Conheça os cuidados exigidos por pequenos auditórios em relação à iluminação, ergonomia e materiais de acabamento

Projetos exigem cuidados acústicos, luminotécnicos e ergonômicos; confira as dicas dos especialistas

Por Gisele Cichinelli
Edição 206 - Maio/2011

Antes de definir as diretrizes do projeto de pequenos auditórios - aqueles de 100 a 300 lugares - é preciso conhecer o seu programa: auditórios projetados para receber apenas palestras, conferências e aulas diferem muito daqueles também destinados às apresentações musicais e teatrais, cuja resposta acústica está intimamente ligada à volumetria e geometria do espaço. E, além da forma, pequenos auditórios exigem cuidados especiais em relação à iluminação, ergonomia e materiais de acabamento.
O rendimento acústico de um auditório onde serão ministradas apenas palestras não depende muito da volumetria local, pois o espaço é atendido por sistemas eletroacústicos que fazem a distribuição e cobertura sonora. O acabamento da sala, no entanto, deve ser bem pensado para dar suporte ao sistema eletrônico. "Estes auditórios requerem materiais absorventes para evitar a formação de ecos ou de energia acústica tardia, que ocorre após 100 milissegundos do som direto", explica o arquiteto José Augusto Nepomuceno, da Acústica & Sônica Consultores em Acústica.
Ripados de madeira com lã de vidro no fundo, painéis de lã de vidro com tecido e madeira perfurada são alguns dos materiais ou sistemas de absorção acústica que podem ser utilizados.
Carlos Gueller

O grande desafio foi implantar o auditório multifuncional para 210 pessoas dentro de uma edificação já existente, que antes abrigava um antigo laboratório. O espaço eleito foi o subsolo do bloco. Os arquitetos optaram por uma solução que garantisse o máximo de flexibilidade ao auditório de 700 m²: com um sistema mecânico, o espaço pode funcionar com diferentes configurações, seja plana, em arena ou no sistema tradicional.

Ficha Técnica

Nome do projeto Nova Sede da Serasa Cidade São Paulo Escritório responsável Edo Rocha Espaços Corporativos Ano do projeto 2003
Em auditórios destinados também à música não amplificada, por exemplo, a resposta acústica do espaço está intimamente ligada à sua volumetria e geometria. "Não está apenas ligada aos materiais de acabamento, como usualmente ainda se pratica no Brasil. Esta preocupação é mais crítica para os auditórios que querem receber música ou pequenas apresentações artísticas", acrescenta Nepomuceno.
Além de valorizar a arquitetura de interiores, o sistema de iluminação deve ser compatibilizado com os detalhes da arquitetura, da acústica (revestimentos de parede e forros) e com os demais sistemas de controle. O ideal, segundo o arquiteto Carlos Fortes, da Franco + Fortes Lighting Design, é que toda a iluminação seja dimerizada e separada em diferentes grupos (como luz de balizamento, de palco e de plateia). "É preciso considerar as condições de leitura e escrita do usuá­rio sem que isso interfira nas projeções", revela.
Segundo a lighting designer Cristina Maluf, um dos erros mais comuns no projeto de iluminação de pequenos auditórios é o excesso na quantidade de pontos de luz, que confere uma aparência de poluição visual ao forro e ao ambiente. "Pode-se evitar isso projetando um sistema de iluminação integrado, que pode ser composto por um sistema de iluminação geral, como o exemplo do uso de fluorescentes e halógenas, iluminação de palco para diversas situações e iluminação de contorno e de piso", diz Cristina. Todo este sistema somado deve proporcionar um nível de iluminação mínima de 300 lux, exigido pelas Normas Brasileiras para a plateia.  
Nelson Kon

Com 500 m², o auditório do Banco Votarantim, no edifício Rochaverá, em São Paulo, está destinado a receber eventos, palestras e reuniões. Um dos destaques é a iluminação. "Previmos uma iluminação institucional, não cênica, que valorizasse o projeto de arquitetura", conta Gilberto Franco, da Franco + Forte Lighting Design. Em formato sinuoso, as placas metálicas receberam iluminação indireta para valorizar seu desenho. Para garantir o conforto visual sobre a plateia, optou-se pela iluminação direta presa nas placas do forro do auditório. O forro metálico Serpentina Waves garantiu alta performance acústica.
Ficha técnica

Arquitetura Edo Rocha Espaços CorporativosAno do projeto 2009Iluminação Franco + Fortes Lighting DesignAcústica Harmonia e Acústica
Geometria e acústica
Do ponto de vista acústico, o ideal é situar o auditório em uma área distante de zonas potencialmente ruidosas, como próximo às casas de máquinas, ventiladores, sistemas de ar-condicionado com ruídos ou emparedados com banheiros. "Locais protegidos de ruídos externos exigem menos investimento em isolação acústica, reduzindo também o peso da construção. Por isso, é recorrente a instalação de pequenos auditórios em subsolos ou no interior do edifício", ressalta o arquiteto José Ovídio Ramos, consultor da Livre Arquitetura e professor de conforto ambiental da UniFiaam-Faam.
Outro item que, segundo Ramos, pode comprometer o desempenho acústico do auditório, é o uso excessivo de absorção para ambientes sensíveis, tornando-os "surdos", de forma a prejudicar a adequada propagação sonora, o equilíbrio e o conforto acústico do ambiente.
Com relação à geometria, a recomendação é evitar formas concentradoras de raios sonoros e paredes em leques. Recursos arquitetônicos como foyers, halls e antecâmaras contribuem para o amortecimento de ruídos externos. Pisos e forros inclinados, tratados com superfícies adequadas para reflexões de reforço ou absorção também devem fazer parte das preocupações de projeto. "Portas acústicas e acessos com revestimentos absorventes amortecem os ruídos vindos de fora e os silenciadores também podem ser especificados para garantir isolamento acústico em sistemas de ventilação, pois evitam a transmissão dos ruídos dos equipamentos para o interior do recinto", completa Ramos.

Daniel Ducci
Resolver satisfatoriamente as condições de acústica do ambiente. Esse era um dos desafios de Aflalo & Gasperini ao projetar este auditório multifuncional. Livre de obstáculos e abrangendo toda a área do ambiente (garantindo boa uniformidade na reflexão e propagação do som), o teto foi revestido com painéis lisos de madeira. Já nas paredes, cujas superfícies de dimensões e disposições desiguais impedem a reflexão uniforme do som, foi utilizada madeira com pequenas furações e material absorvente por trás dos painéis, capaz de fazer uma dupla função de absorção e reflexão. No piso, optou-se por carpete como material absorvente. Com a combinação de materiais absorventes e reflexivos, o resultado é um som nítido, seco, sem reverberações repetidas.
Ficha técnica

Local Edifício Jatobá Green BuildingAno do projeto 2007arquitetura Aflalo e Gasperini Arquitetos

Fonte e artigo completo: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/206/pequenos-auditorios-conheca-os-cuidados-exigidos-por-estes-espacos-em-214969-1.aspx

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