Nos anos 60, Ari Antônio da Rocha criou um carro que mostrava a solução para o futuro do trânsito nas grandes cidades, um projeto revolucionário
Texto Rafael Poci Déa | Fotos Claudio Larangeira / arquivo pessoal
Ele nega o rótulo de visionário. Mas é difícil encontrar outra palavra que resuma o trabalho de Ari Antônio da Rocha. Arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), foi o criador, nos anos 60, do Aruanda, um pequeno carro urbano que tinha tudo para revolucionar a indústria nacional, mas nunca foi produzido em série. “Certa vez, em visita à Mercedes, escutei que o Aruanda era o avô do smart”, relembra.
ARI ANTÔNIO DA ROCHA “A maior frustração da minha vida foi não ter conseguido fabricar o Aruanda”
Tudo começou depois de uma palestra com os designers Pininfarina, Ghia e Fissore. O estudante foi desafiado pelo professor Lauro Birkholz. “Teria que encontrar um meio para que nossas vias comportassem o número cada vez maior de automóveis, sem desapropriações para alargar as ruas e avenidas”, relembra. Foi a campo pesquisar. Rocha percebeu que a maioria dos carros levava apenas uma pessoa a bordo e, em visita ao Hospital das Clínicas, constatou que, na maioria das colisões laterais, os ocupantes sofriam lesões na bacia. “Ninguém tinha feito esse estudo. Então, o Aruanda foi o primeiro carro com para-choque lateral, inspirado nos carrinhos de bate-bate”, explica.
“Não sou visionário. Apenas reuni os elementos que tinha na época e fiz o trabalho proposto”, pondera modestamente sobre seu carro que, de tão revolucionário, foi até mesmo exposto na Bienal de Design.
Em 1964, Ari “automovinho”, um apelido dado na época da faculdade, inscreveu o seu projeto no prêmio Lúcio Meira “A maioria das ideias era de carros esportivos e o Aruanda era o único fora do padrão. O desenho dele até parecia uma estufa de ores. Ganhei só por causa do júri bastante especializado”, conta. Mario Fissore se interessou em fabricar o protótipo. Eles já haviam trabalhado juntos na época da DKW, quando Rocha era estagiário e colaborou na criação do departamento de estilo da marca. Chegava a hora de concretizar seu sonho.
O Aruanda exposto na I Bienal Internacional de Design, no MAM-RJ, em 1968
Rocha embarcou para a Itália para iniciar a construção do protótipo. Antes de chegar a Turim, um estágio na Chevrolet, em 1965, o ajudou a conseguir o dinheiro necessário para se manter. A plataforma escolhida foi a do Fiat 500 Giardineira. A carroceria em aço era moldada à mão. Em dois meses, o protótipo estava pronto para ser apresentado no Salão de Turim de 1965. O motor era um bicilíndrico de 380 cm³ da MV Agusta, que tinha entre 28 cv e 30 cv. O câmbio era manual de três marchas.
Fonte e reportagem completa: http://www.motorshow.com.br/edicoes/345/artigo243726-1.htm
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