Fachadas de alumínio exigem detalhamento preciso dos sistemas envolvidos e instalação correta do painel ACM

Produto é prático e rápido de ser instalado, mas requer detalhamento preciso dos sistemas envolvidos

Por Gisele Cichinelli

Edição 207 - Junho/2011

Sofia Mattos

Composto por duas lâminas de alumínio com núcleo de polietileno, o painel ACM, sigla que em inglês significa Aluminum Composite Material, reúne vantagens como leveza, plasticidade e rapidez de montagem. É indicado, principalmente, para fachadas, mas também pode ser empregado para revestir pilares, marquises, testeiras e totens. No entanto, o bom desempenho do material depende do detalhamento preciso dos sistemas envolvidos e, claro, da correta instalação.

"Uma das principais vantagens do sistema é permitir ao projetista trabalhar com grandes modulações", observa Luis Claudio Viesti, consultor técnico da Afeal (Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio). Luis Claudio lembra que as chapas de alumínio usadas para fabricação dos painéis são encontradas no mercado com as seguintes dimensões: 1.250 mm x 3.000 mm, 1.500 mm x 5.000 mm, e 1.500 mm x 3.000 mm até 1.250 mm x 5.000 mm. "As espessuras também variam, mas as mais usuais são as de 3,4 mm e 6 mm", completa.

Quanto mais fina for a espessura da chapa, pior será a qualidade do painel. "Há no mercado produtos com espessuras de 3 mm e até de 2,5 mm, o que é um absurdo. Quanto mais fino o produto, maiores são os riscos de deformações e de perdas durante a instalação e, além disso, menor será a capacidade de isolamento acústico", lembra o arquiteto e consultor de fachadas Paulo Duarte.

CORRETO DIMENSIONAMENTO

Os recuos dos painéis em relação à alvenaria exigem cuidados por parte do arquiteto, que deve prever as folgas necessárias e, além disso, dimensionar corretamente o vão onde o ACM será instalado. "Caso contrário, podem ocorrer problemas de alinhamento, de modulação e de interface entre revestimento e alvenaria, prejudicando a movimentação da fachada", ressalta o consultor da Afeal.

A estrutura auxiliar onde serão fixadas as bandejas (chapas beneficiadas) será dimensionada de acordo com os esforços a que estará submetida. Sua distância em relação ao painel será estabelecida de acordo com a necessidade da obra e com o projeto de fixação. No entanto, algumas medidas podem seguir padrões, como a distância entre a superfície de alvenaria e a face externa do painel de ACM, que costuma ser de 70 mm.

Com 25 mm, as abas que se estendem por todo o perímetro da bandeja são fixadas na estrutura auxiliar por meio de suportes de 5 mm a 10 mm, que podem possuir a forma de uma cantoneira.

FACHADAS VENTILADAS

Os painéis podem ser instalados com dois sistemas de juntas: abertas - configurando uma fachada ventilada - e fechadas, que devem ser seladas com silicone, gaxetas ou outros materiais capazes de acompanhar as dilatações das juntas e de se adaptar às mudanças de temperatura.

Um das principais vantagens conferidas pela primeira técnica é o conforto térmico proporcionado pelo ar que circula no vão formado entre painéis e o corpo da edificação. Neste caso, o calor que poderia ser transmitido pela cavidade formada entre o ACM e a alvenaria (ou qualquer outro tipo de fechamento) é dissipado pela convecção.

"Se este ar for renovado de modo eficiente e contínuo através de ventilação, o potencial de redução de consumo de energia também é significativo, podendo inclusive, por si só, viabilizar o sistema economicamente", explica o consultor de fachadas Jonas Silvestre Medeiros, da Inovatec Consultores Associados. Outra vantagem das fachadas ventiladas é a redução do efeito das dilatações térmicas, o que evita trincas e futuras infiltrações.

A ausência de selantes de vedação também facilita a manutenção, reduz custos de instalação e facilita a troca dos painéis. Além disso, com o sistema de juntas abertas, a estrutura de fixação fica mais leve, diminuindo a sobrecarga nas estruturas de apoio. "Isso porque as juntas, quando solidarizadas com os painéis, formam uma fachada única que transmite os esforços em toda área de fechamento", lembra Luis Claudio.

Neste tipo de fachada é fundamental prever a impermeabilização da alvenaria, já que o ar e a água penetram no espaço entre o revestimento e a parede. "O tipo de impermeabilização a ser utilizado depende da quantidade de água que entra. Em geral a quantidade é muito pequena e exige-se apenas uma membrana polimérica ou asfáltica", ressalta Jonas.

O ACM para a execução de fachadas ventiladas ainda é pouco utilizado no Brasil e, em alguns casos, questionado por especialistas. Medeiros, por exemplo, lembra que, em projetos com demanda de redução de consumo de energia, há outros materiais que apresentam melhores resultados em relação à eficiência térmica e ventilação.

JUNTAS FECHADAS

As juntas entre painéis também podem ser vedadas com a aplicação de silicone ou a colocação de gaxetas. O primeiro exige limpeza periódica, já que mancha rapidamente quando exposto a ambientes mais poluídos. Simples de serem instaladas, as gaxetas devem ser flexíveis e de boa qualidade para evitar problemas de deterioração. Para que a gaxeta seja fixada na posição correta, o ideal é que o instalador use um gabarito.

A execução de juntas muito "rasas" em relação à superfície da bandeja deve ser evitada em fachadas com juntas fechadas. "O projeto deve prever uma linha de sombra, tanto no silicone quanto na gaxeta, a fim de evitar que o pó, que pode grudar facilmente nesses materiais, fique muito aparente, dificultando a manutenção e prejudicando a estética da fachada", explica o consultor.

Além do escurecimento das juntas devido à ação do tempo, o uso de silicone de má qualidade, à base de óleo, por exemplo, também deve ser evitado. "Já existem no mercado os silicones de cura acética e neutra e os anti-sagging, que não escorrem", lembra Jonas.

PÁGINAS :: 1 | 2 | Próxima >>

Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/207/edificios-de-metal-219643-1.aspx

0 comentários:

 
IAB Tocantins Copyright © 2009 Blogger Template Designed by Bie Blogger Template
Edited by Allan