BIM pode recolocar os arquitetos no centro da questão projetual

Implantar ou não o BIM nos escritórios de arquitetura e urbanismo? A questão foi discutida na segunda-feira, 13 de julho, pelos arquitetos Eduardo Ribeiro, responsável pela implantação do BIM no escritório Sergio Conde Caldas Arquitetura, e João de Sousa Machado, sócio, coordenador de projetos e BIM leader do Sergio Conde Caldas Arquitetura, no auditório do IAB-RJ.

O Building Information Modeling, ou simplesmente BIM, como é conhecido, foi desenvolvido em 1975, mas só começou a ganhar destaque na arquitetura brasileira nos últimos cinco anos. Apesar dessa tecnologia promover uma transformação no processo de projetar – o arquiteto passar a trabalhar num ambiente tridimensional –, ela não se diferencia apenas por apresentar um 3D daquilo que será construído, mas por agregar num só ambiente todas as informações e profissionais envolvido na obra: arquiteto, engenheiro civil, calculista, engenheiro hidráulico, engenheiro elétrico, coordenador de projetos, financeiro e outros.

Para João de Sousa Machado, a possibilidade de apresentar um projeto num modelo 3D é o aspecto que menos deve importar na hora de decidir implementar um software BIM no escritório. “O BIM é mais do que um modelo 3D. Você já faz 3D no escritório? Se não, porque vai passar a produzir algo que está fora do seu escritório, que não está no custo do cliente? Você não vai ganhar dinheiro com ele”, explicou.

O grande ganho do BIM, na avaliação de Machado, é a capacidade de documentar todo o processo do projeto. “A tecnologia BIM é um modelo virtual com capacidade de inter-operabilidade. Por que isso é importante para nós, arquitetos? A gente vivenciou, nas últimas décadas, um defeat force da nossa profissão. Aos poucos, fomos deixando de ser o centro da questão projetual. Está aí a nossa oportunidade, com o BIM, de voltarmos a ser o centro”, defendeu Machado.

O especialista em computação para arquitetos Eduardo Ribeiro vê um processo de mudança eminente na forma de projetar. A principal transformação não será de software, mas de comportamento e de cultura. “Você tem que estar preparado para esse processo de mudança. Para se trabalhar em BIM é preciso ter estratégia. Um plano de implementação. Conhecer os objetivos e produtos. É preciso entender o processo e identificar o software que melhor lhe atenda”, afirmou.

No debate, Ribeiro citou frase de Vilanova Artigas: “Não existe arquitetura no papel”. Ao relembrar o arquiteto paulista, que este ano completaria 100 anos de seu nascimento, ele quis chamar atenção de que não adianta fazer um desenho lindo no papel se não consegue executar a obra. “O BIM cria a oportunidade de melhorar o processo”, disse o especialista.

A possibilidade de criar um modelo tridimensional daquilo que se pretende construir e agrupar num único local todas as informações referentes à obra têm chamado a atenção dos integrantes da Comissão de Revisão da Lei de Licitações (Lei 8.666/93). A comissão estuda exigir que obras orçadas a partir de R$ 7 milhões só possam ser licitadas em BIM.

De acordo com o presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados, Júlio Lopes (PP/RJ), quando você imputa no sistema do BIM, por exemplo, um material, ele verifica automaticamente o preço, se o material é certificado, anota o nome de quem fez a consulta, anota o nome de quem projetou e de quem fiscalizou. "Isso fica para sempre ali. Ele faz um registro múltiplo de todas as ações que se combinam para articulação de um projeto".

“Precisamos diminuir, de alguma maneira, essa questão de como licitamos obras públicas e restringir a possibilidade de corrupção. Uma das propostas que está se concebendo lá (Comissão) é que concorrências para obras públicas acima de R$ 7 milhões sejam precedidas por uma metodologia BIM”, explicou Lopes.

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