Questões de ergonomia para ambientes de trabalho

Por Maryana Giribola
Edição 250 - Janeiro/2015


 DESENHOS     http://au.pini.com.br/au/solucoes/galeria.aspx?gid=10306

 SLIDE SHOW  http://au.pini.com.br/au/solucoes/galeria.aspx?gid=10305


Ergonomia é um conceito conhecido há séculos, e que se tornou uma disciplina científica em 1949, na Inglaterra. Os estudos direcionados ao relacionamento entre o homem e seu ambiente, trabalho e equipamento iniciaram-se pela análise das doenças e lesões ocasionadas pela falta de postura adequada dos trabalhadores. Até então, a preocupação se limitava ao mobiliário. "Foi aí que as cadeiras começaram a ter uma melhora constante e progressiva em sua produção", lembra João Bezerra de Menezes, sócio-diretor da Ergotec Projeto e Consultoria.
Para beneficiar a postura correta no ambiente de trabalho, o mobiliário passou a apresentar melhor qualidade e a ser projetado para se adaptar aos funcionários por meio de regulagens. Mas esse elemento deixou de ser a única preocupação quando o assunto é ergonomia no ambiente de trabalho. Hoje em dia, conceitos organizacionais e motivacionais também têm sido avaliados na hora de planejar ambientes corporativos humanizados. "E esse tipo de preocupação só vem crescendo", garante Fernando Vidal, sócio da RoccoVidal P+W.
O primeiro passo para um projeto corporativo que atenda bem à relação homem-trabalho é entender como determinada empresa funciona. A partir daí, a ergonomia pode ser impressa não somente nos mobiliários, mas em todo o layout dos espaços, melhorando o conforto, a segurança e até o desempenho nas atividades exercidas dentro de uma empresa. "É o conceito de macroergonomia. A questão do mobiliário é simples de ser resolvida. Difícil é resolver as questões mais globais de uma corporação, alterando até o seu sistema de gestão, se necessário", explica João Bezerra.
Certa vez, analisando o funcionamento de duas agências de um banco internacional durante uma consultoria, João percebeu que mesmo uma delas tendo um fluxo de trabalho muito mais intenso do que a outra, os funcionários não reclamavam da rotina. Na outra unidade, embora a movimentação de clientes fosse muito menor, os trabalhadores se queixavam do trabalho com frequência. "O problema estava na gerência. Enquanto uma era mais amistosa, a outra fazia com que os funcionários cumprissem regras muitos rígidas, sem horários de descanso. Isso provocava irritação nas pessoas." Por isso, além de planejar espaços, o cuidado em entender o funcionamento interno de uma empresa e ouvir críticas e sugestões dos funcionários é um ponto crucial para a execução de um projeto rico em soluções ergonômicas.
Antes de começar a projetar o interior, a disposição e a sinergia entre os espaços também precisa ser estudada a fundo. Dependendo da política de cada empresa, as salas de reuniões e estações de trabalho podem ser menos ou mais privadas, por exemplo. "O importante é garantir que toda a funcionalidade pretendida com o projeto de fato beneficie a produtividade na empresa", conta Fernando.
INTERFACE FUNCIONAL Operacionalidade é o termo ideal a ser utilizado em um projeto que atrela funcionalidade e ergonomia. "Às vezes o potencial de função de determinado equipamento não é entregue ao sistema como um todo. A interface entre os trabalhadores e todas as tecnologias presentes em um espaço precisa ser bem planejada", alerta João.
Mesmo um bom desktop em uma mesa de trabalho pode ocasionar problemas de saúde no funcionário, caso o equipamento não esteja na posição correta em relação à postura do trabalhador e à iluminação do ambiente, por exemplo. "O ideal é que essa tela esteja nem muito longe e nem muito perto do alcance do nosso braço e que o nosso olho não esteja acima da borda superior da tela. Na postura sentada, a linha normal de descanso do olho está a 15° abaixo da horizontal", recomenda o sócio-diretor da Ergotec Projeto e Consultoria.
Além disso, a visão periférica que o funcionário tem enquanto observa a tela também deve ser o foco de análise. O que ajusta a adaptação do olho ao plano escuro não é a visão central, é a periférica. Então não é recomendado que, dentro dessa área de alcance periférico da vista, o ambiente seja muito claro ou muito escuro. Por isso é muito importante a boa disposição das mesas e a presença de dispositivos que diminuam a interferência da luz externa, como persianas e telas solares.
A iluminação no interior dos ambientes é um ponto crítico. De acordo com a ABNT NBR ISSO/CIE 8.995-1:2013 - Iluminação de Ambientes de Trabalho, ela deve apresentar, no mínimo, 500 luxes. "Mas nem sempre as pessoas acham isso confortável. Uma solução é providenciar, em cada posto de trabalho, dimmers que permitam aumentar ou diminuir essa iluminação, mas os funcionários precisam ser orientados para isso", conta João.
O mesmo acontece com frequência com as cadeiras e mesas. Com cada vez mais regulagens, é comum que os funcionários não saibam ajustá-las à postura ideal corretamente. O ideal é que, ao serem entregues, todos os usuários sejam instruídos sobre a melhor forma de uso do equipamento em relação à altura e peso de cada um.
A disposição dos equipamentos em salas de reunião ou em qualquer local relevante do projeto deve ser analisada com cuidado. Segundo Pierina Piemnote, da Leonetti Piemonte Arquitetura, esses detalhes devem ser definidos em conjunto com o cliente. A disposição das impressoras, por exemplo, nem sempre é especificada para ficar perto das estações de trabalho. Colocá-las em algum ponto distante das mesas pode ser interessante para estimular o funcionário a levantar e caminhar durante o dia.
PÁGINAS :: 1 | 2 | Próxima >>

Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/250/questoes-de-ergonomia-para-ambientes-de-trabalho-335533-1.aspx



                                                                                                                                                         

0 comentários:

 
IAB Tocantins Copyright © 2009 Blogger Template Designed by Bie Blogger Template
Edited by Allan