Na obra, o mais importante é ela estar nas mãos de um profissional qualificado, algo tão imprescindível quanto é o Projeto nas mãos do Arquiteto.Este responsável, seja o próprio Arquiteto, seja um Engenheiro ou uma construtora, aliado a fornecedores e mão-de-obra com referências, serão guias do sucesso de sua obra e tornarão reais duas palavras mágicas: aproveitamento e qualidade. Dentro do aproveitamento está, por exemplo, o combate incansável ao desperdício. Sua gestão traz resultados não apenas à preservação de recursos mas também ao seu bolso – para se ter uma idéia de sua dimensão, uma pesquisa da UFMG em vários Estados brasileiros: nossa construção civil desperdiça em média 20% dos materiais. É como construir uma casa com as sobras de outras quatro. Em algumas médias regionais, desperdícios de argamassa e madeira chegam a alarmantes 90%. E por fim, dentro da qualidade na obra, faço as duas últimas sugestões: a primeira é a economia inteligente. Explico: materiais de má qualidade, mão-de-obra sem qualificação, erros de execução, de entrega, de utilização de ferramentas, de orçamento e de outras espécies são fonte da maior parte do desperdício. Não por coincidência, são trapalhadas que começam na economia burra – aquela onde o custo baixo vem antes da consulta ao Arquiteto e ao Engenheiro quanto à competência da mão-de-obra e à qualidade dos materiais. A segunda sugestão vêm da primeira, onde proponho algo simples: questionar seu fornecedor e seu Engenheiro sobre a procedência dos materiais. Parece desnecessário? A ausência desta pergunta é o cenário da famosa foto-clichê. Das árvores amazônicas, diz o Ibama, 85 a 90% têm origem ilegal e metade do seu destino está na construção civil e moveleira do Sul e Sudeste.
Esta última sugestão me lembra um Projeto que engloba várias soluções citadas aqui: uma igreja, provida de alojamentos, vestiários e refeitório, que está sendo desenvolvida em uma imensa área verde. Imersa em sombras de árvores, posicionada estrategicamente para aproveitar o sol e a ventilação exatos que cada ambiente necessita, possuirá uma estrutura toda em madeira, levantada por um mutirão que utilizará apenas material de reflorestamento. A meta é o desperdício zero, durante e depois da obra: nada de ar condicionado, nem lâmpadas ligadas antes do pôr-do-sol. Tudo simples, econômico e correto, apresentando ainda uma arquitetura única e com mais conforto que muitas obras repletas de dispositivos que consomem energia.
Assim, vemos que sustentabilidade não é um bicho de sete cabeças, mas também que ela já faz parte de nossa vida. E ao contrário da introdução onde quis prender sua atenção, não há nada de moda nela: o químico sueco Svante Arrhenius já anunciava o aquecimento global e a dependência suicida do petróleo em 1896. É... a sustentabilidade é mais antiga e muito maior do que qualquer moda.
“Quando a última árvore cair, quando o último rio secar e quando o último peixe for pescado, vocês entenderão que dinheiro não se come” – Greenpeace
Fernando Gallo é Arquiteto, Urbanista e integra a ONG internacional Friends of the Earth. Formado pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp/Bauru, desenvolve Projetos e possui obras em Bauru e várias outras cidades.
Fonte:
http://www.soarquitetura.com.br/template.asp?pk_id_area=19&pk_id_topico=532&pk_id_template=5
Sustentabilidade 2
Autor: iabtocantins
| Publicado em: quarta-feira, março 23, 2011 |
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