FAU instala laboratório para realizar fabricação digital

SÃO PAULO (Agência USP) - A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP acaba de implantar o FAB LAB SP, laboratório de fabricação digital vinculado à rede mundial Fabrication Laboratory (FAB LAB), liderada pelo Center for Bits and Atoms, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. A produção é realizada por máquinas com Controle Numérico Computadorizado (CNC), que permitem o controle simultâneo de vários eixos, tornando-se, portanto, uma interface que comunica o projeto virtual com a sua confecção real. Inicialmente, o laboratório será utilizado pelos alunos de pós-gradução em Arquitetura, e deverá ser aberto a comunidade no segundo semestre.

FAB lab SP

Em termos práticos, o arquiteto conceitua uma peça de mobília, por exemplo, e uma vez devidamente programada com as especificações do projeto, a máquina materializa suas partes, sem que haja necessidade de se operar a máquina manualmente diversas vezes. Paulo Fonseca de Campos, professor da FAU e coordenador do Grupo de Pesquisa em Fabricação Digital da Faculdade (DigiFab), focou parte de seus trabalhos universitários nos últimos meses na implementação do laboratório.

No limite, com o crescimento do uso de impressão 3D de objetos, também uma das alternativas da fabricação digital, será possível produzir com a mesma rapidez e custo artigos únicos ou produzir milhares deles. “Estamos só no começo”, destaca Fonseca. O professor, porém, mostra-se preocupado em que não se avalie as tecnologias apenas como alternativas para produções mais eficientes. Para ele, a fabricação digital é uma aposta que deverá revolucionar os meios de produção, mas para isso precisa ir além de novos equipamentos.

“Não estamos anunciando aqui novas tecnologias por si só”, ressalta.  ”A vinda das máquinas que compõem o FAB LAB é muito importante, mas não podemos jamais perder de vista o caráter colaborativo da rede FAB LAB e o nosso compromisso em levar essa tecnologia à sociedade”, destaca.

Cooperação
“A tecnologia da fabricação digital não é a grande novidade, mas sim a cooperatividade”, reenfatiza Fonseca. A rede FAB LAB conjuga mais de 80 pequenos centros de pesquisa e produção que utilizam máquinas com tecnologia CNC para criar objetos, produzir outras máquinas e fazer experimentos. “A relação entre as FAB LABs é horizontal e em rede, para que o conhecimento transite de todas as formas. Queremos gerar tecnologias que possam coadjuvar processos sociais importantes, no sentido de trabalhar com comunidades que possam assimilar esse conhecimento e convertê-los em uma oportunidade de melhorar a sua qualidade de vida”, sintetiza o professor.

Ainda no primeiro semestre deste ano, o FAB LAB SP começará a ser usado por alunos da pós-graduação em Arquitetura. A intenção é que os alunos não só aprendam, mas sejam multiplicadores desses novas ferramentas do conhecimento. O laboratório estará aberto à comunidade em meados de 2012, para que esta possa trocar conhecimento com o meio acadêmico e assim se beneficiar com produtos feitos no laboratório. Fonseca ressalta que essa ponte, a extensão, “é tão importante quanto a pesquisa e o ensino”.

Os equipamentos foram adquiridos pela FAU com a gestão dos professores Sylvio Sawaya e Marcelo Romero, “que abraçaram a iniciativa, conscientes da importância da entrada da Universidade na era da fabricação digital” avalia Fonseca. “Nossa ideia é que a fabricação digital esteja conectada a todas as áreas da FAU. Por exemplo, no curso de História da Arquitetura, pretendemos disponibilizar o LAB FAB para que os alunos possam fabricar os modelos que serão estudados”.

A intenção é estender os recursos do FAB LAB a outras unidades da comunidade USP, conta Fonseca. “Um exemplo de local que poderia se beneficiar dos recursos do laboratório é a Oficina Ortopédica do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT)  do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), que produz órteses, próteses e outros equipamentos.” Para ele, no longo prazo, a Universidade deve fazer a seguinte pergunta: “onde a fabricação digital pode nos ajudar? E ter como resposta: em todas as unidades da USP.”

Na sétima Conferência Mundial de FAB LABs, em Lima no Peru, que aconteceu em agosto passado, Fonseca presenciou um exemplo típico do que pode ser uma boa aplicação para o FAB LAB brasileiro: comerciantes ambulantes da capital peruana foram dotados de ferramentas de fabricação digital para que aumentassem seu potencial empreendedor e, junto com profissionais da área, confeccionaram carrinhos para comércio. “Isso movimenta a economia popular”, observa o professor.

Fonte: http://www.oreporter.com/detalhes.php?id=68947

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