Medição e Verificação em Eficiência Energética

Brasil – Adoção de medidas para medição e verificação do consumo de energia, consideradas confiáveis, ajudam a apurar os resultados de uma ação de eficiência energética

Ivana Varela e Brenno Marques, para o Procel Info

Brasil – Conhecemos a eficiência energética como a forma mais eficaz de se reduzir custos de energia elétrica, e sabemos também que essa prática contribui para incentivar outras melhorias de impacto ambiental. Em termos técnicos, ela nada mais é que a energia que não se consumiu. Porém, a eficiência energética ainda era considerada pequena em relação ao seu potencial, já que ela não podia ser medida diretamente, como uma fonte de energia alternativa. E para ser confiável, esta medição precisa ser feita em um processo seguro, de preferência padronizado e adotado internacionalmente. Desta forma, essa função passou a ser cumprida por um Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance (PIMVP), criado nos anos 90 para promover a indústria de ESCOs (empresas de serviços de conservação de energia) , que é mantida hoje por uma organização internacional especialmente criada para este fim – a EVO – Efficiency Valuation Organization.
Para o diretor Técnico do CTC Experts e instrutor certificado pela EVO, Agenor Garcia, a M&V é a única maneira de apurar os resultados de uma ação de eficiência energética. A economia conseguida é a energia que se consome depois da ação, subtraída da energia que teria sido consumida sem ela. Os contratos de performance passaram a ser pagos, e por conta disso houve uma necessidade de uma medição mais presente e confiável da eficiência energética. Alguns projetos chegaram a tornar obrigatório a medição das economias usando-se o PIMVP.
O protocolo PIMVP não fornece métodos para se fazer medição e verificação em cada tipo de ação de eficiência energética. Ele fornece apenas conceitos e uma estrutura de ações para cada caso particular.

A M&V é a única maneira de apurar os resultados de uma ação de eficiência energética

Por exemplo, a variação e previsão do consumo de energia para um ar condicionado, tem uma estimativa e performance completamente diferentes de um aparelho de máquina de lavar. Em cada caso mede-se a energia antes de se fazer alguma melhoria no eletrodoméstico, bem como as variáveis que influenciam o seu consumo, e constrói-se um modelo ideal especificando o que se vai medir e como se vai calcular a economia. É importante também que todos os envolvidos na ação, desde o dono da instalação até o agente regulador, entendam como será calculada essa economia para que não haja dúvidas na fase da apuração.
Devemos reconhecer a importância dos medidores na gestão de energia, pois aquele ‘relógio’, além de ser o instrumento básico para geração da conta ao consumidor, pode fornecer ao mesmo consumidor informações, desde que os dados sejam devidamente analisados, que podem se traduzir em ações de economia de energia. Algumas empresas já começaram a incorporar medidores setoriais em painéis de distribuição em sua instalação, além do medidor principal na entrada de energia.
A Abesco - Associação de ESCOs brasileiras - é um tipo de empresa que faz prestação de serviços de eficiência energética. E segundo o presidente desta associação, o engenheiro José Starosta, a Medição e Verificação é a melhor forma de se acompanhar e aferir resultados de performance energética. “A ABESCO apoia integralmente as iniciativas para padronização e difusão da aplicação da metodologia de Medição e Verificação, quer seja no âmbito dos projetos de Eficiência Energética das ESCOs (Empresas de Serviços de Conservação de Energia), no PEE/ANEEL ou na elaboração de normas da ISO/ABNT”, finaliza.
Para garantir a qualidade do serviço e que as técnicas sejam corretamente aplicadas, a EVO mantém dois tipos de curso. O primeiro é menos aprofundado, com duração de um dia e voltado para o profissional que não precisa de certificação, apenas uma noção geral de como funciona o processo. Já o segundo, é uma certificação profissional internacional (CMVP – Certified Measurement and Verification Professional). E para conseguir o título, o profissional deve fazer um curso de dois dias e meio e ser aprovado com 70% de aproveitamento, em um exame de 107 questões e quatro horas de duração. Além disso, o profissional precisa comprovar educação e experiências específicas.
No Brasil, existe um representante da EVO para ministrar esses cursos e exames. É o CTC Experts, que também tem um terceiro curso próprio de “Fundamentos de Medição e Verificação”, voltado para quem precisa aprender a técnica mais aprofundada, porém não necessita de certificação. Este curso é feito em quatro dias e envolve discussão de casos práticos com simulação em computador. No final do curso há uma prova, somente para medição do aproveitamento.
Apesar da evolução em medição e verificação apresentada pelo país nos últimos anos, Agenor é enfático ao afirmar que “as ações de M&V feitas no âmbito do PEE também precisam passar por um processo mais rigoroso de avaliação, que garantam a sua adequação ao protocolo e às boas práticas”. Para ele, somente ações consistentes de M&V farão com que a eficiência energética seja mais acreditada pelo público em geral e aí sim representarão a devida importância, tal como temos com nossos recursos energéticos fundamentais.

Fonte: http://www.procelinfo.com.br/data/Pages/LUMIS8D1AC2E8ITEMIDD70CDA1DFD5547D6BBFE0D9B0A67CC80PTBRIE.htm

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