Evitando conflito entre sócios

POR JULIANA NAKAMURA
Edição 257 - Agosto/2015



Manter uma sociedade harmoniosa e de sucesso por um longo período requer dos profissionais envolvidos sintonia, respeito e compatibilidade de visões sobre os rumos a serem seguidos pela empresa. Em escritórios de arquitetura, frequentemente comandados por mais de um profissional, controlar os egos e superar inevitáveis conflitos são desafios constantes. As divergências, quando bem administradas, são alavancas importantes para o desenvolvimento de novas ideias e práticas. Em contrapartida, quando mal conduzidas, causam insatisfação, falta de foco estratégico e um ambiente de trabalho incômodo, com comando falho e grupos divididos.
CARTAS NA MESA
A diferença de opiniões costuma ser o principal motivo de discórdia entre sócios e fica mais crítica com o passar do tempo, a partir de determinado patamar de crescimento da empresa. É situação comum um dos sócios ter o perfil mais arrojado e querer investir todo o lucro na operação, enquanto o outro, com postura mais conservadora, preferir retirar dividendos da empresa a qualquer custo.
Quando esses desalinhamentos aparecem, a solução é ter uma conversa franca para que cada um possa expor suas ideias. "Ajuda muito quando encaramos a situação de forma mais aberta, com mais dúvidas do que verdades. Vale deixar bem claro o seu ponto de vista, mas sem enxergar nele uma verdade absoluta", analisa o arquiteto João Gabriel Rosa, sócio do Estúdio 41, administrado por quatro sócios. Ele garante que quando um bom nível de argumentação é mantido, os conflitos podem render boas soluções. "No nosso escritório, onde a participação nas decisões de projeto não se restringe apenas aos sócios, enxergamos nos embates uma oportunidade de aprofundar a discussão até onde todos estejam seguros e convictos da qualidade do que se propõe", conta.
GESTÃO DEMOCRÁTICA
Conflitos também são comuns quando falta clareza na organização dos processos internos e nas atribuições de cada sócio. Para evitá-los, vale observar as aptidões e características emocionais de cada um. "Falhas na definição de papéis leva a confrontos desnecessários, que não contribuem em nada para o sucesso do escritório", diz o arquiteto Fernando Carmona Poles, sócio do F:Poles. Ele conta que, em seu caso, sentar com os parceiros logo no início da sociedade para combinar as tarefas e o papel de cada um ajudou a evitar desavenças. Desde então, várias mudanças foram promovidas no organograma do escritório, mas sem transtornos. "Prezamos por regras transparentes e, quando há dúvidas, realizamos novas reuniões para que todos possam se expressar", revela Fernando.
Definir as atribuições de forma clara é necessário também para evitar que a equipe receba orientações conflitantes vindas de suas lideranças. Para os casos em que há muito questionamento sobre o quanto cada um está se dedicando à empresa, uma solução é recorrer a ferramentas de gestão. Estipular metas e índices para cada associado e para as tarefas ou setores sob sua responsabilidade tende a garantir maior transparência na avaliação de desempenho.
EQUILÍBRIO ENTRE SÓCIOS"Desde o início da sociedade, é necessário que os parceiros entendam a participação acionária como um investimento, e que não há nenhum problema em ser investidor minoritário", recomenda o arquiteto e consultor em gestão Ricardo Trevisan. Segundo ele, distribuições societárias de 60/40% ou de 70/30% costumam funcionar muito bem, e podem ser até melhores do que a distribuição 50/50%. "Sobretudo nos casos de partilhas igualitárias, se os papéis não estiverem bem definidos, corre-se o risco de transformar a empresa em um cachorro com muitos donos", explica o consultor.
Os gestores precisam ficar atentos aos casos em que o sócio que toca a operação da empresa com mais intensidade não tenha participação relevante no negócio. Com o passar do tempo, esse tipo de distorção pode desmotivar o profissional, comprometendo seu desempenho e impactando os resultados da empresa. Permitir a compra de participação na sociedade aos funcionários e aos próprios sócios pode ser uma saída interessante em busca de maior equilíbrio e justiça. Isso porque cria a chance de pessoas importantes para o desempenho do negócio conquistarem uma participação societária mais relevante.

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Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/257/evitando-conflito-entre-socios-360117-1.aspx

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