Crítico e historiador de Arquitetura e Urbanismo é atropelado em Niterói – RJ
Roberto Segre (1934-2013) no piso térreo do Palácio Capanema, Rio de Janeiro.
Foto: Silvana Romano Santos
No dia 10 de março de 2013, o arquiteto e urbanista, crítico e historiador da Arquitetura e Urbanismo Roberto Segre teve sua rotineira caminhada matinal aos domingos interrompida ao ser atropelado por uma motocicleta. Levado ainda vivo a hospital de Niterói, Segre não resistiu aos gravíssimos traumas do acidente e faleceu. O velório será realizado nesta quarta-feira, 13 de março, das 9h às 17h, no Palácio da Praia Vermelha, da UFRJ (Avenida Pasteur, 250).
Nascido em Milão, Itália, em 1934, em 1939 embarcou com sua família no transatlântico Conte Grande, fugindo do antissemitismo do governo fascista de Benito Mussolini.
Graduou-se arquiteto e urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Buenos Aires em 1960. Em 1963, após uma viagem pela Europa, passou a ministrar aulas de história da Arquitetura e Urbanismo em Havana, Cuba, função que o ocuparia pelas próximas três décadas. Em 2007, já radicado no Brasil, foi distinguido com o título de doutor honoris causa pelo Instituto Superior Politécnico de Havana.
Em 1994 – convidado por Nelson Maculan (reitor da UFRJ), Luiz Paulo Conde (diretor da FAU) e Denise Pinheiro Machado (coordenadora do Prourb) –, Segre inicia sua trajetória brasileira como pesquisador e professor nos cursos de pós-graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro – FAU UFRJ.
Segre era um autor profícuo, com vasta produção de livros de extrema relevância, que constituem peças fundamentais da historiografia da Arquitetura e Urbanismo da América Latina. Seus mais de quatrocentos artigos estão espalhados por dezenas de periódicos em vários países do mundo.
Como assessor da Unesco, coube-lhe a responsabilidade de organizar o livro América Latina en su Arquitectura (1975). Quase uma década depois obteve a bolsa Guggenheim de Nova York, que resultou no livro Arquitectura Antillana del Siglo XX (2004).
Nos últimos quinze anos, Roberto Segre dedicou-se a uma aprofundada pesquisa sobre a história do Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio Capanema no Rio de Janeiro, expertise que levou o Iphan a convocá-lo para coordenar o documento encaminhado à Unesco visando a inclusão do edifício na lista de patrimônio da humanidade da Unesco.
A majestosa pesquisa da história do MES está prestes a se tornar livro em edição da Romano Guerra Editora. Pouco antes de ir para a praia na manhã deste domingo, enviou para o editor as últimas correções do livro que, por inexplicáveis força do destino, não poderá ver pronto.
Alguns livros de Roberto Segre:
America Latina fim de milênio, raízes e perspectivas de sua arquitetura. São Paulo, Nobel, 1991.
Architettura e Territorio nell’America Latina. Milão, Electa, 1982 (com Rafael López Rangel).
Arquitectura Antillana del Siglo XX.Bogotá, Universidad Nacional de Colombia/Editorial de Arte y Literatura, 2003.
Arquitectura antillana del Siglo XX. Bogotá, Universidad Nacional de Colombia, 2003.
Arquitetura e Urbanismo da Revolução Cubana. São Paulo, Nobel, 1986.
Brasil – jovens arquitetos; Rio de Janeiro: Editora Viana & Mosley, 2004.
Casas brasileiras. Brazilian houses. Rio de Janeiro, Viana & Mosley, 2006.
Cuba. Arquitectura de la Revolución.Barcelona, Gustavo Gili, 1970.
Geografia e geometria na América Latina: natureza, arquitetura e sociedade. São Paulo: Memorial da América Latina, 2005
Guia da arquitetura contemporânea. Rio de Janeiro, Viana & Mosley, 2005.
Historia de la Arquitectura y del Urbanismo. Países desarrollados. Siglos XIX y XX. Madri, Instituto de Estudios de Administración Local, 1985.
Historia del Arte y la Arquitectura Barroca Europea. Havana, Editorial Pueblo y Educación, 1995.
La progettazione ambientale nell’era della industrializzazione. Palermo, Librería Dante, Quattro Canti della Cittá, 1980 (com Fernando Salinas).
Ministério da Educação e Saúde: ícone urbano da modernidade carioca (1935-1945). São Paulo, Romano Guerra, 2013 (no prelo).
Fonte: Portal Vitruvius
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