Historiadores resgatam mapas e fotos inéditos da construção da capital

Documentos inéditos mostram que um estudo da topografia e do relevo do DF serviu de base para Lucio Costa definir o projeto da nova capital. O material foi produzido antes mesmo da eleição de JK

QUEBRA-CABEÇA: Milhares de fotografias aéreas foram usadas para compor mapa do local que abrigaria o novo Distrito Federal
 
Antes de Juscelino Kubitschek ser eleito presidente e anunciar a construção de Brasília, já havia um estudo completo e detalhado da topografia e do relevo da área onde seria erguida a nova capital. A pesquisa contava com mais de mil mapas e fotografias aéreas. Tudo acabou usado pelos engenheiros comandados por Lucio Costa para tirar o Plano Piloto do papel. Mas esse material acabou esquecido na burocracia estatal, até três semanas atrás, quando um historiador do Arquivo Público do Distrito Federal os identificou em meio aos milhões de documentos guardados no órgão, que nunca teve sede própria e funciona inadequadamente nas dependências da Novacap.

Produzidas entre 1954 e 1957 pela empresa norte-americana Donald J. Belcher Associados, com sede em Nova York, as mais de mil plantas e imagens revelam que o terreno de Brasília não era tão plano e regular como vemos hoje. Havia muitos obstáculos, como morros, imensos buracos e vários córregos e ribeirões. “Esses documentos se referem aos estudos do terreno necessário para que fossem construídos os prédios, ou seja, a cidade visível hoje. Vendo as fotos, dá para se ter uma ideia de quanta terra foi mexida e retirada para a construção de Brasília. Algo, na verdade, inimaginável”, comenta o historiador Wilson Vieira Júnior, responsável pelo resgate dos documentos.
 
 
 
Responsável pelo resgate do material, Wilson Vieira Júnior revela que os documentos estavam esquecidos na mapoteca
 
O então presidente da República, Café Filho, nomeou o marechal José Pessoa Cavalcanti Albuquerque para coordenar o trabalho de registro da área onde viria a ser construído o novo Distrito Federal. A equipe ganhou o nome oficial de Comissão de Localização da Nova Capital Federal. Não era o primeiro grupo criado por um presidente com a finalidade de levantar dados sobre uma área para a mudança da capital do Rio de Janeiro para o Centro-Oeste (veja quadro). No entanto, foi o pioneiro em uso de fotografias aéreas e a que produziu os mais detalhados mapas do relevo do Planalto Central. O material também foi usado na desapropriação das terras onde seria erguida a cidade.
 

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