As 10 cidades latino-americanas líderes em agricultura urbana segundo a FAO

La Habana, Cuba. © Anton Novoselov, via Flickr     La Habana, Cuba. © Anton Novoselov, via Flickr

De acordo com o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), o processo de urbanização nas cidades da América Latina e Caribe está “praticamente concluído”.

Por essa razão, considera necessário que as cidades sejam sustentáveis e que contem com espaços públicos que promovam a inclusão social, algo que se espera atingir através da agricultura urbana e periurbana, prática promovida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO).

Para compreender como as cidades desenvolvem a agricultura a FAO realizou pesquisas em 27 países latino-americanos, o que permitiu identificar as dez cidades mais desenvolvidas nesse quesito.

Durante a pesquisa, a FAO identificou três desafios que as cidades da América Latina e Caribe enfrentam ao construir e manter suas hortas urbanas: o primeiro corresponde à falta de espaço nas cidades; o segundo, à má qualidade dos solos; e o terceiro, à falta de confiabilidade no abastecimento de água.

Levando isso em conta, as cidades que superaram da melhor forma esses inconvenientes são:

1. Havana, Cuba

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Uma das conquistas mais representativas de La Havana na agricultura urbana é o desenvolvimento dos organopônicos, uma tecnologia desenvolvida em 1987 que permite cultivar vegetais na água, uma alternativa para locais pequenos e com solo tem baixa qualidade, como as regiões em torno de estradas e terrenos muito inclinados.

Com isso, a agricultura urbana viveu uma expansão que foi impulsionada com a criação da Delegação Provincial da Agricultura e de dois programas nacionais para o desenvolvimento da agricultura na cidade e na periferia. O Plano Estratégico da cidade também destina espaços não urbanizados que são cultivados principalmente por mulheres e jovens.

No final do ano passado, Havana tinha 97 hortas urbanas que ocupavam 39.500 hectares, isto é, a metade de sua superfície. Além disso, se estima que existam 89 mil pátios e 5.100 terrenos (com menos de 800 m²) dedicados ao consumo doméstico aos quais estão relacionados 90 mil habitantes. Esses fatos se refletem em números surpreendentes: em 2013, 58 mil toneladas de produtos foram comercializadas, das quais 6.770 foram entregues em colégios, hospitais e outros serviços.

2. Cidade do México, México

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O apoio que o governo tem dado a agricultura urbana é o que a FAO mais destaca em seu informativo. Foram estabelecidas zonas protegidas para as hortas e que está proibido o uso de fertilizantes sintéticos.

No caso da agricultura suburbana, ela se concentra em Xochimilco e Tláhuac, enquanto que no caso da agricultura periurbana, se dá em Tlalpan, Milpa Alta, Magdalena Contreras, Álvaro Obregón e Cuajimalpa de Morelos. Enquanto estima-se que 80 por cento dos alimentos consumidos na cidade são importados, a FAO acredita que a agricultura urbana na Cidade do México é mantida pela inovação dos agricultores que, lentamente, vem aumentando a produção de alimentos.

3. Antígua e Barbuda

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Em 2008, a produção de alimentos foi afetada pela inflação e pelo furacão Omar. Como consequência, o governo criou o Programa de Horticultura Domestica que motivou a construção de hortas e que atualmente produz 280 toneladas e abastece 10% da população. A meta do governo é produzir 1.800 toneladas nessas hortas.

4. Tegucigalpa, Honduras

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De 1970 até hoje, a população de Tegucigalpa passou de 222 mil habitantes para 1,2 milhões. Esse aumento se deu, sobretudo, em assentamentos informais sobre encostas que não contam com os serviços necessários.

Em 2009 três desses bairros marginais - Villanueva, Los Pinos, Nueva Suyapa - foram escolhidos para implementar um plano piloto em que os cidadãos foram incentivados a construir hortas nos pátios de suas casas. O programa terminou em 2011 e das 1.200 pessoas que participaram, 90% mantiveram suas hortas.

5. Managua, Nicarágua

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Em 2010, a cidade lançou um plano piloto em duas regiões menos abastadas que envolvia a participação dos habitantes em oficinas de construção de hortas e estufas, vermicultura e armazenamento de água; ao total participaram 430 pessoas. Depois disso, o governo criou o Plano Nacional de Desenvolvimento Humano 2012 – 2016, que já beneficiou 76 mil famílias e pretende construir 120.500 hortas, das quais 60 mil estariam em Managua.

6. Quito, Equador

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No ano 2000 a cidade assinou a Declaração de Quito junto a outros oitos municípios da América Latina e Caribe na qual se comprometeram a desenvolver a agricultura urbana.

Em função disso, existem hoje 140 hortas comunitárias, 800 familiares e 128 escolares. Também estão em vigor os planos de desenvolvimento em conjunto com os habitantes dos bairros mais pobres, como El Panecillo.

7. Lima, Peru

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Nos últimos 30 anos a área urbana de Lima expandiu mais de 200 km², tornando-se assim a segunda maior cidade do mundo construída no deserto, depois de Cairo. Entretanto, essa condição desértica faz com que a cidade perca 125 km² de terreno para cultivos, além disso, 80% da água obtida nos três principais rios é destinada ao consumo humano e industrial.

Por essas razões, a FAO reconhece que a necessidade básica da cidade é assegurar o fornecimento de água para as hortas e criar normas para implementar a Promoção da Agricultura Urbana.

8. El Alto, Bolívia

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Entre 2004 e 2008, dois mil cidadãos participaram das oficinas de construção de estufas, compostagem e irrigação, o que acarretou na criação de 1.187 hortas e na elaboração de um Programa de agricultura urbana e periurbana dependente do Ministério do Desenvolvimento Produtivo e Economia, que procura orientar os habitantes das 13 zonas da cidade visando diminuir os níveis de desnutrição, gerar emprego e aumentar os recursos econômicos das famílias.

9. Belo Horizonte, Brasil

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O número de pessoas com “insegurança alimentar” baixou de 50 para 30 mil desde que em 1998 começou-se a desenvolver a agricultura urbana na sexta maior cidade do Brasil.

A FAO explica que isso se deve ao fato de que a política de Belo Horizonte reconhece essa prática como um uso legitimo do solo e, por isso, a promove, já que considera que ela ajuda no “desenvolvimento das funções sociais da cidade”. Atualmente a cidade conta com 185 hortas de verduras e 48 hortas de frutas desenvolvidas pelo Programa de agricultura urbana e periurbana de Smasan.

10. Rosário, Argentina

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O início da agricultura urbana na terceira maior cidade da Argentina se deu em 2002. Desde então, 1.800 cidadãos se juntaram a essa experiência e 250 deles fazem parte da Rede de Produtoras e Produtores criada nessa época.

Rosário se destaca por ser uma das poucas cidades sul-americanas que incluem a agricultura urbana no uso e no planejamento do solo.

Leia o relatório completo da FAO aqui.

Via Plataforma Urbana. Tradução Camilla Ghisleni, ArchDaily Brasil.

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Fonte:Constanza Martínez Gaete. "As 10 cidades latino-americanas líderes em agricultura urbana segundo a FAO" 03 Jul 2014. ArchDaily. Accessed 4 Jul 2014.  http://www.archdaily.com.br/br/623385/as-10-cidades-latino-americanas-lideres-em-agricultura-urbana-segundo-a-fao?ad_medium=widgets&ad_name=most-visited-article-show

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