Arquitetos Anya Ribeiro e Fausto Nilo opinam sobre a intervenção urbanística do Acquario em Fortaleza
Especialistas em projetos ouvidos pelo O POVOafirmam a necessidade do projeto Acquario Ceará, obra de US$ 150 milhões (cerca de R$ 250 milhões), apresentar um planejamento completo, que inclua um business plan (plano de negócios) que aponte a viabilidade do investimento.
A arquiteta Anya Ribeiro adverte que um plano do gênero apresenta um estudo de viabilidade econômica e uma pesquisa de mercado que indique quais as perspectivas de retorno. “Existe público? Ele está disposto a pagar o valor do ingresso? Será grátis?”. Segundo ela, é o básico para o investimento deste porte. “No setor público, normalmente não se faz, mas nenhum investidor privado faz sem isso”, explica.
Um dos argumentos do Governo é de que o Acquario vai aumentar o fluxo de turistas, mas Anya indaga sobre qual a base de dados utilizada. Em 1995, quando era secretária do Turismo (Governo Tasso Jereissati), ela conta que pesquisas apontavam que as crianças de São Paulo desejavam vir para o Ceará por causa do Beach Park, por exemplo. E ela emenda: “Será que alguém está disposto a vir para uma cidade do Nordeste para ficar dentro da estrutura de um Acquario e ainda pagar caro?”, questiona.
Na lista de aspectos a serem observados, diz Anya, inclui-se considerar se a construção é ambientalmente correta, se trabalha com reutilização de materiais.
Ela critica a localização, com o argumento de que se trata de um sítio urbano com “logística de acesso comprometida”. Segundo Anya, quando há um investimento público, observa-se como poderá reverter beneficios no entorno, gerando uma cadeia de negócios. E na Praia de Iracema, onde será instalado o Acquario, ela não vê espaço físico.
A ex-secretária cobra um desenvolvimento urbanístico e arquitetônico “inteligente e sustentável”. Para ela, “o Acquario, aparentemente, está sendo tratado só como projeto e engenharia e arquitetura”.
Localização correta
A inclusão de um equipamento, seja ele um prédio ou um estacionamento, causa modificação do espaço urbano. Em se tratando de um empreendimento turístico, mais ainda. A partir deste raciocínio, o arquiteto urbanista Fausto Nilo aprova a localização do Acquario, mas comenta ser necessária uma integração com a cidade e com a comunidade do entorno.
“A localização está correta. Precisaria um diálogo urbanístico, social, ambiental e econômico para produzir um projeto contextualizado”, diz Fausto. Para ele, o equipamento precisa ser integrado com o Centro Comercial da Monsenhor Tabosa, Mercado Central, Praça dos Mártires (Passeio Público), Dragão do Mar, Caixa Cultural e Mercado dos Pinhões, por exemplo.
“Com essa constelação de componentes, cria-se uma malha de conectividade de conforto”, ressalta. “Poderia se criar um sistema de transportes locais, por exemplo, bonde elétrico, sistema de vans e até ‘ecotáxi’ (veículo puxado por uma espécie de bicicleta)”, sugere.
Fausto sugere a participação da Prefeitura de Fortaleza no projeto. Para ele, é preciso políticas para estimular oportunidades de uso habitacional, criando uma comunidade residente forte na Praia de Iracema.
O POVO tentou contato com o secretário do Turismo, Bismarck Maia. Até o fechamento desta edição, estava em uma reunião com o governador Cid Gomes e não pôde atender às ligações feitas ao celular.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
A intervenção urbana não é simples, principalmente, se levar em conta todos os aspectos envolvidos: econômico, social, ambiental. O debate sobre o assunto é uma forma de aperfeiçoar o diálogo com a população.
Andreh Jonathasandreh@opovo.com.br
1 comentários:
Caros arquitetos.
Informações sobre o acquario e o Movimento Quem dera ser um peixe que questiona a obra podem ser encontrado neste links: http://acquarionao.wordpress.com/
Quem for contra a obra pode assinar uma petição aqui http://www.peticaopublica.com.br/?pi=quemdera
Obrigado pela possibilidade de expressão.
Júlio Lira
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