Especificação de mármores e granitos deve considerar resistência do material e necessidade de tratamentos

Por: Rodnei Corsini
Edição 253 - Abril/2015


Para a loja de departamentos Wolf Bracka, no centro de Varsóvia, o escritório polonês KAMJZ escolheu o granito escovado da marca brasileira Santo Antonio. Enquanto o primeiro andar, revestido por vidro, faz uma continuação com a rua, os andares superiores contam com grandes blocos de granito de até 3,8 m x 4 m, incluindo peças curvas
Mármore e granito são dois materiais tradicionais para revestimento de fachadas, pisos e bancadas quando o objetivo é usar pedras ornamentais. Sua especificação leva em conta, evidentemente, a estética. Mas é necessário também conhecer as características de resistência desses materiais, assim como os tratamentos indicados para algumas situações especiais e, também, os elementos construtivos que ajudam a garantir a vida útil das pedras e a viabilizar a manutenção.
Cada uma dessas pedras possui uma composição mineral particular. Seus graus de resistência à abrasão e a ataques químicos são diferentes, e são esses os fatores mais determinantes para aplicações adequadas nos projetos. O geólogo Eduardo Quitete, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), alerta que muitas vezes há confusão para diferenciar mármore e granito. Ele lembra das definições citadas em norma, a ABNT NBR 15.012:2013 - Rochas para revestimentos de edificações - Terminologia, e ressalta que elas são definições comerciais. Segundo a norma, são chamados de granitos um "amplo conjunto de rochas silicáticas granulares e compactas, de estrutura orientada ou não, independentemente da sua classificação petrográfica" (geológica). Já os mármores são definidos, na mesma norma, como "todas as rochas carbonáticas, de massa fina e de massa grossa, englobando os travertinos, limestones e ônix".
Apesar de serem definições comerciais, elas apontam para a diferença de composição das pedras. Eduardo destaca a importância de especificar uma rocha para um projeto em uma edificação não somente em função de estética mas também das solicitações a que será submetida quando estiver em uso. Essas solicitações se referem sobretudo à flexão, à compressão e ao impacto: "Independentemente do tipo de rocha, existem vários ensaios cujos resultados ajudam o especificador a selecionar o material tecnicamente mais adequado", diz. A maior parte desses ensaios é normatizada pela ABNT e cabe ao produtor do material fornecer os resultados para os clientes.
Como regra, os mármores apresentam menos resistência ao desgaste e a substâncias ácidas do que os granitos. Por isso, o geólogo alerta que é de se esperar que mármores apresentem durabilidade menor quando expostos, por exemplo, à chuva ácida, a tráfego intenso de pedestres e mesmo ao suco de limão. Já em situações em que não se espera solicitações desse tipo, como em paredes de salas e corredores com baixo tráfego, Eduardo Quitete afirma que não há diferença na expectativa de durabilidade entre mármores e granitos.
O arquiteto Marcelo Rosset, cujo estúdio leva seu nome, também aponta a resistência física como principal diferença entre os dois materiais para especificação nos projetos. As restrições e cuidados no uso do mármore, sobretudo, devem-se por conta da diferença de propriedades em relação ao granito. Ele deve ser especificado em situações de baixo tráfego e fora do alcance de luz solar. "Em áreas externas nem todos os mármores podem ser utilizados, por serem mais porosos e sujeitos a danos", diz.
A arquiteta Erika Fukunishi, do escritório EFTM Arquitetura, chama a atenção para a diferença estética entre o mármore e o granito quanto ao padrão mais comum de cores e mesclas. "No visual, o granito é mais mesclado, enquanto a coloração do mármore é mais uniforme, o que pode interferir na composições com outros materiais", diz. Quanto à funcionalidade, Erika destaca a necessidade de um cuidado especial para usar granito em áreas externas: recomenda que as placas sejam apicoadas ou flameadas, para ficarem antiderrapantes. Já no caso do mármore, a arquiteta aconselha evitar seu uso em áreas úmidas, como cozinhas e banheiros.
Há, portanto, características específicas que qualificam diversos tipos de mármores e granitos. Para pisos de alto tráfego, por exemplo, mesmo o granito deve ter propriedades medidas em ensaios - nessas situações, deve-se dar preferência a granitos com os menores resultados no ensaio de desgaste abrasivo, idealmente menor do que 0,6 mm/1.000 m.

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Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/253/especificacao-de-marmores-e-granitos-deve-considerar-resistencia-do-material-342676-1.aspx

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