Ekó House, elaborada por alunos e professores de diversas universidades, concorre na edição europeia do Solar Decathlon
Aline Rocha
O concurso Solar Decathlon Europe 2012 tem um projeto brasileiro entre seus 20 participantes pré-selecionados.
Única representante das Américas no concurso, a Ekó House foi elaborada por meio de parceria entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade de São Paulo (USP), com colaboração da Universidade Estadual de Campinas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Instituto Federal de Santa Catarina. A equipe é composta por professores e alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Mecânica, Elétrica, Sanitária e Ambiental, Automação e Sistemas e Design e Marketing.
O Solar Decathlon Europe é uma competição bianual de universidades que projetam e constroem casas autossuficientes, operando somente com energia solar. Além de apresentar projetos das habitações, as equipes também precisam construí-las e colocá-las em funcionamento.
Depois de prontas, as casas são transportadas e instaladas no local de competição, que este ano acontecerá no mês de setembro em Madri, na Espanha. Todas as casas ficarão expostas para visitação pública por 17 dias. Durante esse período, o júri avalia as casas de acordo com 10 itens, como arquitetura, engenharia e sustentabilidade. Cada item tem um número máximo de pontos e a equipe que somar a maior pontuação ganha o concurso.
Ao todo, a competição dura 20 meses. Durante esse período, as equipes devem enviar aos organizadores diversos documentos sobre o andamento do projeto. No final, além das plantas com todos os detalhes construtivos da casa e de seus sistemas, as equipes também devem elaborar um caderno de especificações com cálculos estruturais, orçamentos e relatório de sustentabilidade, entre outros itens.
Ekó House
O projeto da Ekó House se inspira na tradição dos índios Tupi-Guarani, buscando retratar a integração entre os ciclos da vida humana e da natureza e reforçando a relação com os ciclos naturais. O próprio nome da casa remete à tribo: Ekó em tupi-guarani significa "viver" ou "maneira de viver". O protótipo da casa está sendo construído no campus da USP, em São Paulo.
Para que a casa tenha configurações adaptáveis a diferentes famílias, a equipe optou pelo uso de sistemas de construção modulares. As varandas também fazem parte deste conceito. Com a instalação de painéis e persianas automatizadas, se adaptam às condições ideais de iluminação, insolação e privacidade. Além disso, permitem o sombreamento das fachadas, diminuindo a retenção de calor no ambiente.
Internamente, o projeto valoriza um aspecto cultural da vida brasileira, no qual a cozinha é o principal local de encontro da família. Para isso, permite que a conexão da cozinha com os demais cômodos seja ampliada a partir da ausência de paredes.
Em relação à estrutura, a equipe escolheu um sistema de construção industrializada em painéis de madeira, o que facilita a montagem e o transporte. Os módulos são feitos de estrutura de vigas e pilares de madeira, painéis OSB e cabos de aço pré-reforçado. Os cabos protendidos unificam os módulos da casa, criando vãos com vigas de seção reduzida que permitem maior espaço interno. Por fim, as vigas e os painéis OSB impedem o movimento lateral do sistema.
A equipe também idealizou um módulo construído separadamente, que abriga os sistemas elétricos e de automação. Para os sistemas hidráulicos, aquecimento de água e climatização, serão construídos outros dois módulos. De acordo com o projeto, esta forma de organização permite que a manutenção e a modificação dos parâmetros de controle sejam feitas de forma fácil e rápida. Além disso, os sistemas separados do módulo principal da casa permitem a redução de ruído, vibração e calor nos espaços internos.
A Ekó House foi projetada a partir de quatro diretrizes: conforto, economia de energia, informação para o morador e segurança. Um dos exemplos de automação é uma estação meteorológica na parte externa, com monitores internos de temperatura e umidade, controlando a abertura das persianas e a operação do ar condicionado. Dessa forma, a temperatura interna da casa é mantida estável.
Seguindo o principal critério de avaliação da competição, no qual a casa deve funcionar somente com energia solar, a equipe optou pela utilização de painéis fotovoltaicos, que transformam a luz do sol em energia elétrica. Outro componente da sustentabilidade no projeto é o gerenciamento dos resíduos produzidos pela casa. Para isso, a Ekó House terá um vaso sanitário seco que fará a compostagem eficiente. Os móveis da cozinha também foram desenvolvidos para maximizar a separação dos resíduos.
Por fim, a equipe decidiu que o saneamento da casa deveria ser descentralizado, preservando os recursos hídricos. Os dejetos são dispostos e tratados em um vaso separado, sem o uso de água. Esta opção elimina o desperdício de água potável. Já os efluentes do chuveiro, lavatório e máquina de lavar roupas passarão por um sistema de tratamento natural de filtros plantados com macrófitas. Assim, os efluentes podem ser usados na agricultura e nos jardins.
As informações sobre a Ekó House estão disponíveis no site http://ekobrasil.org/. Para saber mais sobre a competição Solar Decathlon, clique aqui.
Fonte e reportagem completa: http://www.piniweb.com.br/construcao/arquitetura/projeto-brasileiro-participa-de-competicao-internacional-de-casas-autossuficientes-258453-1.asp
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