Dois em cada três arquitetos não exigem documento obrigatório de origem de madeira nativa

Levantamento feito pela Asbea e pela WWF Brasil revela desconhecimento técnico sobre especificação da madeira em escritórios de arquitetura

Renato Faria

13/Agosto/2015

Um levantamento feito pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea) e pela WWF Brasil revelou que 68% dos arquitetos não solicitam o documento obrigatório de origem florestal de madeira nativa especificada em seus projetos. O resultado do estudo "Especificação de madeira nos escritórios de arquitetura", feito com 28 empresas paulistas, foi apresentado na última quarta-feira (12/8) durante a Greenbuilding Brasil 2015, em São Paulo.

bikeriderlondon/Shutterstock.com

Com o levantamento, os organizadores procuram entender melhor o processo de especificação da madeira e a dificuldade dos projetistas em encontrar informações sobre a compra e a utilização do material nas obras. O trabalho deve orientar trabalhos das entidades na divulgação de informações técnicas para os especificadores da construção civil.

Especificação de materiais

De acordo com o estudo, 75% dos participantes afirmaram valer-se de consultoria para especificação de madeira estrutural. Mais da metade dos escritórios (56%) especifica o tratamento que a madeira estrutural deve receber, sendo o tratamento anticupim a especificação mais citada.

As espécies plantadas (eucalipto, sarrafos de pinho colados, pinus e teca) predominam nas especificações estruturais. As madeiras nativas foram pouco citadas, limitadas à itaúba, garapeira, cumaru e peroba.

O levantamento mostrou que 80% dos participantes não contratam consultoria para especificar madeiras para acabamento. Os 20% restantes se apoiam em dois consultores que foram lembrados. As mesmas proporções foram verificadas na especificação de esquadrias. Além disso, 67% especificam o fornecedor de madeira para acabamento. Mais de 60% dos arquitetos também especifica o tratamento dos acabamentos, com foco nos fungicidas, cupins e vernizes.

Outras conclusões

Mais da metade dos especificadores (57%) afirmam ter algum tipo de dificuldade para adotar a madeira em seus projetos, e apontam os custos do material, os procedimentos de manutenção e a durabilidade como principais pontos de resistência à especificação, especialmente por parte do cliente. Além disso, a madeira é um produto que não tem conformidade, o que dificulta a padronização das peças. O complexo processo de fornecimento também desencoraja seu uso nos projetos. Mais de 70% consideram que não têm todas as informações necessárias para especificar madeira ou ampliar o horizonte desse tipo de especificação.

O estudo chama a atenção para a alta porcentagem de especificadores que não exigem os documentos de origem da madeira nativa, que são obrigatórios para esse tipo de produto - ao contrário da madeira de floresta plantada. Ainda de acordo com os organizadores, todos os que afirmam exigir essa documentação citam o obrigatório Documento de Origem Florestal (DOF), emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e o opcional Certificado FSC. O estudo conclui que o uso da madeira é um assunto marginal na realidade dos especificadores, pois a grande maioria deles não conhece nenhuma iniciativa ou programa que trate dessa questão.

Especificação por desempenho

Segundo o engenheiro Hélio Olga, da Ita Construtora, empresa especializada em obras com sistemas construtivos de madeira, o desconhecimento da população pesa contra o uso mais amplo do material nos projetos. "A gente acha que o uso da madeira na construção civil é ambientalmente agressivo. Mas, na verdade, é o contrário, porque ela sequestra gás carbônico da atmosfera. Mas a origem e o manejo do produto devem ser adequados", afirma o engenheiro, que foi um dos palestrantes do evento.

O engenheiro defende a especificação das madeiras por desempenho. "Entendo que para o arquiteto a questão estética é importante, mas ao utilizar a madeira nativa é importante levar em consideração o desempenho", afirma Hélio Olga. "Ao utilizar madeira nativa, temos o péssimo hábito de especificar espécie e não desempenho. A bola da vez é cumaru, mas a floresta não é homogênea. Não adianta especificar só o que tem valor comercial. Uma espécie acaba valorizada, e o resto é desvalorizado. A exploração só faz sentido se você faz especificação integral", defende o engenheiro.

Na visão de Helio Olga, os produtores de madeira nativa legalizada e certificada não teriam capacidade para atender à demanda do mercado brasileiro de construção civil, que consome grandes volumes do material. "Para atender grandes volumes exigidos pela construção civil, é pouco viável utilizar madeira nativa, pois a capacidade de produção é limitada. A saída é utilizar madeira beneficiada de floresta plantada, de prefe

Fonte: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/planejamento-projetos/dois-em-cada-tres-arquitetos-nao-exigem-documento-obrigatorio-de-362271-1.aspx

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