Publicamos recentemente o título e o tema , mas não o formato da participação de Portugal na Bienal de Veneza deste ano – Homeland: News From Portugal não é o título de uma exposição, mas de um jornal. Sem pavilhão próprio e com um orçamento de apenas 150 mil euros, Portugal será representado na mais importante mostra de arquitetura do mundo com uma edição em papel que será distribuída gratuitamente aos milhares de visitantes que de dois em dois anos acorrem ao evento.
Homeland: News From Portugal terá uma tiragem de 165 mil exemplares – “uma ambição muito grande”, disse o diretor-geral das Artes Samuel Rego, na conferência de apresentação do projeto.
Produzido por uma equipe transdisciplinar, o jornal terá três diferentes edições em inglês ao longo dos seis meses da bienal, que, desta vez, inicia em 7 de junho e se prolonga até 23 de novembro. O jornal trará textos de arquitetos, economistas, sociólogos, geógrafos, historiadores, antropólogos, fotógrafos e designers, e cada um dos números a apresentará diferentes abordagens críticas ao tema da habitação. Será também a plataforma de divulgação de seis projetos em desenvolvimento em seis cidades portuguesas por seis grupos de arquitetos dedicados a seis diferentes tipologias habitacionais: temporária, informal, unifamiliar, coletiva, rural e de requalificação.
O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, reconheceu que o modelo de representação nacional em Veneza surge como resposta “às circunstâncias [econômicas] em que vivemos e às limitações [financeiras por elas impostas]”.
Com os 150 mil euros de orçamento de 2014 a corresponderem a apenas metade dos 300 mil euros disponíveis para a edição de 2012, Barreto Xavier elogiou o projeto de Pedro Campos Costa como “um desafio extremamente radical”, “uma projeção extremamente interessante sobre os modos e dispositivos de apresentação em exposições”.
Referindo-se a Veneza como “quase uma ‘Disneylândia’ dos intelectuais”, onde “há um certo voyeurismo na forma como as propostas são hoje apresentadas”, Barreto Xavier destacou Homeland: News From Portugal como “um desafio à reflexão”.
“As limitações financeiras existem e são do conhecimento de todos”, disse Xavier. Já em relação a 2014 Samuel Rego, diretor-geral das Artes, sublinhou: “Achamos que seria mais interessante alocar os meios financeiros no projeto do que em um espaço que ficaria vazio por falta de verbas.”
Para Rem Koolhaas, diretor da 14.ª Bienal de Arquitetura de Veneza, “é muito triste” que Portugal se faça representar na Itália apenas com um jornal, em vez de uma exposição ou um pavilhão.
Koolhaas comentou com tom crítico o formato de participação escolhida por Portugal: “Não sei que jornal está planeado, acredito que será um grande jornal mas acho muito triste porque Portugal tem muito a dizer sobre a arquitetura e sobre a situação atual da União Europeia.” Para o arquiteto holandês, 150 mil euros é “o suficiente para se poder fazer alguma coisa”. “É preciso ser criativo e comunicativo”, afirmou o arquiteto, confessando estar “muito curioso com a situação em Portugal”. “É pena, acho que deviam definitivamente fazer uma afirmação [sobre a crise] e representá-la, mesmo que seja por 150 mil euros.”
Referência P3
Fonte:Romullo Baratto. "Bienal de Veneza 2014: sem pavilhão ou exposição, Portugal levará um jornal à Itália" 03 Apr 2014. ArchDaily. Accessed 4 Abr 2014. http://www.archdaily.com.br/br/01-187559/bienal-de-veneza-2014-sem-pavilhao-ou-exposicao-portugal-levara-um-jornal-a-italia
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