As cidades e o crescimento do nosso cérebro coletivo

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Potrero Hill, em San Francisco. É considerada a segunda cidade mais densa dos EUA. Foto: anotherangle @ Flickr.

Potrero Hill, em San Francisco. É considerada a segunda cidade mais densa dos EUA. Foto: anotherangle @ Flickr.

Na sua famosa palestra no Ted Talk em 2010, Matt Ridley aponta que uma população humana em crescimento facilitou o aumento dos padrões de vida dado que mais pessoas implica em um maior crescimento na taxa de inovação. Ele explica que a propensão humana para trocas indica que, como sociedade, todos nos beneficiamos das ideias um do outro. Ninguém sabe sozinho como criar um lápis do zero, mas todos nos beneficiamos dos lápis (e ferramentas muito mais complexas) pois coletivamente temos o conhecimento para produzi-los.
Ridley descreve o progresso tecnológico como um produto do cérebro coletivo – o espaço onde nossas “ideias fazem sexo”. Ideias “se encontram e acasalam” talvez mais obviamente na internet, onde a melhor enciclopédia da história da humanidade é alimentada de modo colaborativo. Este processo é constante no mundo analógico também. A história da Microplane – uma empresa que, da produção de partes de impressora foi para ferramentas de madeira, para utensílios de cozinha e então para ferramentas de cirurgia ortopédicas – ilustra que inovações que vêm de ideias se encontrando e acasalando perpassam indústrias completamente diferentes.
As cidades fornecem o espaço ideal para esses encontros pois juntam pessoas de diferentes indústrias, contextos e prioridades. Em “Morte e Vida de Grandes Cidades”, Jane Jacobs identifica quatro qualidades necessárias para a diversidade dos bairros: pelo menos dois usos de solo primários; quadras pequenas; edifícios de épocas e estilos variados; alta densidade construtiva e demográfica.
Essas características fomentam um ambiente urbano no qual pessoas de diferentes profissões, interesses e níveis de renda entram em contato entre si na medida em que interagem no cotidiano. Por sua vez, este contato humano coloca as pessoas em uma posição ideal para inovação e empreendedorismo. Sandy Ikeda descreve o ambiente empreendedor como o “espaço de ação”. Hoje, um espaço de ação poderia ser numa casa suburbana para um empreendedor que cria um produto digital vendido online. Enquanto o espaço de ação não necessariamente implica num local de altas densidades, o contato face-a-face se mantém como um elemento-chave dos espaços de ação mais produtivos do mundo.

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