A arquitetura tem a função de abrigar, proteger, seja dos fatores externos naturais ou artificiais. Como também tem a intenção de abrigar os equipamentos e objetos para nossas necessidades cotidianas.
Geralmente, a arquitetura, inicialmente concebida por arquitetos apresenta um caráter artístico, muitas vezes abstraindo elementos necessários para a segurança e bem estar dos usuários. Sendo usado quando se trata de propostas iniciais, ou apresentadas em concursos de projeto, onde o apelo estético é o foco.
Entretanto, uma arquitetura 100% humanizada, muitas vezes, vai em oposição a essa estética simplificada. Em uma representação, onde o foco não está nos guarda-corpos ou nos corrimões de escadas, ou na sinalização dos pisos e desníveis, e sim no fato de explorar o formalismo do projeto ou sua leveza, a omissão desses elementos acaba sendo bastante comum.
Principalmente na faculdade de arquitetura, onde o foco é a proposta projetual, com prazos curtos e mais diversas outras matérias ao mesmo tempo, a especificação ou representação de tais elementos voltados para a “segurança”, fica em segundo plano.
Já a arquitetura projetada como conceito, por sua vez também não responde exatamente as necessidades básicas dos humanos, sendo necessária adaptá-la a realidade do usuário, ainda que para isso seja necessário interferir no resultado estético.
O ser humano é uma espécie dinâmica, inteligente e com uma as mobilidades mais desenvolvidas. Porém, nas diferentes fases da vida, as pessoas tem sua mobilidade reduzida e suas necessidades modificadas.
Seja uma criança ou um idoso, suas necessidades vão ser diferentes das demais pessoas jovens e adultas. Com isso, a arquitetura também deve responder a essas necessidades específicas, dando suporte e proteção a diversas faixas etárias.
Apesar das mais diversas propostas arquitetônicas, impressionantes e ousadas, nós arquitetos, devemos nos conscientizar, da mesma forma que atualmente o tema da acessibilidade ganhou espaço, que o tema da mobilidade e também da segurança deve ser repensado, e aqui propor uma reflexão sobre o que é ou não adequado para cada projeto em questão.
A criação arquitetônica não tem limites, a transformação das propostas, a releitura, a estetização, influenciada pelo processo criativo e pela necessidade de inovação, algumas vezes pode chegar a um resultado extremamente inovador, porém o mesmo pode não ser eficiente ao responder ao usuário.
Uma das áreas mais exploradas é o design de escadas. A evolução dessa é praticamente inimaginável. A estetização atingiu um nível nunca antes atingido, tornando o elemento escada uma obra de arte, responsável por compor a decoração e valorizar estética do ambiente.
Mas essa estetização unicamente formal deixa a desejar na questão funcional, fazendo com que algumas vezes, por mais impressionante que possa ser o elemento, a sua beleza exclui a possibilidade de segurança.
Os ambientes, com o passar do tempo, evoluíram de cômodos enclausurados para ambientes integrados, aparentemente, uma próxima evolução parece surgir no cenário, considerando a necessidade de espaços compactos, devido ao crescimento exponencial da população.Como já ocorre no Japão e em outros países, a exploração do espaço vertical, ou seja, a verticalização dos ambientes, o que ocasiona por sua vez, a verticalização das atividades.
Dessa forma, ao acompanhar mais esse processo de transformação, mais uma reflexão é proposta. Ao avaliarmos nossos hábitos, nosso corpo e nossos movimentos, estamos, nós, preparados para essa nova forma de habitar?
Estaria nossa arquitetura preparada para nos abrigar de forma segura, funcional? Ao menos no aspecto estético, as soluções arquitetônicas estão respondendo de forma gratificante, com inovação e criatividade.
Texto escrito por Thaisa M. Porfirio, colaboradora do Arquitete suas Ideias
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