Comissão da Unesco vai reavaliar título de patrimônio mundial de Brasília

Plano-piloto sofre com problemas de especulação imobiliária e invasão de espaços públicos


Mauricio Lima

Em março, uma equipe da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) chega a Brasília para avaliar as condições da capital brasileira. Tombada como patrimônio cultural mundial em 1987, Brasília corre o risco de se tornar um patrimônio cultural ameaçado. Dez anos atrás, um grupo da Unesco veio à capital federal com o mesmo objetivo e acabou fazendo 20 exigências para manter o tombamento da cidade.

Brasilia

Vista aérea da esplanada dos ministérios e da rodoviária de Brasília

O plano-piloto desenhado pelo urbanista Lucio Costa vem sofrendo com problemas de invasões de áreas públicas há muito tempo e também com a alteração da volumetria dos edifícios e implantação de empreendimentos em localidades que descaracterizam o plano inicial. Em muitos locais, é possível ver prédios com um pavimento a mais do que o permitido ou edifícios na orla do Lago Paranoá, que deveria ser um espaço público para lazer, e não uma área com prédios residenciais.
Segundo Claudio Villar de Queiroz, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (FAU-UnB), a cidade sofre com um grande problema de especulação imobiliária que acaba ultrapassando as diretrizes do tombamento e afetando o projeto inicial da cidade. "Existem áreas onde as construtoras se utilizam da outorga onerosa para construir edifícios mais altos ou mais largos, alterando a volumetria prevista pelo projeto do Lucio Costa", disse.

O superintendente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Distrito Federal (Iphan-DF), Alfredo Gastão, afirma que um dos principais problemas existentes na cidade é a falta de planejamento regional. "Hoje em dia, mais de 70% dos empregos estão concentrados no Plano Piloto. Milhares de pessoas se deslocam de carro diariamente para Brasília, pois não há um sistema de transporte público de massa eficiente. A cidade torna-se um estacionamento gigantesco".

Para Gastão, a manutenção dos principais edifícios da cidade é um dos menores problemas a ser resolvido. "O mais importante aqui não é o edifício que tem de ser pintado de azul ou branco, ou que tem de ser consertado. "É necessário respeitar o plano de Brasília, mas de uma forma que o desenho esteja harmonizado com as necessidades sócio-econômicas da população", disse.

Já o professor da UNB acredita que é necessária a maior fiscalização para que o plano-piloto possa ser mantido. "A fiscalização por parte do governo é muito falha, e a representação da Unesco em Brasília não tem tanta força para tal atividade", disse. Segundo ele, é necessário que haja uma determinação federal para a preservação da cidade. "Imagino, que para a Unesco, a situação do tombamento estará aceitável. Serão feitas algumas recomendações e isso vai causar algum impacto, mas a situação não deve se alterar tanto", disse.

25 anos do tombamento

Em comemoração aos 25 anos de tombamento da cidade, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, instituiu, em janeiro, o "Ano da Valorização de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade". Ao longo do ano, devem ser desenvolvidas ações que valorizem e ajudem a preservar o patrimônio tombado da capital federal.

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Fonte: http://www.piniweb.com.br/construcao/urbanismo/comissao-da-unesco-vai-reavaliar-tombamento-de-brasilia-249872-1.asp

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