Menção Honrosa no Concurso Nacional Parque do Mirante de Piracicaba / Apiacás Arquitetos

Cortesia de Apiacás Arquitetos        Cortesia de Apiacás Arquitetos

menção honrosa

Competição: Concurso Nacional Parque do Mirante de Piracicaba
Premio: Menção Honrosa
Projeto:
Autores: Anderson Fabiano Freitas, Pedro Amando de Barros e Acacia Furuya, Francesco Perrotta-Bosch, Raul Isidoro Pereira, Ana Julia Chiozza, Ana Melendez Alvarez, Amanda Domingues, Bárbara Francelin, Camila Ocejo Damenge, Daniela Andrade, Francisco Veloso, Gabriela de Moura Campos, Glauco Pregnolatto Mendes, Karen Balsevicius Evangelisti, Lorran Siqueira, Renato Kannebley, Rodrigo Mendoza Diaz e Vitor Costa, Piracicaba-SP

Apresentamos a seguir a proposta premiada com Menção Honrosa no Concurso Nacional Parque do Mirante de Piracicaba, concebida pelo escritório Apiacás Arquitetos. O júri ressaltou no projeto o encontro do parque com o tecido urbano, uma relação que sugere transformações espaciais e programáticas.

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Dos arquitetos: O caudaloso rio Piracicaba demanda esforço para que se estabeleça uma relação com ele. Grande força tem suas águas correndo sobre e por entre as pedras que dão forma a seu leito. O rio deu origem a muitas histórias e lendas, foi berço da cultura caipira, gérmen de uma identidade regional e palco fundamental na constituição do povo brasileiro ribeirinho: local de miscigenações entre índios, negros e colonizadores. Em 1884, em visita a Piracicaba, a princesa Isabel escolheu um trecho daquelas margens fluviais como seu lugar favorito na região. Tal área faz parte do Parque do Mirante, cuja vocação é fundamentalmente o estabelecimento de uma relação entre cidade e rio. Atualmente, esse vínculo tem caráter de fruição ambiental e visual – mesmo sofrendo com a subutilização – e a nossa proposta busca fazer dessa uma relação tátil e infraestrutural com a inserção de novos programas.

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Devido ao formato linear da área destinada ao Parque do Mirante, o projeto estrategicamente parte de uma lógica de faixas (camadas) flexíveis e não hierárquicas, que fazem a transição entre o urbano e o natural de modo a desconstruir o que o senso comum estabelece como antagonismo entre cultura e natureza. Esta área, a qual atualmente configura uma fronteira de difícil transposição, tem grande potencial para se tornar uma costura urbano-paisagística.

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Em nossa visita à área constatamos uma difícil questão sobre até onde iria a nossa intervenção, pois após conversas e reflexões concluímos que o real patrimônio daquele sitio estava representado pelas condições naturais, entre a topografia, a vegetação e o rio. Entendemos que de construído existente irão permanecer somente a ruina do engenho, o pórtico de entrada e o painel artístico desenvolvido pela artista plástica Clemência Pizzigatti. Com isso justificamos nossa proposta com quatro ações:

1. A restituição máxima da possibilidade de uso do solo permeável.
2. A proposição de estabelecer uma nova relação com a água do rio Piracicaba através do alargamento da superfície do canal existente.
3. A introdução de novas áreas planas respeitando a lógica do percurso existente, construídas soltas do chão com a intenção de restituição da biodiversidade.
4. A introdução de novos programas e atividades (comércio, educação e cultura) considerando a condição da preexistência (ruínas e antigas construções).

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A rua que dá forma às extremidades do Parque é transformada de modo a atentar que ali será a linha de início do novo equipamento público e ambiental. Para tanto, optou-se por ampliar a calçada existente a fim de valorizar a escala do pedestre, criando também uma ligação com o passeio existente em frente ao Engenho Central. Com estrutura leve, em deck de madeira e solta no terreno, o projeto desta ampla calçada visa respeitar a  biodiversidade local e evitar o movimento de terra. Adapta-se à topografia atual e evita-se a remoção da vegetação existente: as copas das árvores presentes aflorarão em meio ao plano peatonal de madeira.

Sob este deck estarão organizados linearmente módulos comerciais que se constituem como agentes fundamentas na parceria público privada, capaz de viabilizar a execução do parque. Estes módulos poderão ser desenvolvidos em equipamentos fixos ou móveis, abrigando atividades como lojas, pequenos restaurantes, cafés e banheiros públicos que irão funcionar em vários períodos do dia com o intuito de atrair moradores e visitantes, gerando um espaço movimentado e seguro. No momento em que esta modulação se deparar com a vegetação existente, um módulo vazio se abrirá para o parque, conformando pequenos espaços de estar.

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Esta área comercial conta com um pé-direito de 4 metros e sua ligação com o deck – ou extensão da calçada – será realizada por generosas escadas e arquibancadas implantadas estrategicamente nos eixos das ruas perpendiculares de acesso ao parque. Além de exercerem a função de transição estas arquibancadas poderão conformar espaços de estar e sua lógica estrutural também respeitará a topografia existente, marcada apenas por alguns pontos de apoio.

Uma faixa transitável com piso de saibro é prevista para atender esse espaço comercial. Constituirá em uma rua de serviço e será permitida apenas a circulação de carros para abastecimento da área comercial, ambulâncias, carros para a manutenção do próprio parque e o acesso para pessoas com necessidades especiais ou idosas. Paralelamente a esta via haverá uma ciclo faixa e em suas extremidades estão previstos bolsões de estacionamento

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No mesmo nível conta-se com uma faixa verde, marcando um trecho de verdadeira transição entre dinâmicas urbanas e naturais. Retira-se a brutal camada de asfalto que impermeabiliza o solo, e restitui-se uma faixa com vegetação rasteira, sem grandes intervenções arquitetônicas e sem pré-determinações de uso. Uma área para que o cidadão tenha liberdade em suas ações. Por meio de um contato direto com a terra no chão, resgatar o senso comunitário que Lina Bo Bardi estabeleceu nas vielas do Sesc Pompéia e no vão livre do Masp, onde disse que “gostaria que lá fosse o povo, ver exposições ao ar livre e discutir, escutar música, ver fitas. Até crianças, ir brincar no sol da manhã e da tarde.” ´[1]

O canal central que nasceu de uma função técnica de movimentar as turbinas do moinho do Engenho Central passa por um processo de transformação: considerado como parte da infraestrutura da cidade ele se torna fruição. A água que passa pelo canal é proveniente do rio e a intenção do projeto é de prever também a captação de água pluvial da cidade. No início do canal será implantada uma estação de tratamento para trazê-lo limpo ao uso recreativo. No final do seu percurso surgirá um alargamento, já nas piscinas da comporta existente, onde  parte da água seguirá para o moinho e parte retornará tratada para o rio, pela cachoeira véu da noiva. Este alargamento contemplará a vegetação existente, conformando também um local de estar. Todo esse processo será relacionado com o programa do já existente “Museu da Água”, localizado na margem oposta do rio, para que sua ação vá além do campo expositivo de imagens e história, mas também participativo da população.

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A largura do canal será aumentada, marcando uma nova intervenção e respeitando o seu desenho original. Esta diferenciação se dará pelos diferentes níveis, em que o novo nível será mais raso. Nas transposições previstas, seguindo os eixos de circulação principais, será instalado um piso de gradil com o intuito de interferência mínima, capaz de proteger e revelar o limite do antigo canal do engenho.  A intenção é criar um local de encontro, para que as pessoas possam disfrutar da água, sob a sombra das árvores, provando assim que é possível vivenciar na cidade a experiência da natureza.

Para estender a cota deste passeio é criada uma passarela elevada, sob a topografia natural, com uma estrutura leve e solta do chão, que permeia a vegetação existente. O respeito à vegetação é resultado da intenção de acentuar o sentimento de pertencimento da população a este verdadeiro patrimônio local. Esta passarela conta com um percurso principal e alargamentos que configuram locais de estar e remetem a memória dos mirantes originais que havia ali, agora em uma cota mais elevada.

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Seguindo o eixo linear do parque, sob as passarelas, é instalado o Aquário a fim de informar e estabelecer um contato entre as espécies de peixes existentes no ecossistema do rio de Piracicaba e os visitantes. Os aquários serão fixos em estruturas metálicas apoiadas nos pilares de concreto principais das passarelas e estarão elevados a 1,50 metros do chão, permitindo uma visão total de seus tanques. Este programa é complementar a escola ambiental (ESALQ) e o memorial do rio Piracicaba.

A distribuição dos programas ao longo do eixo do parque conta com dois acessos principais. Na extremidade noroeste será instalado um novo equipamento: escola do meio ambiente (ESALQ), que contará com aulas práticas de conscientização da preservação da biodiversidade local, e a administração. Este equipamento será edificado sobre a área das antigas construções ali existentes e terá também como finalidade construir uma estação de tratamento da água (ETA), que será aberta à visitação pública, além de marcar o acesso de caráter público.

Na extremidade sudoeste é proposto o Memorial do rio Piracicaba, aproveitando as ruínas do antigo túnel pertencente ao Engenho central. Este túnel foi criado inicialmente para a ventilação e filtragem dos gases provenientes da produção de cana. O programa proposto contará com a exposição da história de formação da cidade de Piracicaba e sua relação com o rio de Piracicaba.

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Cortes. Image Cortesia de Apiacás Arquitetos     Cortes. Image Cortesia de Apiacás Arquitetos

O projeto em sua totalidade prevê a conexão entre as orlas do rio Piracicaba e seus programas se relacionam com os principais pontos localizados em suas proximidades: considerando o Engenho Central como um dos principais polos atrativos da região e incorporando algumas de suas infraestruturas (canal e ruinas); o Museu da Água, que visa à conscientização da preservação do rio e da biodiversidade local e apresenta potencial expansão de suas atividades; e o SESC Piracicaba, como o edifício que supre as necessidades de programas esportivos e de lazer da região.

O Parque do Mirante compreende o processo construtivo do local, levando em consideração a dinamicidade das relações existentes no espaço urbano e natural. O projeto não busca um fim determinado, como solução pontual, mas estará em constante mutação, refletindo os processos e trocas que ocorreram e que irão ocorrer ao longo dos anos. As soluções apresentadas poderão ser executadas em etapas, sem criar a restrição de acesso ao Parque.

[1] BO BARDI, Lina. Museu de Arte de São Paulo. In: FERRAZ, Marcelo (Org.). Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina e P.M. Bardi, 2008. p.102.

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Cortes. Image Cortesia de Apiacás Arquitetos
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Esquema. Image Cortesia de Apiacás Arquitetos
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Prancha 1. Image Cortesia de Apiacás Arquitetos
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Prancha 2. Image Cortesia de Apiacás Arquitetos
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Fonte:Romullo Baratto. "Menção Honrosa no Concurso Nacional Parque do Mirante de Piracicaba / Apiacás Arquitetos" 07 Jan 2015. ArchDaily Brasil. Acessado 8 Jan 2015.  http://www.archdaily.com.br/br/759952/mencao-honrosa-no-concurso-nacional-parque-do-mirante-de-piracicaba-apiacas-arquitetos

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