Um manifesto por ícones e arquiteturas inspiradas pela forma

Este é um manifesto sobre arquitetura e forma, um manifesto sobre Ícones Puros Extremos

O texto a seguir é um trecho do livro Pure Hardcore Icons de WAI Architecture Think Tank. Este manifesto explora a recorrente obsessão da arquitetura pela forma geométrica pura. O livro Pure Hardcore Icons tem como objetivo aumentar a conscientização sobre a dialética entre a forma pura e a arquitetura, esperando que o seu potencial e suas limitações possam ser totalmente compreendidas, seja na prática, na academia, ou como um exercício cultural e intelectual.

Nunca antes a combinação de tecnologia e a comunicação de massa reforçara uma produção e difusão tão prolífica  de monumentos de arquitetura “emblemática”. Carteiras de escolas de arquitetura, telas de computador e páginas de revistas ao redor do mundo têm sido inundados com torrentes de edifícios em formas puras. Formas redundantes – como concreto derramado ou como bytes virtuais – surgem com a mesma velocidade levamos para cortar isopor ou dominar um software de modelagem 3D. Paradoxalmente, este aumento abrupto da parafernália de arquitetura iconográfica tem ofuscado o manifesto, uma das ferramentas mais poderosas e simples da arquitetura para declarar as suas intenções.

Desde que o livro Complexidade e Contradição na Arquitetura (1966), de Robert Venturi, foi aclamado como a última grande narrativa arquitetônica, a teoria arquitetônica tem buscado, sem sucesso, racionalizar os ícones frequentemente semelhantes tanto como subprodutos da imprevisibilidade da cidade contemporânea ou como o resultado das tendências suspeitosamente momentâneas (e oportunistas) que oscilam entre o dito projeto ecológico e a suposta revolução do parametricismo apoiada na tecnologia. [1]

Mas, seriam estas explicações vagas de condições externas à arquitetura suficientes para elucidar as semelhanças formais entre tantos edifícios emblemáticos? Serão a torre CCTV e a Max Reinhardt Haus semelhantes apenas por coincidência? Ou, há uma relação subjacente entre o Palácio da Paz e Reconciliação de Foster and Partners’, a Cidade Tetraedro de Buckminster Fuller e as Pirâmides de Gizé? Como explicar o desaparecimento de qualquer tentativa para dar coerência teórica para estas construções, no momento em que a consistência formal parece sugerir a possibilidade de uma nova ontologia arquitetônica? Que tal entender o enredo oculto da arquitetura sobre a forma?

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Cortesia de Cruz Garcia & Nathalie Frankowski / WAI Think Tank

Manifesto

Nem toda a arquitetura se encanta pela forma, mas para aquela que o faz, este é o seu manifesto.

Resistindo à tentação de afirmar que forma e arquitetura têm uma nova simbiose, ou que toda a arquitetura contemporânea está obcecada com pirâmides ou arranha-céus, estevade-mécum tem como alvo uma série de edificações específicas que tem dado à forma um protagonismo inegável. Ele reconhece que, assim como o Modernismo tinha cinco pontos canônicos, e o Pós-Modernismo aspirava emular a complexidade e a contradição na arquitetura, há uma arquitetura que fez da forma o pilar do seu edifício visual.

Este é um manifesto sobre arquitetura e forma, um manifesto sobre Ícones Puros Extremos

Arquétipo

Carl Jung definiu como um arquétipo as forças de padronização contidas no inconsciente coletivo, a camada mais profunda de imagens que é inata na psique humana, independente do tempo e do lugar.  [2,3] O livro Pure Hardcore Icons surge quando estas imagens se tornam arquitetônicas.

Baseado no princípio do Hardcorism - a arquitetura como forma geométrica pura extrema, o livro Pure Hardcore Icons olha para o “inconsciente coletivo” da arquitetura de forma similar à qual Kazimir Malevich olhou para as profundezas da arte moderna. Assim como “The Non-Objective World” (1927), de Malevich, se tornou o primeiro manifesto da forma pura na arte, apesar do fato de que as formas geométricas têm sido parte do repertório visual de contos de fadas, mitos, religiões e artes visuais, desde o início da humanidade, o Pure Hardcore Icons  apresenta um quadro teórico para a tradição atemporal de projetar edifícios como formas puras.

O livro Pure Hardcore Icons é retroativo, de modo que sua teoria se aplica à arquitetura desde o início da história, e de modo projetivo, uma vez que prevê a dialética futura da arquitetura e da forma pura. O livro Pure Hardcore Icons é uma descoberta munariana do cubo e da esfera, da pirâmide e do arranha-céu, do condensador horizontal e das caixas empilhadas.[4]

Sem sugerir que a criação de objetos autônomos é a única maneira de produzir arquitetura, o livro Pure hardcore Icons traz a forma arquitetônica — um tabu implacável no discurso arquitetônico — para o primeiro plano da discussão teórica. A obra escava as espessas camadas da memória histórica para revelar as profundezas da arquitetura do Inconsciente Coletivo.

Tríptico

Escrito e projetado por Nathalie Frankowski e Cruz Garcia (diretores da WAI Architecture Think Tank), Pure Hardcore Icons inclui contribuições por Luca Silenzi (Prólogo: Substância da Forma), Guido Tesio (Epílogo: Conjunturas sobre a Composição Convencional) e uma entrevista com François Blanciak, autor de SITELESS: 1001 Formas de Construção (2008).[5] Um tríptico conceitual, Pure Hardcore Icons é composto de três partes semi-autônomas, cada uma o produto de uma combinação de texto crítico e paisagem manufaturada que procura dissecar a relação entre a forma e a arquitetura.

Puro

Nesta primeira parte, o Hardocrism puro apresenta formas geométricas puras como um ideal arquitetônico. O primeiro manifesto de formas geométricas puras apresenta o papel de pirâmides, cubos e esferas através da história da arquitetura.

Cortesia de Cruz Garcia & Nathalie Frankowski / WAI Think Tank

Hardcore

A segunda parte apresenta As Formas da Arquitetura Contemporânea Extrema, uma ontologia de algumas das categorias formais mais prevalecentes nos últimos anos de produção arquitetônica. Nesta parte, uma série de paisagens se apresentam como “evidência” das formas consistentes da arquitetura contemporânea.

Ícones

O terceiro ensaio, Post(card) Ícones ideológicos mostra três cartões postais que colocam em contraste projetos emblemáticos de uma vanguarda carregada de simbolismo filosófico, com re-interpretações contemporâneas para revelar a dialética entre o poder iconográfico da forma e a relevância duradoura da ideologia na arquitetura.

Dogma

Pure Hardcore Icons não é uma publicação dogmática ou um livro de história. Ao invés de oferecer respostas absolutas, o manifesto usa a convicção humorística como uma ferramenta para aumentar a conscientização sobre a forma pura na arquitetura, na esperança de que o potencial e as limitações dessas arquiteturas poderiam ser totalmente compreendidos, quer na prática, na academia ou como um exercício puramente intelectual. Este livro pergunta; que tal aprender sobre Pure Hardcore Icons?

Índice Analítico

Prólogo
Substância da Forma
Prólogo por Luca Silenzi

Introdução
Entendendo o Pure Hardcore Icons
Que tal uma Introdução?

Part 1: Puro
Hardcorism Puro
Que tal um Manifesto das Formas Puras?

Parte 2: Hardcore
As Formas da Arquitetura Contemporânea Extrema
Que tal uma Ontologia de Formas de Edificação Contemporânea?

Parte 3: Ícones
Post(card) Ícones Ideológicos
Que tal uma Dialética da Iconografia Ideológica?

Entrevista
A Possibilidade do Sitelessness
Entrevista com Francois Blanciak

Epílogo
Conjecturas Sobre a Composição Convencional
Epílogo por Guido Tesio

Reconhecimentos

Poema das Formas

Fonte: Cruz Garcia & Nathalie Frankowski. “Um manifesto por ícones e arquiteturas inspiradas pela forma” [A Manifesto For Icons and Architecture Infatuated By Form] 07 Jun 2014. ArchDaily. (Arthur Stofella Trans.) Acesso em 20/06/2014

http://www.caubr.gov.br/?p=26231

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