Como lidar com a equipe de obra

Por Giovanny Gerolla

Edição 217 - Abril/2012

Um projeto bem detalhado e planejamento são fundamentais para minimizar erros de execução. Mas nem só destes itens depende o bom andamento de uma obra. Apesar de se cercarem de todos os cuidados, os arquitetos costumam se queixar da convivência difícil com os operários. Tarefas mal executadas, desperdício de material, atrasos, falta de comprometimento ou até mesmo abandono são problemas recorrentes no universo do arquiteto.

Para a arquiteta e professora do Mackenzie Ana Maria Fasanella, grande parte das questões podem ser evitadas com uma boa comunicação. "Já estou acostumada em desenhar in loco para resolver desvios de medidas, principalmente nas reformas", afirma. "Lidar com dificuldades de entrada e de saída de materiais que geram problemas com o pessoal da execução, ou mesmo a gestão do entulho em edifícios, além da necessidade de se expressar de forma clara: tudo faz de nosso trabalho uma constante busca pela organização", defende Ana Maria.

FALE A MESMA LÍNGUA
A arquiteta Crisa Santos acredita que falar a língua de quem pega no batente faz a obra andar melhor. "Decidi fazer cursos noturnos do Senai - pedreiro, eletricista, pintor, assentador de revestimentos cerâmicos -, para entender melhor quem são essas pessoas, e estar apta a exigir deles a qualidade dos serviços. Queria saber como era uma fiação, ou como se fechava uma parede", conta a arquiteta.

Além dos cursos, Crisa estagiou no departamento de obras dos Correios para vivenciar a obra na prática. "Sentia necessidade de ir ao canteiro. Lá vi que o trabalho do arquiteto não é só desenhar e fazer orçamento. Há os custos efetivos, e o trato com o pessoal", diz Crisa.

PRESENÇA NO CANTEIRO
Arquiteto e filho de construtor, Fernando Tuma Calábria crê que a presença constante do projetista no canteiro é tão essencial quanto o respeito e a boa comunicação entre o arquiteto e sua equipe, já que a proximidade, por intensificar a comunicação, melhora o resultado do acompanhamento e fiscalização da obra.

A assiduidade no canteiro varia de profissional para profissional, mas parece haver um consenso de que, quanto mais a construção avança para a conclusão, mais importante se torna a presença do arquiteto. Isso porque, nas fases finais, há um volume maior de tarefas realizadas simultaneamente. "Se é fundação, vou uma vez por semana; se paredes são levantadas, vou de duas a três vezes; e se está no acabamento, passo três ou quatro vezes na semana", afirma Crisa.

LIDAR COM ERROS
Para Tiago Andrade, arquiteto e coordenador de obras do escritório Spadoni AA, as tarefas mal executadas devem ser separadas em duas categorias: as de ordem técnica e as de ordem estética. "As primeiras devem ser refeitas de imediato, pois impactam sobre a estabilidade, vida útil e bom funcionamento do edifício", diz Tiago.

Se o defeito é de ordem estética, torna-se necessário avaliar o real impacto do serviço mal executado sobre a obra acabada, contrapondo ao tempo e ao dinheiro que serão gastos com o retrabalho. "Refazer significa atrasar uma cadeia de atividades programadas. Se a decisão for pelo retrabalho, que se oriente a equipe em não incorrer no mesmo erro, com cuidado para não deixar o cronograma comprometido", pondera o arquiteto.

A designer de interiores Vivian Nascimbeni acredita que qualquer serviço mal executado deve ser refeito. "Se o retrabalho gera atrasos que não podem ser absorvidos pelo cronograma, o jeito é recorrer a horas-extras e ao incremento do número de profissionais envolvidos, sempre que possível", diz. Se por outro lado a equipe abandonar a obra, a correria será pela sua substituição imediata.

MONTE SUA EQUIPE
Muitos arquitetos preferem buscar a fidelização de uma equipe própria para garantir o melhor andamento da obra. "Para quem está começando, é importante construir seu próprio estilo de gerenciamento de obra, formar uma equipe em que confie e estar atento às inovações tecnológicas", afirma Vivian. Crisa, que está expandindo seu escritório, acredita que ter uma equipe mais ou menos fixa é fundamental para o andamento da sua empresa. "As pessoas que estão comigo já formam minha equipe há oito anos, e fazem parte do pacote que o cliente compra ao contratar meus serviços. É uma forma de garantir que meu trabalho manterá o nível de qualidade que foi apresentado ao cliente."

Para a obra ir bem
Antes de iniciar a obra, faça uma reunião com todos os operários para que eles se conheçam, compreendam seu papel na construção e respeitem o cronograma
Garanta que a equipe compreenda com clareza o que está no papel. Os detalhes técnicos podem ser elucidados pro croquis feitos na própria obra
O arquiteto não precisa fazer a compra dos insumos especificados, mas a checagem do material entregue pode evitar conflitos
Estreite a comunicação com sua equipe visitando a obra com frequência
Fale a mesma língua de sua equipe: cursos técnicos e vivência em canteiros de obra ajudam a compreender o passo a passo da construção

Fonte: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/217/como-lidar-com-a-equipe-de-obra-255587-1.aspx

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