Noções de Luminotécnica

O que é Luminotécnica
Luminotécnica é o estudo da aplicação da iluminação artificial em ambientes internos e externos.
É uma arte que concilia conhecimento técnico, gosto pessoal e aspectos emocionais. O maior desafio de quem “desenha” a luz está em conseguir bons resultados subjetivos. Luz você não vê, você sente!

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Iluminação de destaque.

Um bom resultado depende de vários fatores: tipo do ambiente, tempo de permanência naquele espaço, linguagem arquitetônica, composição de luz artificial com luz natural, perfil do cliente e custo final.
A luz em si é invisível, o que vemos é o objeto iluminado e é exatamente por isso que a luz está diretamente relacionada à cor e à textura que este objeto possui. Como cada pessoa tem uma sensibilidade diferente da outra (para cores e quantidade de luz), a sensação psicológica transmitida será diferente para cada indivíduo.

O que é “Luz”
A luz é uma onda eletromagnética, que além dos efeitos visuais (produção de claridade e cores), emite radiações ultravioletas (UV). Tais radiações são responsáveis pelo desbotamento de tecidos (cortinas, roupas, sofás), de madeiras (móveis, pisos) e de outros objetos expostos à luz. Outra radiação emitida é a infravermelha (IV ou IR), que é responsável pela produção de calor. Assim como a luz solar emite tais radiações, as lâmpadas (em menor ou maior grau, conforme o modelo) emitem radiações UV e IV.
Veja abaixo um gráfico que mostra como percebemos a radiação solar que chega à Terra:
  • Ultravioleta (UV) –  3% da radiação total  (além dos efeitos citados acima relacionados a Decoração, também é responsável pelo câncer de pele e envelhecimento precoce);
  • Infravermelho (IV ou IR) –  55% da radiação total (responsável pelo calor solar);
  • Luz Visível –  42% da radiação total (afeta o sentido da visão, por isso vemos as cores).
Uso eficiente da Luz em Áreas Externas
Talvez muitos não tenham ouvido falar da poluição luminosa, que é o uso irracional dos sistemas de iluminação, causando impactos indesejáveis no meio ambiente (em especial em áreas externas), como: danos à flora – ex.: o não florescimento de plantas, pois a duração da noite é mais curta; desorientação dos animais ex.: desajuste na reprodução e migração das espécies. Além do consumo excessivo de energia.
É fundamental saber planejar e utilizar lampadas luminárias e acessórios adequadamente para obter o melhor resultado. A imagem abaixo mostra 4 exemplos de iluminação para ambientes externos:
  • 1ª e 2ª  imagens revelam dois sistemas ineficientes, pois há uma grande dispersão da luz, sendo lançada em direção ao céu e consequentemente não está sendo aproveitada;
  • 3ª e 4ª  imagens apresentam dois sistemas eficientes, pois a luz é direcionada para baixo, iluminando a área necessária, isto é, onde estão pessoas e veículos.
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Ilustração do uso correto da iluminação para áreas externas – Fonte: Labjor

Uso eficiente da Luz em Áreas Internas
Este mesmo esquema apresentado pode ser pensado para áreas internas. Há modelos de lâmpadas e luminárias que produzem estes mesmos efeitos no ambiente, porém com outras finalidades.
  • 1ª e 2ª  imagens: nesta nova situação, não podemos considerar estes sistemas como ineficientes, pois normalmente contamos com um teto branco e com um pé direito simples (2,55cm) que faz com que a luz  “jogada” para cima seja refletita para todo o ambiente, possibilitando uma boa iluminação
  • 3ª e 4ª  imagens: estes dois exemplos, em ambientes internos, mostram como criar efeitos de iluminação. A iluminação direcionada e de destaque tem a finalidade de criar um cenário (trazer um efeito diferenciado) ou de auxiliar na visibilidade (trazendo mais luz para um ponto específico, importante para realização de diversas tarefas ou simplismente chamando a atenção do olhar para um determinado ponto). Estes efeitos não tem a finalidade de produzir iluminação geral no ambiente interno, e por isso, se forem utilizados com este intuito, serão considerados ineficientes.
Resumindo, é de suma importância conhecer os modelos de lâmpadas, luminárias e acessórios para criar uma iluminação confortavel e sustentável, atingindo os objetivos almejados sem desperdício de energia.

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Luz indireta é utilizada no quarto e no banheiro.

Temperatura da Cor
Toda lâmpada possui uma determinada temperatura de cor, ou seja, cada modelo de lâmpada emite uma luz com determinada cor. Estas cores foram desenvolvidas de acordo com as cores emitidas pelo sol (luz natural): a luz de tonalidade branca é vista ao meio-dia, enquanto que as luzes de tonalidade amarelada e alaranjada são vistas ao entardecer.
A temperatura de cor é medida através da unidade Kelvin, que pode variar de 2.000 a 6.100 Kelvin. Sendo:
  • Luz Amarela:  “Luz Quente”
  • Temperatura de cor:  menor ou igual a 3.000 Kelvin
  • Luz Branca:   “Luz Branca Natural”
  • Temperatura de cor:  maior que 3.000 e menor que 6.000 Kelvin – (5.800 Kelvin é a temperatura de cor da luz obtida com sol ao meio-dia em céu aberto)
  • Luz Azul-Violeta:  “Luz Fria”
  • Temperatura de cor: igual ou superior a 6.000 Kelvin
Temperatura de cor – Lâmpadas
O gráfico a seguir ilustra muito bem as diferentes temperaturas de cores e mostra os modelos de lâmpadas correspondentes. (Neste mesmo gráfico há o Índice de Reprodução de Cores, que logo abaixo do gráfico será esclarecido).
  • Lâmpadas de 2.800 a 3.000 kelvin –  apresentam tonalidade branco-amarelada
  • Sensação:  de aconchego;
  • Uso:  ideal para residências, bares, restaurantes sofisticados – é adequada para quaisquer lugares onde se deseja obter a sensação de conforto e tranquilidade;
  • Uso inadequado:  como esta cor amarelada proporciona relaxamento e até mesmo sono, não deve ser utilizada em locais que exijam um bom ritmo de trabalho, pois irão reduzir o rendimento. Exemplos de locais que não devem utilizá-la: escritórios, indústrias, oficinas, ateliers, restaurantes populares –  ambientes que apresentam um ritmo acelerado de trabalho/produção.
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Exemplo de sala com iluminação amarelada: conforto e aconchego para os moradores.
  • Lâmpadas entre 4.000 a 5.000 kelvin –  apresentam tonalidade branco-azulada
  • Sensação:  de estímulo;
  • Uso:  ideal para ambientes que apresentam um ritmo acelerado de trabalho/produção, como: como escritórios, consultórios médicos, odontológicos, indústrias, oficinas, ateliers, restaurantes populares, academias de ginástica e em cozinhas residenciais e industriais;
  • Uso inadequado: em quartos, salas de estar, salas de jantar, spas, hotéis, halls de entrada – locais que necessitam de um ambiente de relaxamento.
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Gráfico Ilustrativo sobre Temperatura de Cor e IRC – Fonte: Engº Fernando Correa –  UFPR

Índice de Reprodução de Cores (IRC)
É a capacidade que a fonte luminosa apresenta de reproduzir com fidelidade as cores dos objetos iluminados por ela. O índice poder ser de 0 (zero) a 100 (cem), sendo que quanto menor o valor, pior será a reprodução das cores; e quanto maior o valor, a cor mais se aproxima do real, isto é, como a cor é vista ao estar exposta à luz do Sol.
Modelos de Lâmpadas e seus IRC
  • IRC – 85:   a maioria das Fluorescentes compactas – nível bom de Reprodução de Cor;
  • IRC – 90:   Fluorescentes de última geração – nível ótimo de Reprodução de Cor;
  • IRC – 100:   Incandecentes (dicróicas, incandescentes comuns, PAR e Halógenas bipino duplo) – nível excelente de Reprodução de Cor.
* Dica: sempre que for necessário enxergar muito bem a tarefa que está sendo realizada (como maquiagem, escolha de roupas, desenhos à mão), opte por lâmpadas com boa reprodução de cores.

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Lâmpadas incandescentes, apesar de quentes, são muito utilizadas em camarins para que a maquiagem ganhe as cores que realmente foram imaginadas.

Fluxo Luminoso: Quantidade de Energia
Segundo a Wikipédia o Fluxo Luminoso é “ a radiação total emitida em todas as direções por uma fonte luminosa ou fonte de luz que pode produzir estímulo visual“. O fluxo é medido em Lúmens, que define a quantidade de energia radiante produzida e emitida por uma fonte luminosa.
Como sabemos, há no mercado diversos modelos de lâmpadas, e cada modelo emite uma determinada quantidade de energia. Por isso que cada modelo de lâmpada ilumina o ambiente de uma forma. A eficiência das lâmpadas é obtida pela relação entre a quantidade de Lúmens irradiados e a energia consumida. Logo, quanto mais Lúmens por watt, maior será a eficiência da lâmpada.


Iluminância e Luminância
A iluminância indica a quantidade de luz (fluxo luminoso) que incide sobre uma superfície, e aluminância indica a quantidade de luz (fluxo luminoso) que é refletida por uma superfície. A quantidade de iluminância tem como unidade de medida o Lux, que representa 1 (um) Lúmen por metro quadrado.
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Desenhos esquemáticos explicam a diferença entre iluminância e luminânica.
Todo ambiente apresenta uma determinada quantidade de Iluminância, conforme as atividades desenvolvidas no local. Logo, o projeto luminotécnico deve seguir as Normas da ABNT, que preevêm a iluminância ideal para o local.

A Iluminância (quantidade de lux) para cada tipo de atividade
CLASSE A  –  áreas de uso contínuo e/ou execução de tarefas simples
  • 20  |  30  |  50  lux: Ruas públicas e Estacionamentos
  • 50  | 75   | 100 lux:  Ambientes de pouca permanência
  • 100  |  150  |  200 lux:  Depósitos
  • 200  |  300  |  500 lux: Trabalhos brutos e Auditórios
CLASSE B  –  áreas de trabalho em geral
  • 500  |  750  |  1.000 lux: Trabalhos normais – ex.: Escritórios e Fábricas
  • 1.000  |  1.500  |  2.000 lux: Trabalhos especiais – ex.: Gravação, Inspeção, Indústrias de tecidos
CLASSE C  –  áreas com tarefas visuais minuciosas
  • 2.000  |  3.000  |  5.000 lux:  Trabalho contínuo e exato – ex.: Eletrônica
  • 5.000  |  7.500  |  10.000 lux:  Trabalho que exige muita exatidão – ex.: Placas eletro-eletrônicas
  • 10.000  |  15.000  |  20.000 lux:  Trabalho minucioso especial – ex.: Cirurgia
* Luxímetro: aparelho que mede a iluminância (em lux). Luminancímetro: mede a luminância, pois considera a área;
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Luxímetro Digital

Após conhecer o nível de iluminância para determinada função/atividade, é possível realizar o cálculo luminotécnico para saber a quantidade de lâmpadas e luminárias necessárias para uma iluminação ideal. Lembrando que as características físicas do local (comprimento, largura, pé-direito e altura do plano de trabalho), cores das paredes e móveis, assim como o tipo de material utilizado,devem ser levados em conta.
Conheça os níveis de reflexão da luz conforme a Cor e o Material
  • Branco: 70 até 80%
  • Amarelo:   50 até 70%
  • Cinza:   20 até 50%
  • Preto:   3 até 7%
  • Madeira:   70 até 80%
  • Rocha/ Pedra:   50 até 70%
  • Tijolo:   20 até 50%
  • Concreto:   3 até 7%
Conclusão
Para realizar um bom projeto de iluminação é necessário o conhecimento de conceitos luminotécnicos, lâmpadas, luminárias e ter sensibilidade quanto aos aspectos psicológicos gerados pela luz nas pessoas.
O projeto luminotécnico é um trabalho específico que exige muito trabalho e detalhamento.

Via Clique Arquitetura
Fonte: http://universoarquitetonico.com.br/nocoes-de-luminotecnica/

1 comentários:

Jose Antonio B B de Oliveira on 13 de fevereiro de 2019 às 07:18 disse...

Ótimo artigo sobre luminotécnica.

 
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