Seriam os computadores ruins para a arquitetura?

O método paramétrico funciona bem se o problema é bem entendido -, mas nos estágios iniciais de um projeto, muitas vezes você compreende o que está resolvendo enquanto você o resolve. Imagem Cortesia de Daniel Gillen                               O método paramétrico funciona bem se o problema é bem entendido -, mas nos estágios iniciais de um projeto, muitas vezes você compreende o que está resolvendo enquanto você o resolve. Imagem Cortesia de Daniel Gillen

Em seus artigos para o ArchSmarter, Michael Kilkelly frequentemente elogia o valor dos computadores e da automação, um ponto de vista por vezes controverso que divide opiniões. Em particular, seu post anterior publicado no ArchDaily, "5 razões para arquitetos aprenderem programação" gerou uma discussão significativa. Mas qual é o valor dessa automação? Neste post, publicado originalmente em ArchSmarter, ele expande sua visão sobre em quais aspectos os computadores podem ser úteis - e o mais importante, em quais eles podem não ser.
Eu escrevo muito sobre a tecnologia digital e automação aqui no ArchSmarter, mas lá no fundo, tenho uma fraqueza por todas as coisas analógicas. Ainda construo modelos físicos. Carrego um caderno Moleskine comigo em todos os lugares e também comprei recentemente um toca-discos Crosley .
Posso ouvir qualquer tipo de música que quiser através do Spotify. O mundo da música está literalmente na ponta dos meus dedos. Não mudou o que eu escuto, mas mudou a forma como eu ouço música. Há mais atrito envolvido nos vinis. Tenho que possuir o LP e tenho que colocá-lo manualmente na plataforma giratória. É um ato deliberado que exige muito mais esforço do que simplesmente selecionar uma lista de reprodução no Spotify. E é muito mais divertido.
Guarde esta imagem junto com tuas outras favoritas!


Essa divisão entre o físico e o digital esteve muito presente em mim enquanto eu lia o novo livro de Nicholas Carr, The Glass Cage: Automation and Us. A premissa de Carr é que, quanto mais a tecnologia digital nos oferece, em termos de eficiência e conveniência, mais ela nos tira. O uso crescente da automação está nos distanciando da nossa característica humana essencial; a ligação entre as nossas mãos e nossas mentes. Como Carr afirma: "a automação enfraquece o vínculo entre a ferramenta e usuário não porque os sistemas controlados por computador são complexos, mas porque eles pedem muito pouco de nós."
Guarde esta imagem junto com tuas outras favoritas!
via ithinkthat.net                                                      via ithinkthat.net

Então, seriam computadores ruins para a arquitetura? Carr dedica todo um capítulo do livro para esta pergunta. Não há dúvida de que os computadores tornaram-se essenciais para a prática da arquitetura. Os softwares BIM e CAD têm tornado as empresas mais eficientes e aceleraram o processo de construção. Eu não acho que ninguém quer voltar para os dias da elaboração manual e das máquinas de amônia.
No entanto, o que acontece quando damos mais controle do processo de projeto para o computador? Como Carr afirma: "... a própria velocidade e exatidão da máquina pode encurtar o processo confuso e trabalhoso de exploração que dá origem aos projetos mais inspiradores e significativos." É possível ajustar os parâmetros em um modelo 3D e fornecer o mesmo tipo de diálogo com um projeto do que desenhar ou construir um modelo? Carr faz referência ao estudioso britânico Nigel Cruz que afirma que "desenhar permite a exploração do problema espacial e da solução para assim caminharem juntos". Pensar simultaneamente no problema e na solução está intrinsecamente ligado ao meio que você está usando.
Comparando o desenho manual com o desenho no computador e com um modelo paramétrico, este último só funciona quando o problema é bem compreendido. A relação entre a forma e os parâmetros aumenta em complexidade a medida em que o modelo se desenvolve. A reconstrução de um modelo para explicar as relações recém-descobertas leva tempo. Nos estágios iniciais do projeto, no entanto, o problema que você está resolvendo é muitas vezes de formado solto e nem sempre compreendido. Você entende o que você está tentando resolver, enquanto você o está resolvendo. Como tal, você precisa interagir rapidamente. Você precisa trabalhar de forma abstrata. A precisão que o computador fornece nem sempre é favorável para este tipo de trabalho.
Levando isto em conta, é interessante ver a primeira incursão da Google no espaço AEC com Flux. A google quer levar o modelo paramétrico para ainda mais longe e criar um o projeto a partir da equação. Flux é a tentativa da Google em melhorar a eficiência do setor da construção e reduzir a lacuna entre a oferta e a demanda projetada para a nova construção nos próximos 40 anos. Em essência, o Flux visa agregar dados de múltiplas fontes para fornecer uma abordagem baseada em restrições do projeto. Com o primeiro produto da Flux, Metro, você pode facilmente visualizar o zoneamento em uma interface amigável com o desenvolvedor. Suas ambições são muito maiores, no entanto. Eles planejam encapsular o projeto de um edifício em uma "semente" algorítmica que possa responder às condições locais e ajustar-se automaticamente de acordo com o meio. O mesmo projeto pode ser replicado milhares de vezes. Você pode ler mais sobre o que significa Flux e a indústria AEC nestes grandes artigos de Randy Duetsch e Josh Lobel.

Guarde esta imagem junto com tuas outras favoritas!
Google Flux em ação. Imagem Cortesia de Flux                          Google Flux em ação. Imagem Cortesia de Flux

Eu sou a favor de incorporar mais dados no processo de projeto. No entanto, até que ponto a máquina e os dados podem assumir o ato projetual? Quando o processo é otimizado, quem realmente ganha? Obtemos melhores edifícios e melhores cidades quando um algoritmo determina a forma mais eficiente? Como Carr adverte no seu livro, o perigo é que os designers e arquitetos "...seguirão o caminho de menor esforço, mesmo com um pouco de resistência, que pode trazer à tona o melhor de si ".
Assim como o meu novo toca-discos trouxe mais esforço no modo como eu ouço música, eu acredito em manter esse esforço no processo de projeto. Ele cria um tempo de reflexão e pensamento. Dito isso, eu sou um forte defensor da automação quando se remove o trabalho tedioso e de baixo valor no nosso dia-a-dia. Não há nada a ganhar renumerando pastas em um arquivo Revit, por exemplo. O trabalho criativo, a parte boa, deverá permanecer dentro da competência do profissional.
Projetar é uma atividade fundamental que não pode ser reduzida a um algoritmo, ou pelo menos (à la Google Flux), não deveria. É uma tarefa muito importante para ser destinada às máquinas. Como Carr afirma no seu livro, "quando a automação nos afasta de nosso trabalho, quando fica entre nós e o mundo, ela apaga a arte de nossas vidas". Penso que todos nós poderíamos nos beneficiar com um pouco mais de arte.



Fonte:Kilkelly, Michael. "Seriam os computadores ruins para a arquitetura?" [Are Computers Bad for Architecture?] 17 Apr 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Camilla Sbeghen) Acessado 17 Abr 2015. http://www.archdaily.com.br/br/765339/seriam-os-computadores-ruins-para-a-arquitetura

0 comentários:

 
IAB Tocantins Copyright © 2009 Blogger Template Designed by Bie Blogger Template
Edited by Allan