Projetos que formam uma cidade digital têm se tornado cada vez mais comuns mundo afora. Diversas prefeituras há tempos desenvolvem aplicativos, sites, equipamentos e softwares, com ou sem auxílio da iniciativa privada, que as ajudam a ter uma gestão mais moderna, sustentável e eficiente na prestação de serviços aos cidadãos. Os EUA são um exemplo da variedade de iniciativas, tanto na forma quanto no objetivo.
Uma das tendências é abrir a administração da cidade a contribuições dos cidadãos. Em Scottsdale, no Arizona, a prefeitura organizou o site Speak Up (Fale!, numa tradução livre), fórum eletrônico no qual cidadãos postam ideias de ações para a prefeitura, cobram resultados e debatem os rumos da administração
Algo parecido faz South Bend, em Indiana. O site CityVoice reúne informações sobre imóveis da cidade. Se um parece abandonado, o morador pode pedir providências à prefeitura, ajuda para reformar ou mesmo denunciar crimes. Informações e pedidos são feitos por meio de mensagens de voz, que ficam disponíveis na página, ou por mensagem. Há também um mapa onde os internautas podem localizar o imóvel a que se referem no site.
De acordo com a prefeitura, a iniciativa é importante para o projeto de recuperação imobiliária da cidade, que sofre com a diminuição da quantidade de moradores. Cidade industrial até os anos 1980, South Bend experimenta os efeitos do êxodo populacional e hoje tem mais de 1.000 residências e galpões abandonados. O objetivo é recuperá-los em 1.000 dias, até 2015.
Outra tendência é o uso de novas tecnologias e softwares para poupar recursos naturais. Dubuque, no Iowa, desde 2006 possui uma política municipal de sustentabilidade. Três anos depois firmou uma parceria com a IBM para implementar equipamentos e programas que facilitassem o progresso da iniciativa. Assim nasceu o Dubuque Smarter Sustainable, que abrange ações relacionadas à gestão de água e esgoto e ao consumo de eletricidade, entre outras.
Em relação à rede de água e esgoto, 300 casas aderiram ao programa piloto que enviava informações sobre o custo do fornecimento de água e formas de economizar o líquido no dia a dia. Os lares também foram conectados a uma central, que passou a regular o fornecimento de acordo com a demanda dos moradores, possibilitando evitar o desperdício e a realocação de recursos. O software, por exemplo, conseguiu detectar vazamentos nas residências e enviava mensagens aos moradores pedindo providências. De acordo com relatório da IBM sobre a iniciativa, a prefeitura economizou cerca de US$ 200 mil no ano somente com o controle de gasto de água e campanhas de conscientização.
No consumo de eletricidade, a abordagem foi semelhante. A prefeitura firmou parceria com a fornecedora local de energia para instalar medidores inteligentes em 700 casas, a fim de obter padrões de consumo e realizar campanhas de conscientização. O resultado foi uma economia anual de 6% na conta de eletricidade.
Em Seattle, o foco da prefeitura foram os edifícios. Também por meio de parcerias, com a Microsoft e uma empresa local, o poder público instalou medidores de consumo de eletricidade e água em alguns edifícios comerciais. O objetivo era gerar um plano de poupança de consumo que pudesse ser aplicado em novas construções. As informações foram acumuladas em um bando de dados e os empreiteiros, ao submeter o projeto à prefeitura, recebem dicas de materiais que evitam desperdício de energia e outros insumos. Tudo automatizado e com sistemas de testes incluídos. A economia até agora chegou a 21% em eletricidade e 6% em água, de acordo com relatório divulgado pelo consórcio que administra o distrito “Seattle 2030”, que participa da iniciativa e sede da maioria dos novos prédios comerciais da cidade.
Há também muitas iniciativas relacionadas a trânsito, principalmente nas grandes cidades. Em Boston, o “distrito da inovação”, bairro cheio de empresas de tecnologia, conta com aplicativos para orientar motoristas no confuso trânsito. O Smart Parking Sensors comunica a existência e a localização de vagas por telefone, enquanto as “Time to Destination Signs” (placas de tempo ao destino) calculam quanto tempo o veículo levará a um ponto ao calcular o trânsito adiante por meio de leitores espalhados nas principais vias. “Os sensores reduzem o congestionamento por diminuir o número de motoristas que circulam procurando por vagas, enquanto as placas permite que os veículos se movam pelo bairro da maneira mais eficiente e rápida possível”, declarou o secretário de transportes local, Thomas Tinlin.
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