 

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  • Posição das concessionárias
  • Smart Grid
  • Tendências mundiais

2º Módulo - Novas tecnologias e mudança de hábitos

  • Mudanças de prioridades
  • Introdução de novos produtos e serviços
  • Experiências piloto em andamento

3º Módulo - Oportunidades de novos negócios ligados à eficiencia energética

  • Projetos inovadores
  • Serviços inovadores

4º Módulo - Apresentação e discussão de casos

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Paraiso - São Paulo (SP)

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Arquitetos e Urbanistas discutem criação de leis em defesa da profissão

Seminário Legislativo analisou procedimentos do Congresso Nacional e formas de atuação junto a governos e assembleias estaduais

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O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) decidiu atuar de forma intensa junto a deputados e senadores para ajudar a organizar as leis que tratam da área. O I Seminário Legislativo do CAU/BR, realizado nos dias 22 e 23 em Brasília, analisou 58 projetos que estão em discussão na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. “O CAU deve interferir nessas pautas e também propor as suas próprias”, afirmou o presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro. “Nosso objetivo é estabelecer uma agenda de atuação para os próximos dois anos”.

No evento, conselheiros federais puderam conhecer mais detalhes de como as leis são propostas, analisadas, votadas e aplicadas. Palestras com assessores parlamentares da Câmara dos Deputados, do Palácio do Planalto e do CAU/BR mostraram a importância de intervir de forma eficiente junto aos poder legislativo. Depois, puderam se reunir para debater e analisar projetos de lei federal em discussão no Congresso, inclusive propondo ações em defesa da profissão e da sociedade.

“O CAU/BR tem a necessidade técnica e cidadã de inteferir na produção de leis. Elas vão ser feitas de qualquer forma, por isso é melhor que sejam feitas com nosso acompanhamento”, afirmou o presidente do CAU/BR. “Na lei de criação do CAU, pôde-se ver como foi possível os arquitetos e urbanistas exercerem um lobby positivo, limpo. Trata-se de uma trabalho de defesa da sociedade que o CAU pode fazer”.

“Saio daqui muito satisfeito com o resultado do Seminário. Talvez não tenha sido possível aprofundar o debate, mas serviu para alertar que há muito o que se fazer, há muita coisa sendo discutida que tem impacto direto na nossa profissão. E mostra que as entidades isoladamente não vão conseguir avançar muito. Temos que apostar naqueles projetos que nos unem, que garantem a melhor condição de exercer a profissão e o melhor retorno para a sociedade”, afirmou Napoleão Ferreira, conselheiro federal do CAU/CE.

ABERTURA

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Haroldo Pinheiro, Fernando Ferro e Jeferson Salazar abrem o Seminário Legislativo na Câmara dos Deputados

A Cerimônia de abertura do Seminário Legislativo aconteceu na Câmara dos Deputados, com a presença do deputado Fernando Ferro (PT-PE). “Esta Casa está de portas abertas para os arquitetos e urbanistas. Gostaria muito de tê-los como aliados no processo de construção e discussão de leis ligadas à área”, disse.

O deputado Zezéu Ribeiro (PT-PE), arquiteto e urbanista de formação, enviou uma carta lembrando a mobilização da categoria em várias situações, como para a criação da Lei 12.378/2010, que criou o CAU, e a Lei da Assistência Técnica. “Travamos lutas históricas no processo de retomada da democracia e a garantia do direito constitucional a moradia e da construção de leis que buscam beneficiar a nossa população e garantir que tenhamos cidades mais justas e solidárias”, diz o texto lido para a plateia de mais de 70 pessoas.

“Temos que emitir nossa posição e fazer a disputa política nesta casa de leis”, disse o presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, Jeferson Salazar. “Este seminário coloca uma nova forma de intervenção dos arquitetos e urbanistas no cenário nacional”.

O presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro explicou que o Seminário Legislativo faz parte de uma série de iniciativas encadeadas para recuperar os 50 anos em que os profissionais lutaram para ter um conselho próprio e voz ativa na sociedade. “Nós podemos ser a mola propulsora para que o Brasil tenha uma política de Estado em relação à Arquitetura e às cidades”, disse. “Vários países já possuem isso, inclusive na América Latina, e o Brasil ainda está longe disso”. Segundo Haroldo, a intervenção do CAU junto ao Congresso Nacional deverá organizar interesses de todas as associações de profissionais, universidades e ONGs.

PROCESSOS LEGISLATIVOS

Seminario Legislativo_CAUBR.jpg01                                                                Especialistas Jenner de Morais e Danilo de Souza explicam como é o processo de criação de leis

O segundo momento do Seminário Legislativo foi a mesa redonda “Processo Legislativo no Executivo e Legislativo”, com o assessor parlamentar da Câmara Jenner Jalne de Morais e com Danilo de Souza, assessor da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. “É preciso entender que a participação da sociedade na elaboração e no resultado das leis é uma coisa justa”, afirmou Jenner. O assessor parlamentar, que tem larga experiência com conselhos profissionais e participou ativamente da aprovação da lei de criação do CAU/BR, explicou o trâmite dos diferentes tipos de projetos no Congresso e quem deve ser procurado em cada momento.

“O presidente de uma casa legislativa depende mais da reunião de líderes de partido do que do plenário”, afirmou. “Para influir junto aos parlamentares, é preciso ter o projeto em mãos, ter uma posição clara quanto a ele e dizer onde é possível ajudar. Aí é que uma assessoria profissional ajuda”. A assessoria, segundo Jenner, deve ser pró-ativa, contrapondo opiniões contrárias e subsidiando apoiadores com bons argumentos. “Mas é preciso lembrar que quem move uma proposição é a força da categoria. O assessor só move as ferramentas”.

Danilo de Souza explicou como o Palácio do Planalto age junto ao Congresso, propondo projetos de lei de sua própria autoria ou usando as lideranças do governo dentro da base aliada. “Mas é principalmente na hora de vetar ou sancionar leis que a Presidência da República exerce seu poder”, disse.

Jenner ressaltou que hoje todos os projetos são acompanhados por diversos atores sociais que praticam lobby no Congresso. “Todo projeto sofre algum antagonismo. Por isso, antes de defender uma tese, é preciso pensar se ela é plausível, exequível, aprovável”.

No segundo dia do seminário, a assessora institucional e parlamentar do CAU/BR, Daniela Demartini, falou com os conselheiros federais sobre a necessidade de os CAU/UF contarem com suas próprias assessorias. “Muitos parlamentares não sabem qual é a função dos conselhos profissionais. É preciso ir até eles e explicar”, disse Daniela. Segundo ela, as principais atividades de uma assessoria parlamentar são: conhecer os objetivos da instituição que representa, entender o trâmite de processos nas assembleias legislativas e nas câmaras de vereadores, analisar os textos, redigir proposições, traçar estratégias de atuação e fazer a articulação pessoal com os parlamentares.

Esse acompanhamento nos estados é importante porque muitos projetos são semelhantes a outros discutidos no Congresso Nacional. “As assessorias dos estados têm muito o que fazer. Mas precisam monitorar as atividades e conversar com o CAU/BR”.

Veja aqui apresentação sobre atribuições da assessoria parlamentar.

PROJETOS DE INTERESSE

No último dia de seminário, os conselheiros federais do CAU/BR dividiram-se em cinco grupos de trabalho para analisar aos 58 projetos de lei sobre Arquitetura e Urbanismo que atualmente tramitam no Congresso.

Entre as proposições discutidas, está o PL 3460/2004, do deputado Walter Feldman (PSDB-SP), que institui diretrizes para a Política Nacional de Planejamento Regional Urbano, cria o Sistema Nacional de Planejamento e Informações Regionais Urbanas. Esse projeto está sendo debatido junto ao Estatuto da Metrópole, projeto relatado pelo deputado Zezéu Ribeiro. Já o PLS 491/2011, do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), determina a realização periódica de inspeções em edificações e cria o Laudo de Inspeção Técnica de Edificação (LITE), com descrição detalhada do edifício e seus equipamentos e ficha de vistoria.

Outra proposta vem do deputado Zezéu Ribeiro (PT-PE), que obriga obras públicas a terem seus projetos disponíveis para estudantes, pesquisadores e professores de Arquitetura e Urbanismo. O PL 696/2003 já foi analisado pelo Senado e pela Câmara, mas ainda aguarda parecer final na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público.

Veja aqui a lista completa dos projetos analisados no Seminário:

EIXO I: Exercício Profissional e Fiscalização dos Arquitetos e Urbanistas
EIXO II: Regulamentação de Profissões e Controle Ético
EIXO III: Educação, Ensino e Formação
EIXO IV: Urbanismo
EIXO V: Administração, Finanças e Relações Trabalhistas

Fonte: http://www.caubr.org.br/?p=10264

Seminario CBCS - Sustentabilidade e Vida Útil: impactos da Norma de Desempenho NBR 15575 sobre materiais e componentes da construção civil





A Norma de Desempenho NBR 15.575 entra em vigor no próximo 19 de julho com o objetivo de trazer ao setor de construção critérios mínimos de segurança, sustentabilidade, qualidade e conforto em edificações. Nesse primeiro momento, toda a cadeia de construção se prepara para atender aos seus requisitos e às incumbências de cada profissional. Tanto a seleção de materiais por parte dos projetistas como a inovação e a disponibilidade de informações oferecidas pela indústria compreendem parte fundamental desse novo contexto. Para contribuir com o esclarecimento dessas questões atuais para o setor, o CBCS está promovendo o presente seminário, que aborda as interfaces da sustentabilidade presentes na Norma de Desempenho.





Data: 06 de junho de 2013
Local : Auditório do SESC Pinheiros, 3º andar
             Rua Paes Leme, 195 - Pinheiros - São Paulo/SP


Para se inscrever: http://www.cbcs.org.br/website/ficha-inscricao/form.asp?rgeCode=A04851A4-BF33-49E0-9F7D-25512FD4FEC1

A gestão urbana desde as bases



As estruturas social e urbana e a ocupação do território das cidades brasileiras refletem improvisação, descaso, fragmentação, exclusão e uma persistente ausência de planejamento, cujas consequências se fazem evidentes nos problemas emergenciais que hoje as afetam.

            A implementação de programas de desenvolvimento urbano parciais, sujeitos aos tempos políticos de quatro anos, impedem formular uma planificação de longo prazo, instrumento eficaz para a organização social e urbana. A persistência de uma consciência vertical e autoritária, continuidades anacrônicas de coronelismo usineiro, cafeteiro e cacaueiro, tem subordinado o desenvolvimento das cidades (ou melhor, a falta de) aos interesses setoriais em conluio com o poder político de turno.
            As complicações que tomam conta do uso cotidiano das cidades e a evolução da sociedade para melhores níveis de esclarecimento - favorecido pelas políticas de distribuição de renda menos desigual - tem criado consciência acerca dos direitos e oportunidades que estimulam a participação social na busca por uma cidade com níveis mínimos de dignidade e qualidade de vida urbana. É possível constatar a existência de movimentos organizados de participação, favorecidos pelas redes sociais, que tendem a transformar as decisões unilaterais e autoritárias em discussão e procura de consenso acerca do direito à cidade democrática, integrada e inclusiva.
 
            O Estatuto das Cidades, sancionado em 2001, é um instrumento legal que contempla a organização social e do espaço territorial, ainda insuficientemente aproveitado. A necessidade e obrigatoriedade de formular planos diretores esbarra em legislações abstratas, carentes de uma visão integral de configuração efetiva do espaço urbano e de integração social. A necessidade de elaborar projetos de cidade orientadores da legislação surge como objetivo prioritário, que supera a aplicação indiscriminada e fragmentada de leis burocráticas e tecnocráticas.
            O projeto de cidade, entendido como processo de integração dos desejos e interesses da sociedade organizada desde suas bases, para definir estratégias de ação que determinam as intervenções no espaço físico, se estabelece como recurso de gestão apto para uma construção coletiva com objetivos de longo prazo.
            Implementar os mecanismos de gestão pactuada com visão de longo prazo constitui o desafio das atuais administrações municipais, com o intuito de superar as políticas de visão estreita, pautadas pelos interesses setoriais dentro dos tempos políticos limitados e limitadores.
            As experiências bem sucedidas em cidades que deram a volta por cima da decadência social e urbana (Bogotá e Medellín na Colômbia, Rosario na Argentina), precisamente com aportes de planejamento de longo prazo, participativo, com ampla ingerência  da sociedade organizada, são exemplos demonstrativos de processos possíveis de serem adaptados às realidades de muitas cidades brasileiras.
            A sociedade brasileira, através das entidades organizadas, tem a oportunidade de participar da Conferência das Cidades - foro criado pelo Ministério das Cidades, que procura consolidar parcerias entre governos e sociedade civil para construir modelos de política urbana com participação dos municípios - para debater e reclamar por efetivas políticas de desenvolvimento integrado com o território, qualificação da vivência social urbana, direito à cidades dignas desde as bases, em um processo de baixo para cima, democrático e participativo, em substituição da imposição autoritária de soluções que o próprio processo de urbanização tem demonstrado desiguais e excludentes.
            A qualidade de vida urbana integrada e inclusiva, em defesa do interesse geral, é um objetivo que deveria marcar as ações das gestões municipais em prol do benefício social integrador, inclusive para os grupos empresariais, que com ações inteligentes em prol da qualificação urbana, podem lucrar mais ao inserir seus empreendimentos em contextos urbanos dignos e qualificados.
            As cidades brasileiras encontram-se em um momento histórico, fervilhante de propostas ainda autoritárias determinadas pela pressão de grupos de poder, e a correspondente resistência de uma sociedade cada dia mais esclarecida, consciente dos direitos e oportunidades que as predispõem para assumir um destino melhor em contextos urbanos qualificados.
 
Roberto Ghione é arquiteto e Diretor do IAB/PE
 

O detalhe como arquitetura. Uma pesquisa sobre um trabalho prático

Tese de doutorado, do Arq. Gilberto Belleza, defendida na USP, na FAU Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, em 2004, foi disponibilizada para download na Biblioteca virtual.

Resumo em português
 
Este trabalho aborda o detalhe como configurador da qualidade e do caráter da arquitetura. Para a construção desta proposta, elaboram-se questões que conceituam o detalhe como elemento arquitetônico, enfatizando sua relação com a obra construída e sua existência dentro do contexto histórico da arquitetura. Aborda-se, também, a relação entre a representação gráfica e sua execução, mostrando a materialização das idéias do autor do projeto. Com o aprofundamento destes conceitos, desenvolveu-se uma análise de como o detalhe pode conferir caráter e qualidade à arquitetura, abordando a obra de cinco arquitetos, representantes de diferentes linhas projetuais: Mies Van Der Rohe, Alvar Aalto, Frank Lloyd Wright, Alvaro Siza e Norman Foster. Com isso, alcançamos a apresentação de nossa pesquisa sobre um trabalho pratico, que explicita a criação e a representação do detalhe dentro do processo projetual, até alcançar a obra executada.
 
Título em inglês
Detail how the architecture - research of work practice

Palavras-chave em inglês
Architecture
Design
Detail
Projetct
 
 

1° Prêmio para Estudantes Graduandos em Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina



Foi lançado na ultima quinta-feira, 23 de maio, às 19 horas, o “1º Prêmio para Estudantes Graduandos em Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina”. O lançamento ocorre durante a exposição “Destaque das Bienais”.
 
O Prêmio é organizado pelo IAB/SC, tem o patrocínio do CAU/SC e apoio da AsBEA/SC. O objetivo é destacar projetos de graduação e desta forma contribuir com o debate e a melhoria do ensino de Arquitetura e Urbanismo no Estado, além de reconhecer novos talentos recém formados em Santa Catarina.
 Poderão concorrer ao Prêmio, estudantes de Arquitetura e Urbanismo formandos em cursos de Santa Catarina através do envio do trabalho de conclusão de curso de graduação (TCC, TFG, etc.).
 Os trabalhos serão julgados no início do mês de novembro de 2013 e os premiados serão divulgados em 09/11/2013 (cronograma sujeito a alterações).
Sobre os Trabalhos:
Concorrerão ao prêmio trabalhos desenvolvidos por estudantes graduandos nos cursos de Arquitetura e Urbanismo de todo o Estado de Santa Catarina.
 Poderão ser enviados até 5 (cinco) trabalhos por escola para concorrer ao Prêmio;
 Cada trabalho deverá ser apresentado em 4 (quatro) pranchas formato A1 horizontal;
 Serão premiados os 4 (quatro) trabalhos selecionados pela Comissão Julgadora;
 Cada trabalho premiado receberá R$ 3 mil e assinatura de revista especializada.

Sobre as Escolas de Arquitetura:

As escolas são responsáveis por fazer a pré-seleção dos trabalhos que concorrerão ao Prêmio;
As escolas deverão enviar os trabalhos para a organização no prazo estabelecido;
 
Só participarão as escolas de Arquitetura com situação regular junto ao CAU.

Cronograma das atividades principais*:

 
23/05 – Lançamento Oficial do Prêmio;
 
12/06 – Lançamento Oficial do Regulamento do Prêmio;
 
12/06 a 28/08 – Credenciamento das escolas de arquitetura;
 
07/08 a 23/10 – Consultas e perguntas;
 
14/08 a 30/10 – Respostas das consultas;
 
08/10 – Divulgação dos jurados;
 
16/10 a 30/10 – Recebimento dos trabalhos;
 
07/11 e 08/11 – Julgamento;
 
09/11 – Divulgação dos trabalhos premiados;
 
A partir de novembro/2013 – exposição itinerante;
 
*sujeito a alteração
 

 Serviço:

 
Lançamento: “1º Prêmio para Estudantes Graduandos em Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina”
Data: 23 de maio de 2013
Horário: 19 horas
Local: Centro Integrado de Cultura – CIC (Av. Governador Irineu Bornhausen, 5.600 – Agronômica – Florianópolis/SC)
 
Fonte: CAU/SC
 
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