Aposentadoria planejada

POR JULIANA NAKAMURA

Edição 260 - Novembro/2015

Ilustração: Daniel Beneventi

O trabalho de arquitetura é tão apaixonante e estimulante que para a maior parte dos profissionais a simples ideia de aposentar-se soa como um castigo, em vez de ser uma conquista após anos de trabalhos prestados. Mas independentemente da vontade de deixar a atividade, o fato é que as pessoas envelhecem e, com o passar do tempo, pode ser necessário reduzir a carga de trabalho ou mesmo encerrar a carreira.

Uma pesquisa realizada em 2014 pela Serasa Experian e pelo Ibope Inteligência descobriu que 47% dos brasileiros com idade entre 45 e 54 anos não planejam a aposentadoria. "A maioria associa esse período a perdas de poder, financeiras, de relacionamentos sociais. Mas este pensamento pode ser revertido quando os profissionais se preparam para essa etapa da vida", afirma o coach e especialista em gerenciamento de carreiras, José Floro Sinatura Barros. O assunto torna-se ainda mais pertinente porque a expectativa de vida dos brasileiros é crescente.

OBJETIVOS DEFINIDOS
Se o objetivo é ter um futuro tranquilo e qualidade de vida, dispor de uma reserva financeira é essencial. "O primeiro passo é tomar a decisão de não gastar tudo no presente e ter a consciência de manter uma poupança para o futuro", diz Davison Pereira, consultor do Vida Investe, programa de educação financeira e previdenciária da Funcesp.

O planejamento deve tomar como base a parcela da renda atual que o profissional pode poupar, os anos que faltam para o momento da aposentadoria e o valor necessário para a manutenção do seu padrão de vida. A recomendação de analistas financeiros é de que o profissional se programe para receber ao menos 70% da renda atual. "Em uma profissão em que a remuneração quase sempre é variável, retirar um valor fixo mensalmente para poupar pode ser um grande desafio", comenta a arquiteta Valquíria Shirai, que atua em São Paulo.

QUANDO COMEÇAR
Teoricamente, o ideal é estabelecer uma estratégia de acumulação logo no início da vida profissional. Isso porque quanto maior for o período de investimento, maior será a poupança formada e menor será o esforço mensal para construir o patrimônio desejado. Mas, na prática, os profissionais só vão dar mais atenção à necessidade de poupar quando chegam aos 40. "Em países desenvolvidos, os profissionais começam muito cedo a se preparar para a aposentadoria, enquanto no Brasil evitamos pensar no assunto ao máximo", lamenta Floro. "O maior erro que uma pessoa pode cometer na hora de planejar sua aposentadoria é justamente deixar esse assunto para depois", reforça Davison.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
Outro equívoco é contar somente com a Previdência Social para aposentar-se, em função da baixa renda gerada. Para manter um padrão de vida confortável, é fundamental completar a remuneração com investimentos ou planos mantidos por entidades de previdência abertas ou fechadas. As entidades abertas são destinadas ao público geral e oferecem os planos de previdência privados. As fechadas, chamadas de fundos de pensão, são vinculadas a uma empresa patrocinadora, costumam ter taxas de administração mais baixas e têm a contribuição descontada mensalmente do salário do trabalhador.

O arquiteto Júnior Piacesi contribui para o INSS e investe em dois planos de previdência privados. "O INSS garante uma aposentadoria por problemas de saúde, mas tem um teto máximo de pagamento que não é suficiente. As contribuições em previdência privada são justamente para garantir um rendimento melhor no futuro", revela o arquiteto, que tem escritório em Belo Horizonte.

Entre elas, a previdência imobiliária costuma despertar a atenção dos arquitetos. Nessa modalidade, o profissional, geralmente em associação com outras empresas, projeta e constrói um empreendimento visando a ficar com uma parte dele para locação. Pode ser um apartamento ou uma sala comercial, por exemplo.

O arquiteto Jeancarlo Versetti, diretor de comunicação e marketing da Asbea-PR, aderiu a esse tipo de investimento. Ele conta que começou a se preocupar em formar uma reserva financeira recentemente, quando se viu perto de completar 40 anos. "Achei que seria um bom investimento porque estou aplicando em algo que conheço e em projetos nos quais acredito", conta o arquiteto, que administra escritório em Curitiba. Segundo ele, o plano é ter, com o passar do tempo, uma quantidade de imóveis que renda aluguéis o bastante para sustentar sua aposentadoria. "Outra vantagem é que, além de gerar renda, esses bens poderão ficar de herança para minha família."

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Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/260/aposentadoria-planejada-365822-1.aspx

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