A essência do "RE-": Recuperar o passado através da arquitetura

Cortesia de Lidón Agost Muñoz    Cortesia de Lidón Agost Muñoz

Durante muito tempo, o exagerado movimento de construção de nossas cidades fez com que nos esqueçamos da arquitetura existente. Enganamo-nos ao pensar que o novo é sempre melhor, e que o antigo é simplesmente isso: antigo. No entanto, deve-se lembrar que a a arquitetura tem a capacidade de se adaptar a todas as épocas, de viajar através do tempo. Ela é uma observadora estática das mudanças dinâmicas nas gerações e culturas; é uma anciã que envelhece sem perder sua essência e caráter.

Nós arquitetos temos a tarefa de adaptar, recuperar e às vezes transformar as velhas construções em novos edifícios capazes de atender as necessidades da sociedade. Como dizia Le Corbusier, "a arquitetura deve ser a expressão de nosso tempo e um plágio das culturas passadas".

Para isso, temos muitos mecanismos a serem usados, uma infinidade de estratégias baseadas na dualidade passado-contemporâneo, ferramentas atuais inspiradas na tradição que fazem com que sejamos capazes de recuperar os edifícios mais esquecidos:

- Restaurar é o mecanismo mais novo. Consiste em limpar a pele do edifício, devolver seu brilho. Seu esqueleto se mantém intacto, não é tocado. Restaurar é um processo delicado que deve ser executado por especialistas em materiais, sobretudo nos edifícios com uma carga histórica importante e com grande valor enquanto patrimônio.

Múltiplas atuações são válidas para definir as características dessa forma de recuperar um edifício: desde processo mais delicados q quase puramente artesanais até mecanismos baseados na simples eliminação de resíduos materiais inconvenientes.

O restauro da muralha de Segobia é um exemplo claro que nos mostra que a limpeza da camada mais externa desse antigo muro fez com que a estrutura voltasse a reluzir em todo seu esplendor.

Segobia_1      Cortesia de Lidón Agost MuñozSegobia_2    Cortesia de Lidón Agost Muñoz

- Reabilitar consiste em voltar a habitar, em dotar a construção com nova energia, com um novo uso, uma nova vida. Geralmente é acompanhado por outros processos, já que a obra necessita retornar à vida ativa e no entanto  está, normalmente, desativada há muito tempo. Viollet de Duc dizia que "a melhor forma de preservar um edifício é encontrar um uso para ele."

A reabilitação atual, além de devolver um uso ao edifício (mesmo que este não corresponda ao seu uso original),pode causar algumas modificações em sua fisionomia ou volume. Essas mudanças devem-se, frequentemente, à adaptação da construção ao presente e, às vezes, vêm acompanhadas de uma transformação mais contemporânea de sua imagem.

O estúdio de arquitetura italiano es-arch recuperou a pequena construção de Isola, na Itália, gerando novas vibrações num local esquecido. O edifício voltou a existir, assim como milhares de exemplos que temos ao nosso redor e que, sem nos darmos conta, vão sendoreutilizados.

Isola_1     Cortesia de Lidón Agost MuñozIsola_2    Cortesia de Lidón Agost Muñoz

- Reconstruir é refazer, construir de novo. Reconstruímos uma estrutura, um esqueleto que perdeu partes de seu corpo. É importante manter sempre presente sua antiga fisionomia ou procurar restabelecê-la o mais fielmente possível.

A polêmica obra do Teatro Romano de Sagunto, dos arquitetos Manuel Portaceli e Giorgio Grassi, emerge do passado simulando o que outrora existiu. Ressurge um edifício que nasceu, viveu e desapareceu deixando uma simples pegada em nossa história. Volta a aparecer como um novo cenário que se localiza no presente.

Sagunto_1      Cortesia de Lidón Agost MuñozSagunto_2     Cortesia de Lidón Agost Muñoz

Os edifícios já existentes têm a particularidade de terem sido executados com métodos construtivos característicos da época em que foram construídos. Essa singularidade faz com que, no momento de intervir neles, tenhamos em conta a multiplicidade de fatores e valores agregados que não existem em outros processos arquitetônicos. Será preciso estudar os métodos para uni-los com as novas tecnologias construtivas e, assim, seguir mantendo o objetivo da dualidade passado-contemporâneo.

Nossas cidades estão se adaptando a um novo processo. A cidade já não apenas se concentra em novos desenvolvimentos urbanos, mas começa a analisar as antigas estratégias e, através dos métodos anteriormente descritos, está começando a gerar um novo desenvolvimento urbano baseado na recuperação do passado.

A essência do “Re-“ constitui um avanço em nosso pensamento, um novo curso para onde se dirige nossa sociedade e uma nova metodologia de estudo que abrirá as portas do conhecimento mais delicado e complexo.

Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz
Cortesia de Lidón Agost Muñoz

Fonte:Agost Muñoz, Lidón. "A essência do "RE-": Recuperar o passado através da arquitetura" [La esencia del "RE-": Recuperar el pasado a través de la arquitectura] 23 Jun 2014. ArchDaily. (Romullo Baratto Trans.) Accessed 24 Jun 2014.  http://www.archdaily.com.br/br/622781/a-essencia-do-re-recuperar-o-passado-atraves-da-arquitetura?utm_source=ArchDaily+Brasil&utm_campaign=e9a597e9fc-Archdaily-Brasil-Newsletter&utm_medium=email&utm_term=0_318e05562a-e9a597e9fc-407774757

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