Árvores por um Tocantins melhor



Arborização Urbana como política pública
                                                                                                                          
Ramis Tetu de Lima e Silva – Eng. Agrônomo
Sociedade Brasileira de Arborização Urbana

Arborização urbana envolve a dimensão legal, técnica, operacional, filosófica, de planejamento e gestão dos plantios, manutenção e defesa das árvores existentes em meio urbano. Isto vale para vias e áreas verdes públicas – praças e parques, ou para áreas privadas – lotes residenciais, comerciais ou industriais. Tal política tem relação com outras políticas públicas urbanas, transcende o simples plantar. É uma área de interface das Ciências Agrárias e Ambientais – Engenharias Agronômica, Florestal ou Ambiental, da Biologia, da Arquitetura e Urbanismo, da Gestão Pública e de Cidades.  

Nesta visão, parques e praças são unidades de saúde preventiva para a população. A sombra das árvores também é uma questão desta ordem, face aos males da exposição das pessoas ao sol e ao calor excessivo. Árvores fazem parte da infraestrutura das boas cidades como um equipamento multifuncional muito eficiente – os melhores e maiores reguladores de temperatura e umidade, filtros de poeira e ruídos, participantes da sua drenagem natural, delineadores da paisagem, base de corredores ecológicos e do bem estar psicológico da população. Elas podem fazer parte de políticas de segurança alimentar de seus grupos mais desfavorecidos. Também o desenvolvimento turístico passa pelo conforto ambiental das cidades, pela sua identidade regional e cultural e por suas paisagens, flora e fauna – equações onde parques, praças e árvores tem um importante papel.  A gestão de restos vegetais é relevante no saneamento ambiental, face ao expressivo volume de resíduos orgânicos no total dos resíduos sólidos (“lixo”) de uma cidade. E pela importância das folhas, galhos e troncos na destinação adequada dos orgânicos – pela compostagem e produção de adubos orgânicos ou no uso como lenha. A não existência de arborização urbana como política pública em várias dimensões contraria vários imperativos constitucionais – portanto é interessante que os operadores do Direito participem e reflitam sobre o tema. Por tudo isto, é preciso pensar de forma integrada, transversal e multiinstitucional a organização da infra-estrutura urbana, incluir e acolher as árvores e as florestas como tal.  Árvores são elementos centrais da agenda das Cidades Saudáveis e Sustentáveis e base da sua qualidade de vida.

Por outro lado, estes seres tem as suas necessidades e características, exigem espaços para as suas raízes, troncos e copa – cada espécie de uma forma. Surgem assim diversos tipos de árvores de acordo com sua função – sombreadora, florífera, frutífera e especiais. Também os tipos pelo seu porte, formato, estrutura espacial, densidade de copa e origem. Assim, sua implantação ou manejo equivocado, leigo e sem critérios técnicos amplos, cria sérios prejuízos à infra-estrutura civil – calçadas, redes subterrâneas e aéreas e gera resíduos e custos desnecessários. Acidentes com árvores são a 2ª causa de desligamentos elétricos no país. Árvores inadequadas também geram problemas de segurança de tráfego e até riscos às pessoas. Existe um quadrilátero de interações complexas entre as árvores, a população, os governos e as concessionárias.

Estamos mal posicionados no Tocantins – como sociedade e como gestão, em arborização urbana e nas correlações acima elencadas. A maioria dos gestores e cidadãos tem várias falsas razões para não defender, não plantar e abater árvores e não conhecem a maioria das boas razões e os meios para fazermos o contrário. Nossa poda não é poda na maioria das vezes, é assassinato. Paisagismo é confundido e praticado como mera jardinagem leiga, não como área técnica complexa. A arborização não entra na pauta orçamentária e no escopo técnico da maioria das obras civis e das gestões municipais. Temos sérios prejuízos na infra-estrutura e sérias perdas de patrimônios naturais pelo assunto mal conduzido e subdimensionado. Perdemos assim, a oportunidade de melhorarmos a qualidade de vida das cidades tocantinenses e tornarmos seus custos racionais, pela ausência da pauta correta nesta temática .

Mobilizando e unindo as diversas instituições da sociedade e dos governos, criando e reforçando nossa inteligência social para este tema (ou qualquer tema), podemos rever nossas posições no setor privado e público e influenciar para o bem nossos gestores municipais já no início de seus mandatos. Sem classismos, partidarismos e outras divisões, construindo pontes de convergência, fazendo uma democracia participativa qualificada por uma rede técnica transversal – com mandatos também outorgados pela sociedade e com a correspondente responsabilidade do seu exercício. Enfim, podemos agir como as árvores – que não trabalham isoladas, mas como florestas eficientes na Teia da Vida.        

































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