Acessibilidade no Canadá: muito além dos jogos Parapan-americanos

Em entrevista, a arquiteta e colaboradora do Mobilize Brasil, Sônia Lopes, há 26 anos morando no Canadá, fala sobre a meta de acessibilidade total no país


FonteMobilize Brasil  |  AutorDu Dias/ Mobilize  |  Postado em20 de julho de 2015
Sônia é arquiteta em Ontario
Sônia é arquiteta em Ontario
créditos: Arquivo pessoal

Após o término dos jogos Pan-Americanos de 2015, que estão sendo realizados na cidade de Toronto, no Canadá, terão início na mesma cidade os jogos Parapan-Americanos, a competição americana para pessoas com deficiência. Neste ano as disputas acontecem em uma cidade muito especial, já que Toronto conta com acessibilidade quase total para atletas e pessoas com deficiência.

A arquiteta brasileira e colaboradora do Mobilize, Sônia Lopes, mora há 26 anos nas proximidades de Toronto, trabalhando na Secretaria de Educação do Governo da Província de Ontario. Gerente de projetos para 240 escolas primárias e 27 escolas secundárias, Sônia conta que o planejamento em acessibilidade é prioridade total no Canadá desde o tempo em que seu pai foi trabalhar no país, ainda nos anos 60. “Acesso sem barreiras para cadeirantes, mães com carrinhos de bebês; pessoas de idade; crianças; pessoas com dificuldade cognitiva, visual ou auditiva têm sido parte da vida diária dos canadenses durante todos esses anos em que vivi aqui”, afirma a arquiteta.

Removendo barreiras
Mesmo se dedicando há décadas à inclusão de pessoas com deficiência, o poder público estadual acredita que a acessibilidade total ainda não é realidade nos municípios de Ontario, e por esse motivo criou o ODA - Ontario Disability Act, um conjunto de diretrizes para identificar e remover qualquer possível barreira que uma pessoa com deficiência possa encontrar, e que deve ser efetivado a partir de 2016. Há algum tempo Sônia têm compartilhado estes e outros estudos e manuais canadenses com os leitores do Mobilize. Os links você encontra aqui:


Segundo a brasileira, o principio do ODA é que todos os prédios e espaços públicos, internos ou externos, tem que ser 100% acessíveis. A nova lei inclui hospitais; escolas; bibliotecas; piscinas; arenas de hockey; estádios esportivos; aeroportos; estações e carros de trem, metrô e ônibus; prédios do sistema judiciário e da polícia; preferituras; igrejas; todos os parques públicos; parques naturais; todas as calçadas; estacionamentos públicos; supermercados; shopping centers; lojas; banheiros públicos, além é claro de todos os estádios dos jogos Pan Americanos. “A lista é imensa”, garante a arquiteta.

Enquanto isso...
Segundo indicadores do último Censo (divulgado em 2010), cerca de 24% dos brasileiros possuem algum tipo de deficiência. Nas cidades brasileiras, no entanto, a acessibilidade total ainda está muito distante dos padrões aceitáveis, e mais distante ainda do praticado no Canadá. “O Brasil tem que começar com passos de bebê, um passinho de cada vez. A caminhada é longa, mas o começo é sem dúvida pela educação, especialmente das crianças e jovens. É preciso realizar uma campanha pública de reconhecimento das necessidades de pessoas com deficiência, nos moldes da campanha Calçadas do Brasil, do Mobilize, e começar a falar – quanto mais exposição do tema na mídia, melhor. As próximas Olimpíadas serão no Rio de Janeiro, então é hora de aproveitar para mostrar aos brasileiros o quanto a acessibilidade e a mobilidade são importantes.”, revela Sônia.

Questionada sobre suas expectativas quanto às melhorias na inclusão de pessoas com deficiência na dinâmica das cidades canadenses, Sônia responde: “Não é uma questão de expectativa, é uma realidade. Eu só espero que continue como está, pois após a implementação da regulamentação de 2016 não haverá mais o que melhorar”.

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