Tecnologia: Membrana da Arena Pantanal

MICROCLIMA NA ARENA PANTANAL                                                                                                                                                                                                                                                                O FECHAMENTO COM MEMBRANA DE MALHA ABERTA FACILITA A VENTILAÇÃO NATURAL, CONTRIBUINDO PARA AMENIZAR A TEMPERATURA NAS ARQUIBANCADAS DA ARENA PANTANAL, EM CUIABÁ - A CIDADE TEM CLIMA QUENTE E ÚMIDO, ALTAS TAXAS DE INSOLAÇÃO E MÉDIA ANUAL DE TEMPERATURA AO REDOR DOS 30º C. A MEMBRANA AINDA CONSTITUI UMA SEGUNDA FACHADA PARA OS AMBIENTES SOB AS ARQUIBANCADAS, AJUDANDO A REDUZIR A CARGA TÉRMICA NOS ESPAÇOS FECHADOS E, CONSEQUENTEMENTE, DIMINUINDO O CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA COM O SISTEMA DE CONDICIONAMENTO DE AR.


Palco de quatro partidas da Copa no Brasil, a Arena Pantanal (ou Estádio Governador José Fragelli) é um empreendimento do governo do Mato Grosso, projetado pelo escritório paulistano GCP Arquitetos. A cidade de Cuiabá tem cerca de 600 mil habitantes e nenhum time nas séries A ou B do Campeonato Brasileiro de futebol. Para garantir o retorno financeiro após o Mundial, o estádio foi projetado com perfil multiúso, de modo que possa receber, além de jogos de futebol, shows, feiras e até mesmo competições de motocross. Sua capacidade de público é de 41.390 pessoas durante a Copa, mas o número pode ser reduzido posteriormente com a remoção das arquibancadas superiores norte e sul, posicionadas atrás das metas.
O projeto foi desenvolvido para viabilizar essa diminuição e a transferência dessas arquibancadas para estádios menores em outras cidades do Mato Grosso. Se, de fato, forem realizadas tais adaptações, o complexo oferecerá ainda um centro de convenções no subsolo, o que dará nova utilidade ao conjunto de salas exigido pela Fifa. As generosas áreas externas ao redor da edificação também devem passar por intervenções para se transformarem em uma grande praça com equipamentos esportivos para uso da população.
Com aproximadamente 300 mil metros quadrados de área total, a construção tem estrutura mista de concreto e aço e é dividida em quatro módulos independentes, com esquinas abertas entre uma arquibancada e outra. Nos trechos removíveis das arquibancadas foi utilizada estrutura metálica para facilitar o processo de desmontagem. Assim como nas demais arenas, o financiamento das obras pelo BNDES estava condicionado à obtenção de uma certificação de sustentabilidade da edificação. A Arena Pantanal foi projetada visando o Leed em nível certificado, que é o básico do sistema norte‑americano. “Um estádio já é um empreendimento complexo, nada fácil de certificar. E fica ainda mais difícil em se tratando de uma obra pública, executada em acordo com a lei das licitações [8.666], que só leva em conta os custos de construção e ignora os custos durante o uso do equipamento. Construir visando à redução do consumo de energia é fundamental hoje em dia e um prédio público deveria sempre ser um indutor de qualidade e eficiência”, avalia o arquiteto Sérgio Coelho, titular do GCP.

FACHADA DE MEMBRANA
Havia diversas opções de fechamento que garantiriam o atendimento da prioridade básica do projeto - proteger o fundo das arquibancadas oeste e norte contra a insolação excessiva, mas sem criar barreiras para a ventilação natural. A ideia de utilizar uma manta surgiu logo no início do projeto, em função da praticidade oferecida. “Escolhemos essa tela porque é um material permeável e leve, de montagem rápida e fácil, 100% reciclável e com 20 anos de garantia. Além disso, ela vai simplificar a desmontagem das arquibancadas, caso a capacidade de público venha a ser reduzida após a Copa”, afirma Coelho.
Foram especificados 15 mil metros quadrados de tela microperfurada, fabricada com poliéster e revestida por PVC, do modelo Stamisol FT 381, cor verde cactus. O fator de abertura é de 28%, o que permite enxergar através da tela sem esforço visual. Os índices de transmissão solar e luminosa correspondentes a esse modelo e cor são ambos de 28, o que significa a capacidade de bloquear 72% do calor e da luz do sol. “Essa é a maior fachada bioclimática da América Latina para a qual já fornecemos a tela”, comenta Laura Warin do Nascimento, gestora do escritório brasileiro da Serge Ferrari, fabricante do produto. Para os pontos de reforço foram utilizados mais 2 mil metros quadrados de uma membrana plena (sem perfuração).
A fachada apresenta geometria irregular e 28 painéis de tela microperfurada com medidas entre 8 x 30 metros e 40,6 x 17,2 metros, todos instalados por técnicos alpinistas. Os painéis foram fixados às estruturas metálicas e, na maioria das vezes, em alturas superiores a três metros - abaixo dessa medida, a estrutura metálica permanece aparente e funciona como um brise, contribuindo para a ventilação interna e permitindo que os visitantes vejam o interior da arena antes mesmo de entrar. “No caso de uma perfuração, o material não propaga o rasgo. Além disso, ele tem elevada resistência à tração e ao rasgamento, bem como alta adesão para que a camada superficial de PVC não descole da base”, destaca Danilo Moreira, engenheiro civil da Formatto Birdair - na parceria entre as duas empresas, a Birdair foi a responsável pelo cálculo estrutural e a Formatto, pelo corte e costura da membrana e instalação dos painéis prontos. Segundo Diogo Souza, também engenheiro civil da Formatto Birdair, a membrana é cortada em medida 4% inferior à da aplicação para que seja esticada durante o processo de instalação e chegue até a tensão projetada. Ela é fixada a uma estrutura auxiliar de alumínio de alta precisão dimensional, com tolerância máxima de 25 milímetros para mais ou para menos.
A geometria variável do fechamento usa menos membrana nas esquinas, para favorecer a ventilação, e emprega mais material para proteger salas e ambientes sob as arquibancadas. “Nos espaços refrigerados, como a área de imprensa, a manta protege a parede de blocos, reduzindo a carga do ar-condicionado. Funciona como uma fachada ventilada”, explica Coelho. Já a cota 40, patamar sob o nível técnico e que concentra a distribuição do público para as arquibancadas, lanchonetes e sanitários, foi considerada a mais crítica em termos de controle térmico. Como a instalação do equipamento de ar condicionado não se justificaria no local, a opção foi manter suas extremidades abertas mas resguardadas pela membrana. A proteção contra a chuva é dada por painéis de policarbonato alveolar encaixilhado, aplicados na vertical. Do lado externo da membrana foram instaladas lâmpadas leds, criando um grande painel front light.
MANTAS EM OUTROS USOS
Os pórticos internos, compostos por oito colunas e quatro vigas, são de estrutura metálica envelopada com manta de PVC de trama fechada, do mesmo fabricante. A ideia era ocultar o interior desses grandes elementos por onde correm as escadarias de acesso à manutenção dos telões. O efeito de iluminação é dado pelo reflexo da luz de leds que incide diretamente sobre a manta branca.
Sem a função de assegurar conforto, o forro sobre as arquibancadas é feito com membrana de outro fornecedor, aplicada somente para ocultar a estrutura metálica da cobertura e as telhas térmicas.

Texto de Nanci Corbioli| Publicada originalmente em Projeto Design na Edição 411

Fonte: http://arcoweb.com.br/projetodesign/tecnologia/tecnologia-membrana-fachada-bioclimatica-arena-pantanal?utm_source=Edicao14070&utm_medium=140702&utm_campaign=NewsletterARCOweb&utm_source=Virtual_Target&utm_medium=Email&utm_content=&utm_campaign=news+140702&utm_term=

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