Norma de desempenho influencia setor de compras

Profissional de suprimentos deve se manter atualizado sobre a performance e a vida útil dos produtos

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A execução de novos edifícios guiada pela ABNT NBR 15575 – Edificações Habitacionais – Desempenho trouxe maior responsabilidade ao setor de suprimentos das construtoras. Empreendimentos com desempenho superior obrigatoriamente demandam a correta atuação do departamento responsável por conectar o projeto à produção, realizando as aquisições de componentes, elementos e produtos.

O advento da NBR 15575 – a primeira norma que explicita critérios de desempenho específicos para os sistemas construtivos –, passou ainda a exigir atenção redobrada ao projetar sistemas com base em memórias e cálculos, nas normas prescritivas, especificação de componentes mediante informações técnicas passadas pelos fornecedores, laudos e ensaios. “O compromisso não fica restrito às construtoras, mas recai sobre toda a cadeia da construção, especialmente os fornecedores”, ressalta o tecnólogo Carlos Eduardo de Souza Gilli, coordenador de Suprimentos e Desenvolvimento Tecnológico da RMA Construtora e Aurinova Desenvolvimento Imobiliário.

DESEMPENHO DOS MATERIAIS

A indústria fornecedora tem a tarefa de adequar seus produtos à realidade imposta pela ABNT NBR 15575 e informar os índices de desempenho desses materiais por meio de laudos técnicos. A ação ainda é incipiente no país, mas alguns setores estão se movimentando para cumprir os requisitos. De acordo com Gilli, há fornecedores que já disponibilizam manuais completos de desenho de seus produtos e sistemas. "É o caso do drywall, que publicou seu manual em 2006, por intermédio da Associação Brasileira do Drywall”, destaca.

Os blocos de concreto seguiram o mesmo caminho e, em 2014, a indústria do setor publicou o seu Guia de Atendimento à Norma de Desempenho. Já o setor de esquadrias de alumínio produziu no âmbito da CEE-191 – Comissão de Estudo Especial de Esquadrias – e enviou a norma de desempenho acústico de seus produtos para aprovação na ABNT. “Porém, a maioria dos fabricantes ainda não fornece as características técnicas de seus produtos de maneira formal, compulsória e pública”, alerta o profissional.

As iniciativas já tomadas ou em curso indicam que alguns setores de materiais e sistemas de construção entenderam que esse é um caminho sem volta. “A mudança de percepção causa um grande impacto no departamento de suprimentos, pois ele é o responsável por identificar, selecionar e qualificar fornecedores”, comenta Gilli. As características técnicas de cada produto devem ser fornecidas com base nas normas técnicas prescritivas existentes. Através dos dados obtidos com os fornecedores, cabe ao profissional de suprimentos se manter informado e atualizado sobre as características dos produtos que irá adquirir.

O conhecimento dessas informações auxilia no envolvimento do departamento de compras na etapa de concepção do projeto, quando são definidas as especificações. Porém, os departamentos que realizam essas diversas funções na construtora nem sempre são integrados, ou a construtora não participa da elaboração dos projetos. “Por isso, é muito importante que os produtos tenham suas especificações com base no desempenho, de maneira técnica e formalizada, para que essas informações não se percam durante o processo”, afirma Gilli.

VIDA ÚTIL DE PROJETO

A participação do responsável pela área de suprimentos na etapa de projetos atende a outra novidade trazida pela norma de desempenho, a vida útil de projeto (VUP). A ABNT NBR 15575 estabelece o período mínimo de funcionamento para cada sistema e define as incumbências de cada agente nesse processo. “Especificar materiais e processos para a execução dos sistemas da edificação é papel dos projetistas. Entretanto, a comprovação do atendimento à norma, na hipótese de o sistema perder seu desenho antes da vida útil mínima definida pela ABNT NBR 15575, é responsabilidade de todos os agentes, que deverão comprovar que cumpriram sua parte”, alerta.

Carlos Gilli recomenda que o departamento de suprimentos solicite cópia dos laudos que atestam qualidade, conformidade e desempenho dos produtos. Os documentos ficam arquivados pelo período de vida útil de projeto requerido pela norma, resguardando sua integridade quanto ao atendimento da ABNT NBR 15575. De acordo com Gilli, esse novo cenário para o setor de suprimentos deve ser assimilado, afinal, após cinco anos de debates e mais dois anos de sua entrada em vigor, a norma de desempenho já ‘pegou’. “Segundo o Código de Defesa do Consumidor, nenhum fornecedor pode oferecer produtos e serviços em desacordo com as normas da ABNT”, conclui.

COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA
Carlos Eduardo de Souza Gilli – Formado pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC-SP), em 2005. Pós-graduando pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) em Tecnologia e Gestão de Produção de Edifícios. Atua na indústria da construção civil desde 2003, exercendo cargos de produção há sete anos. Há quatro anos ocupa o cargo de Gestor de Suprimentos da RMA Construtora, atualmente em empreendimentos de edifícios residenciais e comerciais de alto padrão em São Paulo e Santa Catarina.

Fonte: http://www.aecweb.com.br/cont/m/cc/norma-de-desempenho-influencia-setor-de-compras_12181_4

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