7 razões pelas quais a arquitetura (como a conhecemos) não tem futuro

Steve Mouzon, com Romullo Baratto Fontenelle da Archdaily

Steve Mouzon, diretor de Studio Sky e Mouzon Design, é um arquiteto, urbanista, autor e fotógrafo de Miami. Ele fundou o New Urban Guild, que hospeda o Project: Smart Dwellinge ajuda a divulgar o movimento Katrina Cottages. A Associação sem fins lucrativos afiliada é a Guild Foundation, que hospeda a iniciativa Original Green.

A arquitetura mudou irreversivelmente na última década, mas aqueles que souberam se adaptar estarão bem colocados dentro da profissão dentro de alguns anos. Já se passaram 8 anos desde o pico da construção em 2005, quase seis anos da crise de financiamentos e cinco anos desde a grande crise que originou a Grande Recessão.

Hoje em dia, parece que o mercado imobiliário está começando a se recompor, mas é tarde demais para a arquitetura como a conhecíamos.

E aqui estão sete razões disso.

A falta de empregados experientes

Mais da metade das pessoas que trabalhavam em escritórios de arquitetura em 2005 não o fazem mais. Alguns estão ainda desempregados, alguns tentaram iniciar um escritório próprio, mas muitos deixaram a profissão.

E quando alguém deixa a arquitetura, raramente volta atrás em sua decisão por três motivos: um diploma de arquitetura prepara a pessoa para tantas outras coisas que as pessoas podem simplesmente optar por trabalhar em outra área; esta é uma profissão muito estressante; e normalmente os salários são muito inferiores aos de profissionais de medicina ou direito, por exemplo.

Então, se você é dono de um escritório, ou seus ex-funcionários estão muito melhor longe da profissão, ou abriram seus próprios escritórios e estão competindo com você agora. Portanto, não é possível simplesmente voltar atrás e reunir as mesmas pessoas experientes que trabalharam para você um dia.

Não há mais clientes confiáveis

Durante os últimos 8 anos que passamos praticamente fora do mercado, nossos clientes mudaram significativamente. Uma década atrás, os clientes eram muito mais propensos a aceitar a opinião de um especialista arquiteto.

Hoje em dia todos aprenderam arquitetura através do Google. Basta perguntar a algum médico sobre sua experiência com pacientes que conhecem a "medicina virtual" para ter noção do que uma clientela instruída informaticamente significa para uma profissão.

A nova simplicidade

Seus clientes se tornaram muito mais econômicos nestes últimos 8 anos, e pela crise ter durado duas vezes mais tempo que o necessário para se conseguir um diploma de arquiteto, esta nova simplicidade provavelmente durará algum tempo mais.

Basta olhar para trás, para a Grande Recessão se 1929, e perceber como toda uma geração de americanos foi transformada pela crise, marcando-a com sobriedade econômica. Quando gastam dinheiro, estas pessoas estão mais propensas a pagar por produtos do que por serviços.

Compram roupas em atacado ao invés de procurar peças sob medida, por exemplo. Os donos de uma casa estão mais inclinados a comprar uma casa pronta do que a contratar um arquiteto para fazer o projeto. Hoje em dia, se você não tem nada a oferecer além de seus serviços, talvez seja a hora de pensar em outra fonte de renda.

Menor e mais inteligente

Quando estes proprietários resolvem contratar os serviços de uma arquiteto, eles encontram pela sua frente bancos que mudaram drasticamente. Muitos deles não fazem mais financiamentos para o setor imobiliário, e aqueles que ainda o fazem estão muito mais conservadores. Isto significa que seus clientes tem maiores chances de conseguir um financiamento se o projeto for pequeno.

Mais jovem e mais verde

Seus clientes também estão mais jovens. Uma década atrás, a maior parte dos clientes tinham nascido no pós guerra, mas o tempo passou e agora eles estão saindo do mercado imobiliário e sendo substituídos pela Geração X e Geração Y.

Estas gerações são muito mais preocupadas com um modo de vida e construção sustentáveis. Aliás, se você é um arquiteto nascido no pós guerra, corre o risco de ser visto como parte dos problemas ambientais, já que esta geração consumiu mais que qualquer outra na história da humanidade.

Paciência, generosidade e conectividade

Estas mudanças já seriam o bastante para mudar radicalmente qualquer profissão, mas ainda há mais. A indústria está passando por uma mudança que, acredito, se mostrará tão importante quando a Revolução Industrial há 250 anos.

Neste último quarto de milênio, as principais virtudes de um negócio foram: melhor, mais rápido e mais barato, ou qualidade, velocidade e economia.

Acredito que esta nova era que está despontando será conhecida como a Era da Ideia, e me parece que estes três valores que regem a indústria há 250 anos estão se transformando em paciência, generosidade e conectividade. Portanto, não se trata apenas de reformular nosso mercado, mas reformularmos nós mesmos.

As novas ferramentas

A maioria dos métodos utilizados pelos arquitetos há décadas não funcionam mais tão bem por dois motivos: primeiramente, o mercado está mais escasso, e os métodos antigos funcionavam bem quando havia abundância de oportunidades de trabalho.Segundo, e menos óbvio, estamos todos "vacinados" contra qualquer publicidade.

Fechamos os ouvidos para um vendedor tão rapidamente quando deletamos um e-mail de spam. A boa notícia é que as novas ferramentas emergentes funcionam muito melhor, e novamente por duas razões: pode-se alcançar um número muito maior de pessoas com blogs, tweeter, comunidades online, vídeos, etc., do que era possível antigamente; e estas novas ferramentas atingem nichos compostos por novos clientes em potencial.

Eu acredito firmemente que, embora a grande recessão tenha sido a época mais desanimadora da minha vida em termos de trabalho e clientes, ela tem o potencial de ser um grande evento transformador que pode mudar para melhor a profissão. Ao menos para aqueles que se adaptarem e se transformarem. O que você pensa a respeito disso? Deixe sua opinião na seção de comentários.

Este artigo foi originalmente publicado como "The End of Architecture as We Knew It" on Original Green.

Fonte: http://www.asbea.org.br/escritorios-arquitetura/noticias/7-razoes-pelas-quais-a-arquitetura-como-a-conhecemos-nao-288683-1.asp

2 comentários:

Unknown on 16 de maio de 2013 às 14:15 disse...

Observações importantes e reais, mas muitas das conclusões pontuais ao mercado americano. Se conseguirmos olhar o mundo, ainda há espaço para muito a ser feito. A renovação sempre acompanhou todas as áreas técnicas, não é agora que isso irá mudar. Mas, tenho certeza de que, as modificações que surgiram no passado e perpassaram na arquitetura (sempre por último, pelas próprias circunstâncias que abrangem uma obra), hoje identifico como uma das influências das transformações.

Unknown on 16 de maio de 2013 às 14:16 disse...

Comentário anterior feito por Cesar De Santis

 
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