Critérios para eficiência de projetos em Steel frame

As principais lideranças da construção a seco do Brasil começam a acompanhar um fenômeno que se não atender a certos critérios básicos, e bem fundamentados, poderá colocar em risco uma alternativa segura, econômica e rápida para o combate do déficit de moradia nacional e o atendimento à urgente demanda por imóveis.

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A construção a seco ou o sistema light steel frame ainda ocupa algo em torno dos 2% de unidades entregues e/ou em edificação pelo ascendente mercado da construção civil brasileira, um dos setores que mais cresceu com o enriquecimento das classes C e D, e o grande boom econômico nacional que tem gerado emprego, renda e a descoberta de novos setores da cadeia de produção brasileira, como um todo.

Soma-se a isso, em curto prazo, as estruturas que serão necessárias para as megacompetições esportivas que terão como sede o Brasil, a Copa do Mundo, em 2014, as Olímpiadas, logo em seguida, em 2016.

Não são apenas as casas e apartamentos que inflam as promissoras, e reais, estatísticas desse segmento, mas também o aumento frenético das obras de novas lojas, indústrias, prédios comerciais.

Recorro a esse especial momento vivido por engenheiros, arquitetos e toda a cadeia de profissionais de obras, e ao fortalecimento e desenvolvimento de novos e tecnológicos materiais de construção para fazer a seguinte defesa: torna-se necessária, hoje, a adoção de critérios pelos dois lados dessa moeda - os grandes fornecedores e os profissionais da construção civil - e o público final, o consumidor/cliente, que constrói a casa própria, ou o prédio comercial e/industrial.

Os critérios são fundamentais para que a construção a seco siga o promissor caminho que poderá lhe conferir um aumento na participação desse boom construtivo, de até 10%, nos próximos anos.

A popularização de alguns materiais, e o famoso, mas perigoso jeitinho brasileiro, que adota modelos de construção infelizmente sem a devida técnica, podem colocar em risco muito mais do que as previsões de crescimento da construção a seco, mas a vida e segurança de moradores e usuários das edificações.

O light steel frame é caracterizado pelo uso de materiais industrializados, portadores dos mais gabaritados selos de gestões de qualidade - todos, seguindo normas internacionais. Ele baseia-se no encaixe feito a partir dos perfis de aço leve, que dão sustentação ao imóvel e a materiais como placas cimentícias ou OSB.

Essa técnica, utilizada com sucesso em diversos países como Japão, Estados Unidos, e alguns pontos da Europa, precisa seguir os padrões especificados por seus fornecedores.

Sem isso, como exemplifica Paulo Perez, diretor de Marketing Institucional da Brasilit, um dos principais fornecedores para esse mercado, as grandes vantagens desse modelo - a redução de perdas, o ganho de velocidade para a entrega dos projetos e um produto final de qualidade - ficarão comprometidos.

"É importante destacar que esta nova tecnologia de construção requer um projeto bem pensado, planejado e cumprido em seus mínimos detalhes, diferentemente do que ocorre, por exemplo, com a tradicional alvenaria, em que soluções vão sendo incorporadas durante o andamento da obra".

O diferencial da construção a seco, assegura o profissional que tem acompanhado a expansão da opção na construção nacional muito de perto, é a garantia de um produto final com qualidade, com a diminuição substancial de imprevistos que venham a incorrer em situações como o descumprimento de prazos.

Ao contrário da alvenaria, que oferece um modo de construir mais artesanal, observa Paulo Perez, o light steel frame, é um um sistema de tecnologia aberta, onde os serviços e produtos foram testados dentro e fora do Brasil, não havendo espaço para o famoso "quebra-galho".

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Opinião semelhante possui Gabriel Pontes, arquiteto e coordenador técnico da Eternit, que também possui uma linha de produtos para o light steel frame.

Ponte observa que ao contrário dos projetos convencionais, um projeto em light steel frame elimina a margem de erros, porque deve ser cumprido com fidelidade pelo construtor. Além disso, acrescenta ele, "eventuais dúvidas podem ser consultadas tanto com os responsáveis técnicos pelo projeto, quanto junto aos fabricantes de produtos especificados".

Os principais fabricantes com atuação no Brasil dispõem de equipes prontas para atender aos profissionais e consumidores. Na Eternit, diz ele, os "especificadores técnicos" são responsáveis pela interface entre os profissionais de projeto e os executores da obra.

Pontes indica importantes caminhos a serem seguidos. Para um projeto executivo bem definido, recomenda um estudo que leve em consideração todas as especificações dos produtos. A partir deste projeto, enumera, "pode-se determinar um cronograma preciso e obter outras vantagens como a otimização de área de canteiro de obras; a mínima geração de resíduos e racionalização de prazos de conclusão da obra, que são exatamente as características de construções consideradas industrializadas.

Os dois experts neste mercado comungam a mesma opinião quando a sugestão tem como endereço o consumidor que está aderindo à construção a seco.

Ambos recomendam a opção por profissionais e empresas qualificadas, conhecidas no mercado, que apresentem projetos e resultados, tanto para a compra de materiais quanto para a elaboração e execução do projeto.

"Como em todos os ramos, na hora de contratar, é importante recorrer a empresas e profissionais bem estabelecidos, com solidez no mercado, atesta Paulo Perez, fazendo uma correlação corriqueira, mas pertinente: "A conduta deve ser a mesma que se toma ao procurar algo bem trivial, como a escolha de um médico, por exemplo”. A especialização, formação e sua história fazem toda a diferença.

Os critérios

Elenco, então, a seguir itens básicos, definidos após uma análise de mercado e, de maneira muito especial, das conversas com profissionais que têm nos procurados para aprender e conhecer a construção a seco. Esses critérios são fruto de várias pesquisas e projetos assinados pela Construtora Micura, a qual presido há mais de uma década.

A adaptação da construção a seco à arquitetura brasileira nasceu da pesquisa de campo e dos projetos já entregues por essa equipe pioneira no Brasil.

Por isso, me sinto à vontade para compartilhar a nossa experiência e divulgar algo que acredito fielmente: o light steel frame poderá transformar a construção nacional brasileira, mas precisa seguir os caminhos corretos para isso.

O primeiro ponto a fundamentar o sucesso da obra em light steel frame é a elaboração de um bom projeto executivo estrutural de light steel frame, e a definição de seus componentes que chamamos de sistema integrado.

O profissional irá escolher os materiais disponíveis hoje no mercado brasileiro. Para vedação, por exemplo, temos as placas cimentícias da, Brasilit, Eternit, Contract e também as placas de OSB fornecidas pela LP.

Cada um desses sistemas possui as recomendações técnicas e seguras, garantidas por seus fabricantes. E a escolha por uma delas, determinará, por meio do memorial descritivo do sistema integrado, a forma como a obra será executada, bem como o passo a passo da execução, o cronograma, as tarefas a serem executadas pela mão de obra, a logística e todo o planejamento.

Bem planilhado, o projeto executivo eliminará riscos como atrasos, perda de materiais, os transtornos típicos de obras em alvenaria. A construção a seco segue rigorosas planilhas e medições, responsáveis pelo combate ao desperdício, à redução dos erros e a eliminação dos gargalos deflagrados na matemática das horas trabalhadas pelas equipes de montagem.

O cronograma é critério a ser observado quando a opção é pelo light steel frame. Esse modelo construtivo utiliza materiais industrializados, todos com medições precisas, escolhidos para compor, a partir da fundação e da montagem da estrutura dos perfis de aço, a sustentação do imóvel, a estrutura das paredes, os sistemas elétrico e hidráulico, o telhado da edificação. Todos esses itens serão instalados de acordo com um agendamento prévio, já apontado durante o projeto executivo e etapas da obra.

Todos os períodos previstos para as etapas da obra naturalmente, tendem a diminuir de maneira extraordinária o prazo de entrega. Gosto de lembrar que uma casa de 40 metros quadrados, por exemplo, após o tempo gasto com a fundação, pode ser entregue em cinco dias, como demonstramos em uma das últimas edições da Feicon-SP. Por que isso aconteceu? Porque todas as etapas construtivas foram devidamente planejadas, como a definição das tarefas, atuação das equipes de montadores nas diferenciadas fases, etc.

Sem esse cronograma, um dos diferenciais do sistema, a rapidez na entrega da obra será abortada.

E, esse é um risco que sentimos ao descobrir que muitas pessoas, por desinformação de projeto, principalmente, podem comprometer uma das características básicas dessa alternativa construtiva, nascida no pós-guerra, justamente pela necessidade de se reconstruir bairros inteiros em um curto espaço de tempo.

A execução dos itens e os prazos definidos nas etapas anteriores devem atentar para o que diz o manual definido pelos fornecedores, adaptado ao projeto feito pelo arquiteto e engenheiro. O light steel frame não admite adaptações, que podem comprometer o resultado final e já têm contribuído para insucessos.

A boa formação dos profissionais é outra das teclas mais batidas quando o assunto é o amadurecimento desse sistema na construção civil nacional.

O que se tem hoje, no mercado, como bem descreve Paulo Perez, da Brasilit, são as capacitações profissionais oferecidas pelos próprios fornecedores.

E isso ocorre, fundamentalmente, com o pessoal de montagem. Trata-se de um profissional novo, que carece de especialização para atuar adequadamente, e deve ser formado para atender a uma demanda que só tende a crescer.

E os governos estaduais e federal, além das instituições acadêmicas da rede particular, ainda não atentaram para isso: os novos modelos tecnológicos de construção vão necessitar, ou melhor, já necessitam de trabalhadores capacitados, que sabem manejar as ferramentas, muitos mais leves, aliás, do que as usadas na velha alvenaria.

E a demanda não ocorre apenas no nível médio. Mas, também no superior, onde cadeiras específicas para o light steel frame ou outras modernas tecnologias praticamente inexistem. Infelizmente.

Mas há boas notícias. Como as projeções feitas por Paulo Perez e Gabriel Pontes, e que confirmam o que temos discutido aqui na Revista Sistemas Prediais, há tempos: as perspectivas são de um rigoroso crescimento.

"Há quatro anos, quando conversávamos com construtores e profissionais técnicos da área de construção civil, a maioria desconhecia que essa tecnologia era industrializada. E por causa premente necessidade por novas construções e pela experiência vivida por outros países, a maioria já sabe, demonstra conhecimento e está motivada a adotar o que antes era apenas restrito a alguns nomes no mercado nacional", sintetiza Paulo Perez.

O administrador defende, no entanto, a necessidade de se facilitar a inclusão desse modelo por meio de facilidades de financiamento, como por exemplo através da Caixa Econômica Federal, para que num futuro próximo o sistema venha a ser cada vez mais usado pelo mercado, trazendo um toque de modernidade ao setor da construção no Brasil.

Ao que Gabriel Pontes concorda, e acrescenta, assertivamente: "a resistência cultural da utilização do sistema acaba sendo uma grande barreira para a aprovação de novas tecnologias em financiamentos voltados para públicos de baixa renda, por exemplo. Embora se tenha feito um grande trabalho para a comprovação de desempenho do Light Stihl Frame, sabe-se de sua utilização com sucesso há décadas em países de maior desenvolvimento que o Brasil, estas referências acabam não sendo levadas em conta, tornando a evolução do mercado e o atendimento às demandas mais lentas, já que os sistemas convencionais demandam maior tempo em sua execução".

Por tudo isso, tornar-se elementar aos profissionais, em especial, a busca do conhecimento e das boas experiências antes de investirem nesse nicho.


Reportagem: Heloisa Pomaro
Arquiteta e proprietária da Construtora Micura e da MicTech

Fonte: http://www.cbca-acobrasil.org.br/noticias-ultimas-ler.php?cod=5310

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