Conjuntos habitacionais recém-construídos em São Paulo atestam a importância do projeto de arquitetura

Várzea do Carmo é o nome do primeiro conjunto habitacional de São Paulo, construído durante a década de 1940 no bairro do Glicério, região central da cidade. O residencial desenhado pela equipe do arquiteto Attilio Correa Lima conta com 480 apartamentos distribuídos em 22 edifícios, e previa em seu projeto original quatro prédios de uso comercial que nunca foram construídos, além de jardins comuns atualmente isolados por grades. O uso misto e a promoção do convívio e do lazer são algumas das premissas de um bom projeto de arquitetura e que estavam presentes em sua concepção, mas que, nas décadas seguintes, não foram adotadas nas grandes obras públicas de habitação social realizadas na capital paulista.
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Crédito: Nelson Kon / Conjunto Habitacional Heliópolis – Gleba G, Biselli Katchborian Arquitetos Associados
A produção em série de conjuntos habitacionais em São Paulo teve impulso a partir da década de 1950. O uso de materiais de baixo custo e qualidade, além da adoção de terrenos localizados em bairros periféricos, passaram a ser regra tanto em obras estaduais, como as da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), quanto nos recentes projetos federais realizados pelo programa Minha Casa Minha Vida, ou, ainda, nas construções feitas pela Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), a partir dos conjuntos erguidos pela Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab) ou do extinto programa conhecido como Cingapura.
Localização, aliás, é um dos principais elementos que diferenciam os apartamentos do Várzea do Carmo das outras 371,9 mil moradias populares construídas no estado de São Paulo. Um exemplo é a Cidade Tiradentes, maior aglomerado de conjuntos habitacionais do Brasil, que se situa a mais de 30 quilômetros do centro da capital paulista, enquanto o primeiro ocupa uma gleba a menos de dois quilômetros do marco zero da cidade. Além do lugar, que impõe a condição de bairro-dormitório à maioria das obras de habitação social paulistanas, outro fator que as caracteriza é a baixa qualidade do projeto arquitetônico, marcado pelo uso de pré-moldados de concreto, metragens que raramente chegam a 55 m², e ausência de um partido que valorize o conforto acústico, térmico e luminotécnico ou, ainda, a acessibilidade e o lazer.

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