A praticidade dos imóveis de uso misto invade São Paulo

por Isabela Kalil / 19 ago 2015

Acordar, descer no elevador, comprar pão, tomar café e ir trabalhar sem sair do condomínio. Este é o dia a dia de quem mora e trabalha em um imóvel misto. Tais empreendimentos reúnem comércios e residências no mesmo espaço, o que aumenta a qualidade de vida dos moradores. Tal realidade já vem se consolidando no mercado. A capital paulista conta com mais de seis mil edifícios mistos, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, e o número não para de crescer. “Este modelo de edificação é um resgate às cidades antigas, onde a vida acontecia no entorno da praça central. As pessoas viviam, trabalhavam e socializavam próximas a estes centros”, diz Luis Felipe Aflalo, arquiteto e sócio do escritório Aflalo&Gasperini.


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O edifício misto FL 4300, localizado na Av. Faria Lima, conta com duas torres comerciais e uma residencial. Além disso, é possível aproveitar a praça e o restaurante do local 
A empresa de Luis Felipe foi responsável inclusive pelo lançamento de um dos prédios mistos mais recentes da capital paulista. O “FL 4300″, localizado na Avenida Faria Lima, tem a beleza de uma praça arborizada e a praticidade dos comércios em meio a três edifícios (um deles residencial). Morar em um espaço como este é quase estar em um hotel. Os moradores têm acesso a serviços de camareiras e concierges, além de poderem aproveitar academia, piscina e lavanderia. Os trabalhadores das torres do empreendimento não podem usufruir de tantos benefícios, entretanto, contam com a proximidade do restaurante e da cafeteria do condomínio, além de terem acesso à praça e aos espaços de descanso do local. “Gosto da área livre do prédio e da facilidade de ter um restaurante próximo. Além disso, a área verde acaba servindo também para reuniões informais da equipe”, diz Amanda Borges, assistente comercial em uma empresa do FL 4300.
A área livre e os comércios dos empreendimentos mistos podem inclusive ser aproveitados por quem transita pela rua. E é esta a maior vantagem das edificações para a cidade, já que a integração público-privado aumenta a qualidade de vida da população. O benefício, entretanto, ainda é contestado por muita gente. A grande circulação de transeuntes nos condomínios gera desconfiança nos moradores, mas a sensação de falta de segurança é equivocada. “O urbanismo em todo o mundo tem demonstrado que áreas de usos diversificados são mais seguras e vivas do que áreas monofuncionais”, diz Fábio Mariz, arquiteto e diretor do departamento de urbanismo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de SP. Apesar disso, os empreendedores têm aumentado o número de seguranças e instalado acesso controlado nas catracas dos prédios.
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A praça do FL 4300 pode ser usada pelos transeuntes e abrigar pequenas reuniões das empresas
A realidade dos edifícios mistos têm influenciado também o perfil dos moradores. Quem mora neste formato valoriza, sobretudo, a qualidade de vida e a praticidade no dia a dia. A vantagem de encontrar serviços diversos e trabalhar perto de casa, além de resolver várias atividades sem carro, são alguns dos pontos mais valorizados. “A maioria dos moradores destes lugares não tem filhos e procura comodidade nos serviços. Não há restrição de idade, pois o perfil varia entre jovens e idosos”, afirma João Mendes, diretor comercial da incorporadora Setin (que já comercializou empreendimentos mistos inclusive em cadeias de hotéis). Os prédios mistos começaram a chamar atenção na capital paulista na década de 1950, após a construção do Conjunto Nacional. O edifício, assinado pelo arquiteto David Libeskind, marcou a cidade por ter um verdadeiro shopping em meio aos apartamentos. Hoje, existem no local 63 lojas, 485 escritórios, 47 apartamentos, cinema, livraria, teatro e academia.
O retorno dos imóveis mistos ao urbanismo de São Paulo foi um reflexo das mudanças no zoneamento da cidade. No final de julho de 2014, o prefeito Fernando Haddad sancionou um novo plano diretor e uma lei de incentivo ao uso misto. No projeto, estratégias foram definidas para estimular a convivência público-privada, incluindo, por exemplo, a existência de prédios mistos e de comércios em regiões tipicamente residenciais. Tal medida já fez o número dos empreendimentos mistos subir. Entre julho e dezembro de 2013, foram aprovados 236 novos projetos. Enquanto no mesmo período de 2014, o número subiu para 632. “Estas construções são benéficas para a cidade. Elas têm comércios e, por isso, é ideal que estejam localizadas em espaços densos e bem servidos de transporte”, afirma Mariz.
Isabela Kalil

ISABELA KALIL

Jornalista apaixonada pelo universo da beleza. Já escreveu sobre os cuidados com a pele e agora busca maneiras para deixar a casa mai
 Fonte: http://www.arkpad.com.br/blog/arquitetura-e-design/imoveis-uso-misto-sao-paulo/

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