Ideias e Observações sobre Concursos

Publicamos a seguir, como parte da seção “ensaios e debates” algumas “ideias e observações sobre concursos“, reflexões apresentadas pelo Solid Architecture, escritório de arquitetura sediado na Áustria.

1.     Diversifique os meios e os instrumentos

Quando estiver desenvolvendo e concebendo um projeto é importante mudar os meios e instrumentos com os quais se está trabalhando: em geral nós construímos uma maquete de estudo baseada na primeira ideia – fotografamos a maquete e analisamos a imagem no computador, imprimimos algumas imagens, fazemos croquis, desenhamos plantas esquemáticas, escrevemos textos e depois, construímos um novo modelo… Cada meio ou instrumento oferece aspectos distintos do projeto. Ao mudar o meio e a forma de olhar o projeto, evitamos criar projetos que são excelentes maquetes, porém soluções funcionais terríveis.

2.     Pense em soluções que ainda não passaram por sua cabeça (mas que provavelmente já foram consideradas por outros concorrentes)

Qual a solução projetual que aquele escritório de jovens e desconhecidos arquitetos, dos quais ninguém ouviu falar, pretende submeter a um concurso?

Nós tentamos imaginar o resultado de um concurso, do primeiro ao terceiro lugar, nas etapas iniciais do processo de projeto.

Qual será a ideia na qual ninguém pensou até agora?

3.     Convide pessoas de fora para avaliar seu projeto (que não sejam seus colegas ou amigos)

Júris de concursos em geral incluem pessoas de fora da área de arquitetura: o diretor de uma creche, de 31 anos, os donos de uma empresa, com idade entre 50 e 60 anos… Essas pessoas podem ter uma visão completamente diferente da arquitetura.

Por isso, às vezes nós apresentamos nossos conceitos a pessoas de fora, que não são necessariamente experts em arquitetura e que pertencem a grupos distintos. Isso nos permite entender como nosso projeto e nossas apresentações são percebidas por aqueles que não têm formação arquitetônica.

4.     Faça uma montagem prévia de sua diagramação e sua apresentação

No início do projeto nós criamos uma primeira diagramação, frequentemente utilizando plantas, desenhos e imagens de outros projetos. Fazemos isso na mesma escala da prancha final. À medida que avançamos no projeto do concurso, a diagramação da prancha vai sendo atualizada com a colagem de novas imagens do projeto (impressas em A4 ou A3). Essa diagramação, em constante mudança e evolução, nos ajuda a:

- visualizar quantos elementos serão necessários para apresentar nossa ideia;

- evitar o desenho e a produção de coisas que não vamos incluir nas pranchas finais;

- decidir sobre as dimensões a serem utilizadas nas imagens, textos, símbolos, etc.

5. Adapte suas apresentações para várias distâncias de leitura

Nossas apresentações são concebidas para serem lidas em três distâncias: 10 a 5 metros, 5 a 3 metros e de 1 metro a 50 cm.

de 10 a 5 metros

Especialmente quando há muitos projetos, o júri precisa caminhar ao longo de fileiras e fileiras de projetos, colocados um ao lado do outro. Portanto, tentamos transmitir algumas informações e criar uma atmosfera especial, de maneira que as pessoas que estão passando possam parar e pensar: “Parece interessante. Vou dar uma olhada mais de perto…”

de 5 a 3 metros

Caso nosso projeto seja discutido pelo júri (é o que esperamos), haverá a situação em que de 5 a 15 pessoas estarão reunidas ao redor de um ou mais painéis. Dessa distância, a ideia principal do nosso projeto precisa ser visível.

de 1 metro a 50 cm

O olhar detalhado: uma pessoa, diante de um painel específico, consegue visualizar informações mais detalhadas. Nessa distância apresentamos chamadas para tópicos adicionais como: “construção simplificada”, “distâncias reduzidas”, “ventilação natural”, etc.

6.     O projeto precisa ser finalizado três dias antes do prazo final

A qualidade da apresentação é vital para que o projeto tenha alguma chance de premiação. Para garantir a necessária qualidade, nós finalizamos o projeto  e paramos de fazer alterações (pelo menos nós tentamos) três dias antes do prazo final, a fim de trabalhar na apresentação.

7.      Resultados de concursos podem ser previstos (de certa forma)

Ao analisarmos os resultados de concursos anteriores, descobrimos alguns padrões que o júri tende a seguir, o que nos permite – de certa forma – fazer previsões sobre o resultado:

a)     Uma seleção de formas: as premiações vão para os melhores edifícios em forma de retângulos, gotas, pontos, etc.

b)     O argumento fundamental. Um aspecto foi definido pelo júri como algo essencial, por exemplo: “nenhuma parte do edifício deve ser situada na rua B, nem deve ter altura maior do que dois pavimentos”, etc. Todos os projetos vencedores atendem esses critérios.

c)     Atenção ao critério eliminatório: “qualquer um que colocar a área de lazer na cobertura do auditório será desclassificado”.

d)     A decisão aleatória: quando é impossível entender como o júri chegou a um resultado.

 

8.     Revise seus projetos pelo menos duas vezes – antes e depois do resultado do concurso.

O projeto foi enviado – hora de relaxar e de se recuperar. Depois de uma semana nós nos reunimos e revisamos o projeto, analisamos o que deu certo e o que deu errado e discutimos que tipo de projeto nós achamos que vai vencer o concurso.

E o vencedor é… Sabendo o resultado do concurso, revisamos o projeto novamente.

Ao compararmos essas duas revisões, aprendemos coisas importantes como: Quais aspectos nós subestimamos? O que há de especial em determinado projeto – aos nossos olhos e aos olhos do júri? Onde foi que o júri errou?

9.     Apenas participar de concursos não é (em geral) suficiente

Nós visitamos as exposições de concursos, onde são exibidos os participantes e analisamos também os projetos que não ganharam. Pelo menos metade deles – independente da qualidade do projeto em si – não foram reconhecidos pela falta de qualidade na apresentação.

A fim de adquirir experiência prática e continuar praticando, precisamos participar de concursos regularmente.

10.  Seu número da sorte

Na maioria dos concursos dos quais participamos nós devemos escolher e registrar na parte superior direita da prancha um número aleatório de seis dígitos.

Nosso “número da sorte” é sempre a data em que começamos a trabalhar na diagramação do projeto. Além de não gastar tempo pensando em um número e poupar esse tempo para o projeto, podemos facilmente acessar os projetos em ordem cronológica, simplesmente olhando o número no painel.

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Agradecemos ao Solid Architecture pela disponibilização do texto e das imagens para publicação. As imagens são fotos de detalhes do escritório, disponibilizadas pelos arquitetos (tradução do texto – editoria de concursosdeprojeto.org).

Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2012/06/25/ideias-concursos-solid-architecture/

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